Quarta-feira, 28 de Fevereiro de 2007

Série BITT - 2

Diogo Infante, actor.

(foto de João Silveira Ramos)

Buraco tapado por Citadina às 22:23
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Segunda-feira, 26 de Fevereiro de 2007

Times are a changin'

Em noite de Óscares da Academia, veio-me à memória esta fotografia que tirei em Hollywood Boulevard em Fevereiro de 2005.
 
 
Por essa mesma altura, George W. Bush tinha conseguido a sua reeleição para Presidente dos EUA, mais especificamente, no fim do ano de 2004.
Em resposta aos movimentos cívicos contra as políticas da Administração Bush que se multiplicavam em Hollywood, alguém (uma "organização de cidadãos") decide, provavelmente com o patrocínio da Casa Branca e/ou do Governo Estadual da Califórnia,  fazer esta "pequena provocação", que em minha opinião diz tudo sobre a prepotência, a arrogância e a mentalidade fascista de Bush.
Expondo desta forma nomes (e caras) que lutaram contra a sua reeleição, como Michael Moore, Whoopi Goldberg, Barbra Streisand, Sean Penn, entre outros, a questão política é transformada numa guerra pessoal e é transmitida uma mensagem que pretende ser intimidante: Still President. Thank you Hollywood."
Isto é de tão mau gosto que francamente só me lembra rituais medievais de caça às bruxas, de fogueiras em praça pública, de humilhação do inimigo no seu território. O princípio é o mesmo, a mentalidade é a mesma, os métodos é que são um bocadinho mais sofisticados. Mas já não se usa. A não ser por gente como Bush.
 
Dois anos depois, na 79ª edição dos Academy Awards, filmes e documentários como "Babel" e "Uma Verdade Inconveniente" estão distinguidos com nomeações e Ellen DeGeneres, cicerone da Cerimónia de Entrega das estatuetas douradas, faz constantes referências, logo na sua primeira intervenção, em tom irónico, mas não menos acutilante, às questões de descriminação de raça, credo e orientação sexual, assim como à questão das eleições viciadas, referindo-se especificamente à derrota de Al Gore na corrida à Casa Branca aquando da primeira "eleição" de George W. Bush. E porquê? Porque estas referências estão em todo o lado. São incontornáveis. Estão nos filmes, na Academia, nas ruas, nas mentes dos americanos. Cada vez mais, e mais fortes.

Parece que o obscurantismo patente em propagandas como aquela do cartaz já não podem vingar, e se começa a vislumbrar um novo ciclo. "The Times They Are A Changin '".


Buraco tapado por Citadina às 14:17
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Sexta-feira, 23 de Fevereiro de 2007

Série BITT - 1

Marta Plantier, cantora.

Buraco tapado por Citadina às 10:48
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Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2007

Não insistam

Por mais actual que seja o tema, eu não vou escrever aqui nenhum post sobre o concurso da RTP1 "Os Grandes Portugueses".
E nem é pela óbvia cretinice do formato e non-sense do outcome, não. Aliás, eu confesso desde já que até estive tentada, durante cerca de meio segundo, a votar no top ten, mas depois mudei de ideias porque eles foram, cada um à sua maneira, todos grandes, inclusive Salazar, que foi um grande filho da puta, portanto, achei um bocado injusto estar assim a destacar um só em detrimento dos outros.
Mas em compensação, disponho-me já aqui e agora a lançar e gerir online o concurso BITT (melhor combinação de Beleza, Inteligência e Talento entre gente Tuga), mas neste concurso só vale votar em gente viva senão lá se desvirtua a qualidade "B" logo à partida.
Além disso, apesar de poderem votar em quem quiserem (vivo), essa pessoa - não, o tigre bebé do Jardim Zoológico não vale - tem de ser portuguesa e assim que se atingir o top ten, o concurso pára e ganham os dez.
O período de votação é... até eu dizer que acabou (mas depois, se pedirem muito, até posso considerar uma série 2, e até 3 ou 4, mas nunca em tão grande número como as dos "Morangos com Açucar".
O prémio é... ah, espera aí... ora aí está uma subtileza do concurso da RTP1 que eu ainda não tinha valorizado: é um concurso sem prémio para o vencedor, não é? Pois, faz sentido, uma vez que o galardoado provavelmente se iria, digamos, baldar à cerimónia de entrega. E não ficava bem.
Só espero que a abstenção nesta votação não seja tão grande como no último referendo, até porque essa votação não envolvia gajas(os) nu(a)s e esta pode ter!!!
Mas só se também forem espertos(as).

Buraco tapado por Citadina às 10:31
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Segunda-feira, 19 de Fevereiro de 2007

Espectacular!!!

A melhor de sempre! Esta edição especial de Carnaval foi simplesmente fantástica!!! Começa de facto a ser uma instituição incontornável no panorama LGBT lisboeta e mesmo português! Palmas para a organização! Continuem a melhorar, como têm feito até aqui. Sim, porque ainda (e sempre!) se pode melhorar!

De que é que eu estou a falar? Da Lesboa Party III, pois claro!!

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Buraco tapado por Citadina às 18:17
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Sexta-feira, 16 de Fevereiro de 2007

Uma questão de perspectiva #2

O jornal gratuito Metro anuncia na sua edição de hoje, referindo-se à Lesboa Party de amanhã, que o "Instituto Superior de Agronomia recebe festa gay friendly" (se não é exactamente isto, o essencial está aqui).

De facto, é óbvio (também) por aí que as mentalidades ainda não estão preparadas para assimilar a seguinte realidade: isto não é tudo vosso! A Lesboa Party não é "gay friendly"; é uma festa LGBT (lésbica, gay, bissexual e transgender) que é hetero friendly. Entenderam a "subtil" diferença? Então agora vão lá e divirtam-se.

Buraco tapado por Citadina às 10:22
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Quarta-feira, 14 de Fevereiro de 2007

O dia dos namorados

Eu não devo ser uma pessoa nada romântica. É a única explicação para ouvir falar em Dia dos Namorados e só me vir à cabeça isto: mais uma operação de marketing barato, mais uma forma de se comercializar as emoções apelando ao pseudo-romantismo parolo.
 
Esta corrida desenfreada aos restaurantes românticos, às suites no Meridien, e às lojas de pechisbeque, fingindo na maior parte dos casos que este dia é mais especial que os outros porque..., porque..., porque sim, porque tem que ser, independentemente da porra do período que tinha que vir logo agora, da enxaqueca que nos transfigura o rosto e da discussão prepotente com que o chefe nos humilhou hoje, esta corridinha histérica, dizia eu, de facto, não faz assim muito sentido.
Impor uma data para se ser romântico é... imbecil, desculpem-me.
As minhas "datas românticas" não são de certeza iguais às vossas, e vice-versa.
Ou seja: no dia 14 de Fevereiro, "all they want is your money!"
O romantismo é um impulso, é uma coisa que não se consegue evitar ser num determinado momento em que as emoções estão ao rubro, ou então é... calculado, forçado. E, nestas circunstâncias, um paradoxo.
 
Mas enfim, isto sou eu. Para aqueles que apesar de tudo conseguem dirigir uma especial excitação a esta data, então vá, longe de mim desanimar-vos: hoje é dia de estar bem-disposto(a), de ter a libido exacerbada, a carteira recheada para gastar em merdinhas e uma performance sexual à prova de frustração. Boa sorte.
Buraco tapado por Citadina às 10:01
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Segunda-feira, 12 de Fevereiro de 2007

SIM

Portugal é hoje um país melhor e é hoje que quero lembrar quem (também) contribuiu para tal, numa época de verdadeiro obscurantismo, agitando corajosamente as águas.

Mais uma vez muito obrigada, pelo meu país, pelas mulheres portuguesas, pela liberdade de escolha.

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Buraco tapado por Citadina às 11:28
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A democracia tem destas coisas

Eu sei que há muita gente que não gosta de ouvir isto, mas o PCP (mais uma vez) é que tinha razão. Uma matéria legislativa resolve-se na Assembleia da República. É para isso que ela serve: é o órgão legislativo. Os eleitores portugueses devolvem agora ao Parlamento uma tarefa que sempre foi dele: legislar.

Com isto não quero dizer que o resultado do Referendo de hoje (aliás, de ontem, que já passa da meia-noite) não é importante. Pelo contrário, é vital (literalmente!).

O que eu quero dizer é que se podiam ter poupado mais de oito anos de aborto clandestino, porque em 1998 foi aprovado na Assembleia da República um projecto de lei para despenalizar a IVG. Acontece que nessa altura o Sr. Eng. Guterres e o Sr. Prof. Marcelo Rebelo de Sousa acharam que não tinham de aceitar uma decisão válida e legítima de um órgão soberano para a tomar, e "cozinharam" o primeiro referendo.

Com isto, foram cúmplices na morte de um número indeterminado de mulheres ao longo dos últimos 9 anos, vítimas do aborto clandestino. Onde está a "questão de consciência" agora?

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Buraco tapado por Citadina às 00:43
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Domingo, 11 de Fevereiro de 2007

Assim o Governo o queira

"O Sistema Nacional de Saúde está no limite das suas capacidades de intervenção. Poderá aumentar essas capacidades assim o Governo o queira."

Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, na RTP1 , às 21:10h.

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Buraco tapado por Citadina às 22:12
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21:05h

José Sócrates também já falou.

Defende o período de reflexão sem dizer que este não deve pôr em causa o prazo legal.

Não se refere de forma nenhuma ao que poderá ser o "estabelecimento de saúde legalmente autorizado", não se refere ao Sistema Nacional de Saúde.

Isto significa que a luta não acaba aqui.

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Buraco tapado por Citadina às 21:23
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20:50h

O representante máximo do maior partido na oposição acabou de afirmar que mesmo não tendo sida obtida pelo SIM uma vitória juridicamente vinculativa, a lei deve mudar.

E isto é o mais importante. É por isto que os movimentos pelo SIM se bateram e é isto que nos distinguirá da Idade das Trevas. No entanto, antecipo (grandes?) dificuldades na regulamentação da nova lei na Assembleia da República. Gostaria muito de estar enganada em relação a isto, mas... O tempo o dirá.

É que há ainda por aí os fundamentalistas como o Dr. Gentil Martins, que tudo farão para não cumprir a lei, não olhando a meios para atingir os fins, utilizando argumentos como a não prioritização dos casos de IVG (por definição condicionados pelo tempo) remetendo-os para o fim das listas de espera - ouvi-o mesmo agora dizer isto na TV - ou utilizando posições de poder para impor a objecção de consciência. Num mundo perfeito isto não seria possível, mas nós não vivemos num mundo perfeito.

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Buraco tapado por Citadina às 21:16
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20:40h

Faltam menos de 500 freguesias para apurar e o SIM sobe sem parar, mais contra o NÃO que contra a abstenção. No entanto, dado o elevado nível desta, continuo a não conseguir evitar sentir que esta vitória sabe a pouco...

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Buraco tapado por Citadina às 20:45
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20:01h

Alegria contida. Não consigo partilhar a comemoração esfusiante dos movimentos dos SIM, pelo menos no imediato. Não me sai. A projecção sobre a abstenção ao nível dos sessenta e muitos por cento e a consequente não vinculação do resultado não me deixa nada confortável. Tal nível de abstenção, a confirmar-se, é péssimo, desculpem.

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Buraco tapado por Citadina às 20:15
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Sexta-feira, 9 de Fevereiro de 2007

Amigos para sempre

(post dedicado à minha cunhada R., com um nó na garganta...)

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Buraco tapado por Citadina às 15:35
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Não sou só eu que sei porque não fico em casa

No Domingo não vou ficar em casa. No Domingo vou votar SIM no referendo da despenalização da IVG. E não sou só eu: no Domingo, ele, elas, ele, ela, eles, ela, ele, elas, ele e muitos mais (enfim, a lista é enorme, felizmente!) vão votar SIM para que a mulher deixe de ser destratada, desconsiderada, desrespeitada, violada e descriminada pela lei expresa no Código Penal Português, artigo 140, que diz: "A mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiros, ou que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar, é punida com pena de prisão até 3 anos."

Pela mulher portuguesa, para mudar esta lei indecente, no Domingo não fiques em casa.

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Buraco tapado por Citadina às 10:49
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Quinta-feira, 8 de Fevereiro de 2007

Corolário do dia

Se não gostas que te mintam, não faças certas perguntas.

Buraco tapado por Citadina às 09:48
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Terça-feira, 6 de Fevereiro de 2007

Os do "nim"

Em desespero de causa, os do não, temendo a eminente derrota no referendo do próximo Domingo, vendo goradas as manobras de diversão destinadas a desviar a atenção dos eleitores daquilo que de facto está em discussão, adoptaram uma nova postura: são pelo "nim".

Não querem descriminalizar a interrupção voluntária da gravidez, mas por outro lado afirmam que não fazem questão que a lei seja aplicada. Eu nem comento esta posição disparatada. Restrinjo-me apenas ao essencial:

Se o sim ganhar, a lei actual, que criminaliza a mulher que aborta por opção com uma pena que pode ir até três anos de prisão, TEM de mudar.

Uma vitória do não PROÍBE, IMPEDE, a alteração da lei actual. Quer isto dizer que as mulheres que abortarem são para todos os efeitos criminosas; o aborto continua assim a ser clandestino; continua a ser feito (disso não tenham a mínima dúvida!!) sem condições mínimas de segurança, e por isso, a ser uma causa de morte e mutilação de muitas mulheres que não têm escolha nem apoio.

Não importa que os do "nim" digam o contrário, ou seja, que se o não ganhar se pode mudar a lei na mesma. NÃO É verdade. Não pode. Se o não ganhar, isso significa o mesmo que significou no passado referendo: nada muda. Até porque seria impossível, em democracia agir contráriamente à expressão de uma maioria. Se isso pudesse acontecer nunca mais um referendo teria legitimidade e seria levado a sério neste país.

O sim é, não pelo "aborto livre", como os do não e do "nim" fazem veicular, mas SIM pela "despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado".

Ou seja, sou eu que não sei ler, ou o "livre" não é livre, dadas as condições e limitações bem explícitas no texto da pergunta?! Ou esta tentativa de manipulação é tão patética que se dirige apenas aos iletrados?

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Buraco tapado por Citadina às 02:06
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Sexta-feira, 2 de Fevereiro de 2007

Série "Coitadinhos!" - 2

... dos portugueses! São eles próprios que o apregoam, que se lamentam em frente às câmaras de televisão, nas estações de rádio, em qualquer lado que tenha provável audiência.
Da lágrima quase imperceptível não fosse a tremedeira na voz, passando pelo chorinho de cabeça baixa, até ao uivo lancinante acompanhado por coreografia trágico-demente, temos tudo, todos os dias, na rua, nos transportes públicos, nas empresas, e até nas nossas casas.
É um vício. Mais que um vício, é uma atracção irresistível pelo lamento e pela autocomiseração. E realmente, não há como negar: os portugueses são vítimas. Mas vítimas uns dos outros.
Há o pequeno empresário que é vítima da crise. No entanto, não tem a mínima noção de qualidade de produto ou serviço, e portanto põe uma gaja mal-educada (mas barata) a atender os telefones lá do estaminé, que se não afugenta logo ali os potenciais clientes, conta então com a preciosa ajuda do “comercial” que combina ir a casa das pessoas fazer um orçamento e depois se esquece completamente de aparecer, deixando o ex-futuro-cliente plantado e furioso. Em resumo: o pequeno empresário nem sabe bem de que(m) é vítima.
Há o grande empresário que é vítima do sistema, do Governo (quando está na oposição) e da oposição (quando está com o Governo), da fraca produtividade dos trabalhadores, dos salários “demasiado altos” que tem de pagar, além dos “custos” com a segurança social e demais “regalias”.
Há o executivo, ou gestor público (consoante o ciclo político). Ás vezes é gestor público, outras vezes é alto executivo (quando a coisa corre muito mal, pode também vir a ser Presidente de Câmara ou, ainda mais desprestigiante, de um clube de futebol). É ele que negoceia contratos com cláusulas de rescisão que lhe dão direito a indemnizações equivalentes a 20 anos de “trabalho efectivamente prestado à empresa” se esta lhe quiser dar um chuto no traseiro após seis meses de contratação. Queixa-se de lhe chamarem injustamente corrupto e aldrabão.
Há o trabalhador por conta de outrem, que é vítima de tudo e mais alguma coisa, e que por isso passa anos a fazer sucessivas greves de zelo e a afundar-se na frustração da sua triste vida. Lixar de alguma forma o patrão, nem que seja a chegar constantemente dez minutos atrasado e sair constantemente um minuto mais cedo dá-lhe um gozo indizível. Queixa-se de não conseguir fazê-lo mais vezes.
Há o empresário em nome individual que assobia para o lado quando se fala de evasão fiscal, mas que chora, chora para mamar nas contribuições dos outros.
Há o grande capital, a banca, que se queixa porque não quer pagar impostos senão vai perder “competitividade”!!! (sim, é preciso ter lata, e no entanto...).
Há os doentes, os aleijados, os cegos, os surdos, os mudos, os reformados com pensão mínima e os desempregados que se queixam porque senão então é que vão mesmo desta para pior.
Há os políticos, que nos ensinam todos os dias mais uma lição sobre a nobre arte do queixume. Queixam-se uns dos outros, uns pelos outros e deles próprios.
Há os drogados, os alcoólicos, os pedintes, os sem-abrigo e demais excluídos do sistema que até são os que se queixam menos, ou porque já se cansaram ou porque não há ninguém que os ouça.
Há o intelectual que, se pensa, mais tarde ou mais cedo também pensa matar-se, é óbvio, perante tanta pobreza cultural, tanto deserto de boas ideias, de pensamento construtivo, de soluções criativas, que ele próprio acaba por não conseguir providenciar.
Há os ricos, que se queixam de depressão, de lhes ter corrido mal a cirurgia estética, de terem sido traumatizados na infância porque no colégio particular lhe chamavam “badocha” e/ou “caixa-de-óculos”, de o psicólogo não os compreender, de a vaca da secretária só ter feito merda com as reservas das férias nas Caraíbas, e mais recentemente, também se queixam de serem perseguidos pelo fisco.
Há os padres e os acólitos, que se queixam da horda de assassinas em potência que grassam pelos seus rebanhos, criaturas essas que tentam a todo o custo salvar do juízo final, que é, segundo eles, muitíssimo pior que passar até três anos numa prisa portuguesa.
E há todos os outros que não se encaixam em nenhuma destas categorias (ou se encaixam em mais do que uma) que também se queixam, a torto e a direito, sobre tudo e sobre nada, com razão e sem razão, de dia ou de noite, de Inverno ou de Verão.
Estes somos nós: os portugueses.
E atenção: isto não é uma crítica. É apenas uma constatação. Numa sociedade votada ao mediavalismo, à pobreza generalizada e ao analfabetismo durante quase 50 anos pelas políticas concertadas de Salazar e da Igreja Católica, amordaçada por medidas altamente repressivas e com a resignação inculcada pela religião cristã do "dá a outra face", governada pela corja de políticos demagógicos e desonestos que sempre tivemos (consultar por exemplo obras de Eça de Queiróz e outros contemporâneos, para referências ao passado) é muito difícil não se sentir vítima das consequências inerentes à nossa nacionalidade, até porque se o é, realmente.
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Buraco tapado por Citadina às 10:59
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