Participei em 1998/99 num consórcio que ganhou o projecto do TACIS da UE do programa INNOGATE "Estudos de viabilidade de pipelines de petróleo e gás através do Mar Cáspio". Das minhas funções fazia parte a recolha de todos os dados relativos aos pipelines de exportação de petróleo e gás existentes e projectados nas regiões do Transcáucaso, Cáspio e Ásia Central, bem como a de engenheira de ligação com todas as companhias de petróleo e gás a operar naquelas regiões e com as instituições privadas e governamentais envolvidas.
Examinámos todos os projectos existentes e projectados para aquelas regiões e muitos outros de regiões conexas, bem como os estudos de viabilidade respectivos. Alguns dos que na altura estavam apenas em projecto estão já hoje construídos e a funcionar, outros quase concluídos e ainda outros permanecem apenas no papel.
Uma coisa é certa: as rotas do petróleo e gás são rotas de guerra e conflitos. O meu objectivo é, pois, explicar em alguns posts a principal razão de ser desta guerra na Geórgia, precisamente através dos pipelines que existem na zona do Cáucaso e noutras regiões vizinhas.
Neste primeiro post falarei de alguns dos mais importantes pipelines, nomeadamente dos que atravessam a Geórgia e que fazem parte de linhas mais vastas de exportação de petróleo e gás.
Fonte: Wikipédia
Pipeline Baku-Tbilissi-Cehyan (BTC)
O pipeline Baku-Tbilissi-Cehyan, também conhecido como BTC (a verde na imagem), é um pipeline de petróleo que vai do campo petrolífero Azeri-Chirag-Guneshli no Azerbeijão, perto de Baku, capital do Azerbeijão, até ao Mar Mediterrâneo. Dos 1.768 Kms que tem de extenção, 443 Km estão no Azerbeijão, 249 Km estão na Geórgia e 1.076 Km na Turquia. Liga Baku, Tbilissi, capital da Geórgia, e Cehyan, um porto na costa sudeste da Turquia, daí o seu nome. É o segundo maior pipeline do mundo depois do pipeline russo Druzhba. O primeiro petróleo que foi bombado no extremo de Baku em 10 de Maio de 2005, atingiu Cehyan em 28 de Maio de 2006.
Paralelamente a este pipeline BTC, correm o South Caucasus Gas Pipeline desde o Sangachal terminal no Azerbeijão até Erzurum na Turquia. Entre Sariz e Cehyan, o Samsun-Cehyan pipeline será instalado ao longo do mesmo corredor.
South Caucasus Pipeline (Baku-Tbilissi-Erzurum)
O pipeline South Caucasus (a castanho na imagem), também conhecido por Baku-Tbilisi-Erzurum Pipeline, PTE pipeline or Shah-Deniz Pipeline, é um pipeline de gás natural destinado a transportar gás natural desde o campo de gás Shah Deniz no sector Azeri do Mar Cáspio até Erzurum na Turquia.
O principal objectivo deste pipeline é o de fornecer a Turquia e a Geórgia. Como um país de trânsito, a Geórgia tem o direito a ficar com 5% do volume anual de gás que circule no pipeline como tarifa e pode ainda comprar mais uns 0,5 bilhões de metros cúbicos de gás por ano a um preço de desconto. Numa perspectiva de longo prazo, o South Caucasus Pipeline fornecerá a Europa com o gás natural do Cáspio através dos pipelines Nabucco, Turquia-Grécia e Grécia-Itália.
Nabucco pipeline (planeado)
O pipeline Nabucco é um pipeline de gás natural planeado que fará o transporte de gás natural da Turquia à Áustria, através da Bulgária, Roménia e Hungria (em castanho a tracejado na imagem). Estender-se-á desde Erzurum na Turquia até Baumgarten an der March, um enorme centro gasífero da Áustria.
Este pipeline é uma alternativa aos métodos actuais de importação de gás natural sómente através da Rússia, que tornam a Europa dependente e insegura relativamente às práticas da Rússia. O projecto é apoiado pela União Europeia e pelos Estados Unidos. O Projecto Nabucco está incluído no programa da Rede Trans-Europeia de Energia da EU e já foi efectuado um estudo de viabilidade para o pipeline Nabucco através de uma doação da EU.
Samsun Ceyhan Pipeline (planeado)
O Samsun Ceyhan Pipeline, também conhecido por SCP ou Trans-Anatolian Pipeline Pipeline, é um pipeline de petróleo planeado entre o terminal do Mar Negro em Samsun e o terminal de petróleo no Mediterrâneo em Cehyam na Turquia. O objectivo deste projecto é providenciar uma rota alternativa ao petróleo russo e kazaque e aliviar o peso do tráfico no estreito de Bósforo e Dardanelos.
Terá um comprimento de 555 Km e uma capacidade de 1,5 milhões de barris por dia com uma capacidade inicial de 1 milhão de barris por dia. A começar em Sariz, o pipeline seguirá o corredor do pipeline Baku-Tbilissi-Cehyan.
Trans-Caspian Gas Pipeline (planeado)
O Trans-Caspian Gas Pipeline é um pipeline submarino entre Turkmenbatsy no Turquemenistão e Baku no Azerbeijão. Existem algumas propostas no sentido de incluir também uma ligação ao campo petrolífero de Tengiz no Kazaquistão e Turkmenbatsy. Em Baku será ligado ao South Caucasus Pipeline (Baku-Tbilisi-Erzurum pipeline) e através deste ligar-se-á ao planeado Nabucco Pipeline (Turquia-Bulgária-Roménia-Hungria-Áustria pipeline).
O propósito deste projecto do Trans-Caspian Gas Pipeline é o de transportar o gás natural do Kazaquistão e Turquemenistão para a Europa Central, circunvalando quer a Rússia, quer o Irão. No entanto todos os ambientalistas e a própria Rússia são de opinião que qualquer pipeline de petrólero ou gás que possa passar pelo fundo do Mar Cáspio é ambientalmente inaceitável.
Western Route Export Pipeline (WREP)
O Baku-Supsa Pipeline, também conhecido como Western Route Export Pipeline e Western Early Oil Pipeline, tem 830 Km de comprimento e estende-se desde o terminal Sangachal perto de Baku, de onde transporta o petróleo do campo petrolífero de Azeri-Chirag-Guneshli, e o terminal de Supsa na Geórgia. É operado pela BP (British Petroleum).
Baku-Novorossiysk Pipeline
O Baku-Novorossiysk Pipeline, também conhecido como Northern Route Export Pipeline e Northern Early Oil Pipeline é um pipeline com 830 Km de extensão, que se estende do terminal Sangachal perto de Baku até ao terminal de Novorossiysk na costa do Mar Negro da Rússia. É operado no Azerbeijão pela State Oil Company of Azerbaijan Republic (SOCAR) e na Rússia pela Transneft.
Em maior detalhe poderão ver abaixo os troços do BTC e do Baku-Supsa (WREP) pipelines que atravessam a Geórgia. Neste mapa vê-se bem a localização da Abecásia e da Ossétia do Sul e das suas capitais, respectivamente Sokhumi e Tskhinvali.
Fonte: Wikipédia
Apesar de a Geórgia não produzir petróleo, este país é um país chave no trânsito das exportações de petróleo e gás do Azerbeijão para os mercados do Oeste. A Europa é assim um dos principais clientes do petróleo que é bombado através dos pipelines do sul do Cáucaso numa aposta feita para diversificar a sua dependência do fornecimento russo.
Há analistas que pensam que este conflito foi orquestrado pela Rússia de forma a interromper o fornecimento através do BTC e a encaminhar as exportações de petróleo do Azerbeijão através dos pipelines russos, forçando a Europa a uma maior dependência dos fornecimentos deste país.
A região do Cáucaso é também um importante corredor de ligação dos riquíssimos países petrolíferos da Ásia Central à Europa.
O aumento de instabilidade nesta região pode contribuir para um recuo do projecto Nabucco, o pipeline de gás projectado para trazer o gás do Cáspio e da Ásia Central para a Europa e garantir assim a sua segurança de fornecimento.
A guerra na Geórgia pode vir a confirmar as dúvidas existentes sobre o facto de a Geórgia ser um país fidedigno como país de trânsito de petróleo e gás, o que se pode vir a traduzir não só em relutância política relativamente a projectos de óleo e gás internacionais destinados a fazer o by-pass da Rússia, tais como o projecto Nabucco e o pipeline Odessa-Brody, mas também numa diminuição da confiança dos investidores e, eventualmente, num aumento dos preços do petróleo.
Por outro lado, no que diz respeito aos EUA, a Geórgia é um elemento chave no “corredor de energia do sul” que estes apoiam desde os anos 90, e que liga a região do Mar Cáspio e Ásia Central aos mercados mundiais fazendo o by-pass da Rússia e conduzindo ao isolamento do Irão.
Segundo alguns analistas, este conflito na Geórgia expôs a fragilidade dos pipelines do Transcáucaso e poderá obrigar o Oeste, se perder a Geórgia, a superar a sua relutância em virar-se, como alternativa, para as rotas de exportação do Irão.
A outra alternativa ao Irão, para o Oeste, seria a de fazer saír o petróleo e gás do Cáucaso e da Ásia Central através dos pipelines russos ou chineses.
Esta guerra pode interromper o fornecimento de cerca de 1.6 milhões de equivalentes de barris de petróleo por dia da região do Mar Cáspio aos mercados mundiais.
Eis o verdadeiro móbil da guerra.
O blog foi levemente "refrescado", porque estava muito cinzentão e, principalmente, porque eu não tinha mais nada que fazer.
A lista de links foi (finalmente!) actualizada: entraram (por ordem alfabética) o Cheiro a Pólvora, Comer Bem Até aos 100... (na categoria Gourmet), Lilás com Gengibre, Mais Cidade Que Sexo, Maria Papoila, Some Poppie Seeds e Vida Breve.
Saiu o Linha.De.Conta por ter passado a ser um blog aberto apenas a leitores convidados.
Não prometo que amanhã mesmo não mude isto tudo*.
* Por obséquio queira referir-se ao sub-título do blog. Está lá tudo.
ADENDA: Afinal o Linha.De.Conta continua acessível a qualquer leitor (e não só aos convidados, como eu tinha dito acima) embora a Marta Rebelo, sua autora, tenha anunciado aqui e aqui que "se despede dele".
O Linha.De.Conta passa, assim, para a categoria de Vias Desactivadas na coluna aqui ao lado, em vez de desaparecer por completo da lista de links.
Jack London escreveu em 1915 um conto de ficção científica chamado "A Peste Escarlate".
A acção decorre em 2072 e reporta-se a uma epidemia apocalíptica que toma lugar em 2013. Um velho sobrevivente relata os factos aos seus netos, que vivem na floresta, em estado selvagem:
"Achei-me só em casa, uma casa muito grande. Esperava o regresso de meu irmão quando retiniu o telefone. Naquela época [2013], como já disse, as pessoas podiam comunicar entre si à distância por meio de fios que se esticavam pelo ar ou debaixo do chão, ou mesmo sem fios".
in A Peste Escarlate, Jack London, 1915
Tradução de Maria Franco e Cabral do Nascimento, Edições Quasi
Nesse dia acordei às duas da tarde, quando a minha mãe chegou a casa do trabalho. Estava de férias e tinha dezasseis anos. Ela disse-me o que tinha acontecido. Fiquei ali especada, de pijama, a tentar absorver a notícia. Tinha passado esse ano escolar de 87/88 a apaixonar-me por Lisboa, a explorá-la. Lisboa foi a primeira cidade que identifiquei como minha porque ninguém ma impôs como tal, eu é que a quis. Não a herdei, ela não é a cidade dos meus pais. Não nasci cá, mas passei aqui a maior parte da minha vida. Ninguém me levou pela mão a conhecê-la. Fui eu que fiz isso sozinha, quando tinha quinze anos e saí de uma escola dos subúrbios para frequentar o Liceu Pedro Nunes.
Naquele dia de Agosto de 1988, ao ver pela televisão a Baixa ardida, mirrada, destruída, experimentei, chocada, uma nova noção de perda, a perda de identidade cultural.
Os Jogos Olímpicos de Pequim terminaram hoje, com a melhor prestação portuguesa de sempre, o que parece impossível depois do histerismo reinante nos media e nas declarações inflamadas, recheadas de caprichos, de avanços e recuos nas intenções de demissão, ou não recandidatura, ou coisa que o valha, do Presidente, ou comandante-em-chefe ou lá o que é do Comité Olímpico de Portugal e outros.
Por mim, viva o Marco Fortes, cambada de sisudos! O que é que o homem fez, afinal?! Não foi convencionalzinho, o malandro? Pois quem nunca proferiu uma gafe cabeluda que atire o primeiro peso!
De qualquer forma, não tem a mínima importância, a memória é curta, curta, também já ninguém se lembra daqueles que há uns anos não sabiam quantos Cantos têm os Lusíadas nem dos do PIB-é-só-fazer-as-contas, se calhar já nem daquela localidade chamada Alcochete-Jamé, portanto daqui a dois meses também já ninguém se lembra da caminha de manhã, que, diga-se de passagem é muito menos grave e embaraçosa do que as supra-citadas.
Parabéns ao Nélson e à Vanessa, pelas medalhas, e à Naide Gomes e ao Gustavo Lima, pela falta delas. Eles sabem muito bem que essa falta não lhes retira mérito pessoal nenhum.
Parabéns ainda a todos os outros pela participação. Convém não esquecer que participar não é para qualquer um, não é para vocês nem para mim, que até nos saíam os pulmões pela boca se corrêssemos 10 Kms e morríamos de certeza a meio do triatlo.
É preciso ser muito bom e trabalhar muito, ter vontade férrea e dedicação extrema para lá estar e por isso vocês são a minha selecção.
Faz hoje 23 anos que tu nasceste, meu amor. Lutámos tanto para nos ter! E conseguimos!
Quando te ouvi chorar ao nascer e depois te vi, lembro-me de olhar para ti incrédula, tão linda e perfeitinha, e de pensar na sorte que tinha por seres minha.
Lembro-me também de andar por todo o lado a cantarolar irresistivelmente a canção do Caetano Veloso
Gosto muito de te ver leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você leãozinho
Para desentristecer leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho
Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol, pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu
Gosto de te ver ao sol leãozinho
De ter ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Gosto de ficar ao sol leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar numa
Foste muito tempo a minha única companheirinha, absorvente, possessiva, o meu brinquedinho, fonte de enormes alegrias e surpresas e também de terror quando adoecias.
És a minha amiguinha incondicional, confidente, conselheira sensata. És a minha filhinha, a minha Leoazinha, tão forte e tão frágil ao mesmo tempo, tão corajosa e determinada.
Adoro-te! Muitos parabéns por teres nascido!
(imagem roubada aqui)
Os bares dos amigos são, à partida, melhores que os outros nem que seja só porque lá toda a gente sabe o nosso nome, como ilustrava aquela velhinha série televisiva.
A Cátia e a Rita não são nossas amigas íntimas. Mas a Cátia e a Rita (e a Mónica e o Lino) recebem-nos no seu bar com um sorriso aberto e um contentamento genuíno e, sim, tratam-nos pelo nosso nome. E sendo assim, porque não falar em amizade?!
Estes quatro cavaleiros de noites apocalípticas embarcaram na aventura de (man)ter um bar no Bairro Alto que não seja só mais um investimento comercial, e que seja, em vez disso, um compromisso pessoal e um projecto de vida. Especulo, claro, em relação às suas apostas e aspirações, mas arrisco fazê-lo por sentir que não ando muito longe da verdade.
Mas fingindo que não os conheço mesmo e que me são indiferentes o calor e o sorriso com que nos recebem, e aplicando toda a objectividade na crítica, assumo que o entusiasmo me invadiu assim que entrei e me apercebi que é permitido fumar no interior. E nem se nota, vos garanto, graças a um eficiente sistema de extracção de fumos.
A ampla porta aberta ajuda, claro, mas, mais do que isso, ela é a metáfora perfeita da noção de que se é bem-vindo e do acolhimento como estandarte de um espaço de convívio.
A decoração é bem conseguida: de um lado, dois grandes nichos rectangulares, harmoniosamente iluminados rasgam a parede branca com linhas elegantes e alojam os fluídos engarrafados que aguçam o apetite da nossa ebriedade.
Do outro, uma combinação de espaços estilizados: um canto molemente sentado para maior recato, uma parede feérica de pele vermelha, a saída discreta para os lavabos.
Ao fundo, uma pequena pista de dança termina numa parede padronizada com figuras heráldicas. Ao meio, no lugar de honra, estende-se o balcão e as cadeiras altas e tudo isto é coroado pelos arcos de pedra da casa original, que foram mantidos.
Dentro do Salto Alto, a principal sensação com que se fica é de que é fácil a circulação e prazeirosa a permanência. O alto pé-direito consubstancia uma atmosfera respirável e uma impressão de amplitude num espaço que, bem vistas as coisas, não é propriamente enorme. Um paradoxo feliz, portanto.
A música é excelente! O critério na escolha não é de sofisticação nem vanguardismo e, felizmente, também não é dado a new waves nem budhas! Creio que é simplemente um critério de familiaridade, de identificação pessoal, de saudosismo talvez, mas o resultado musical é entusiasmante como, de resto, convém a qualquer bar.
E então, vemo-nos por lá um dia destes?
Salto Alto - Rua da Rosa, 159 - Bairro Alto - Lisboa
Hoje finalmente ia pronunciar-me sobre o assunto, a prestação dos atletas portugueses, os comentários que têm feito à imprensa e as críticas de que têm sido alvo.
Mas não vale a pena: o que há a dizer está aqui, aqui e aqui.
Eu subscrevo de uma ponta à outra.
Eu contribuo com esta, da minha autoria, em honra da plataforma Sapo (clique na imagem para aumentar):
Hoje o despertador voltou a tocar àquela hora fatídica que me estremece e violenta grande parte do ano e me impele para o alto e para fora.
No entanto, esta manhã já estava à espera do nervoso ruído, com os sentidos alerta para a mudança, e não foi com surpresa nem sobressalto que ouvi troar o som da desarmonia.
Talvez pela ausência do imprevisto e pela novidade que isso trouxe, fiz todo o caminho para o trabalho mergulhada num transe sonhador, na esperança que mais coisas diferentes me acontecessem: que a entrada do Metro tivesse fugido da praceta, por exemplo, ou, na carência desse excepcional, que as carruagens se deslocassem de pernas para o ar na abóbada do túnel, atribuindo um novo sentido às pegas de halterofilista que assim passariam a ser "foot-straps" das pranchas de windsurf de várias comitivas olímpicas com destino a Pequim através do Combóio Expresso Especial do Centro da Terra.
Mas não. A viagem decorreu sem pinos e a boca do Metro no destino continuava a exalar o habitual bafo ventoso e sujo, e ao cimo da rua os homens da segurança do Primeiro Ministro mantinham a sentinela engravatada e os mesmos rostos duros de sempre (só o polícia é que muda).
Fui beber uma garrafa de leite com chocolate antes de subir ao posto e não é que aumentou dez cêntimos?! Uma porra, vos digo, só compensada pelo novo portátil que tinha à espera na minha secretária sem sequer ter tido que o mendigar.
Em suma: voltei e a minha rotina ainda cá está.
O cérebro faz parte do corpo e persiste em não ser ostracizado nesta quadra de descanso. Se, por vezes, ainda se entrevê uma luzinha de alarme sinalizando um resquício de culpa por me passarem tão ao lado a guerra na Geórgia, o tiroteio do BES, o que se passa com nossos (e os outros) nos Jogos Olímpicos de Pequim e tudo o mais que acontece fora deste canto esquecido (e sem televisão) onde me vim meter, a verdade é que me fundi na massa autóctone que, há muito abandonada, também abandonou o mundo e, assim, a única coisa que não me passa ao lado agora é a hora do mosquito.
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