Sexta-feira, 12 de Outubro de 2007

(In)fidelidade

Em conversa com uma amiga, surgiu a seguinte questão, que é aliás recorrente nos dias de hoje: Será o ser humano infiel por natureza?

Será a fidelidade uma construção criada pelas sociedades para garantir que a propriedade privada passe de membros de uma mesma família para outros dessa mesma família? Ou terá sido imposta por razões religiosas? "Não cobiçarás a mulher do outro"?

Ou terá antes a ver com o desejo de posse e sentido de propriedade? De controlo do outro? O medo da solidão? A insegurança?

Será que estamos a contrariar um impulso perfeitamente natural através de mecanismos de culpabilização e falsos critérios éticos e morais?

You tell me.


Buraco tapado por Cosmopolita às 16:19
Link do post | Tapa também
16 comentários:
De Cosmopolita a 16 de Outubro de 2007

Minha cara, continuo a achar que somos todos potencialmente infiéis mesmo que apenas a nível do pensamento.

Concordo com a Nnanna e com o Celtic quando dizem que existem relações em que a palavra infidelidade sai do dicionário. Masmo que, provavelmente, elas não durem para sempre.

Concordo contigo e com o Celtic, tanto que o refiro no meu comentário ao que a Inha disse, que tem tudo a ver com o ser-se mais ou menos feliz de uma maneira ou de outra.

Durante muitos anos e até ter visto o "Closer", nunca me tinha interrogado a sério sobre a questão de, havendo amor numa relação, esta poder acabar. Aquela frase "Why isn't love enough?", deixou-me varada! Até porque fiquei muito marcada por uma colectânea de contos de escritores portugueses que li aos 11 anos e que se chamava "Amar é sofrer".

Depois percebi que o amor não era, por si só, suficiente para uma relação se manter, que tinha também de nos fazer felizes, pois é esse o seu fim último e o mais importante.

Isto é verdade para todos os amores, sejam eles de casal ou não. As relações são como plantas que precisam de ser regadas, senão secam e morrem, deixam de fazer sentido, tornam-se fontes de sofrimento, de angústia, de infelicidade.

As de casal, em especial, precisam de ser cultivadas, porque se convive de forma muito mais íntima. Tem de haver um pouco mais de tudo: amor, amizade, bem estar sexual (é fundamental), respeito, admiração, ternura, compreensão, capacidade de cedência, de construção de projectos comuns, solidariedade, empenho, entrega, cerimónia. Tem de haver algum romantismo de vez em quando e é fundamental haver liberdade e confiança para que as pessoas não se sintam presas, não se façam cenas degradantes e não se anulem enquanto seres individuais.

Todas estas condições são tão raras de conseguir e de manter que julgo que é por isso que esta questão da (in)fidelidade e da duração das relações é tão complexa.

Mas como diria uma pessoa que conheci "Mais vale um fim horrível que um horror sem fim"...
De VH a 9 de Novembro de 2007
Minha querida amiga, se acreditamos em todas estas coisas sobre a (in)fidelidade, então porque nos é tão difícil aceitá-la? Não deveríamos conseguir trabalhar a nossa capacidade de acomodar a "pequena" traição? A pequena, porque a grande presumo que tenha um significado diferente e um impacto inevitavelmente mais sério. Como se mede a dimensão da traição? Pois... nível de afectividade pelo "outro", sei lá... Andamos para aqui às voltas com estas questiúnculas todas e os dias a passar. Dias que já não voltam, horas que se perderam. Isto não é fácil, de facto. Olha, quando nos vemos?
De Cosmopolita a 15 de Novembro de 2007
Minha querida, querida amiga!

Não posso falar pelos outros, mas posso dizer-te porque me é tão difícil aceitar emocional e afectivamente a infidelidade, quando e se tenho conhecimento dela. Por muito que racionalmente se possam compreender os processos, há alguns deles em que a emoção toma conta de nós e nos avassala. Isto no pressuposto de que ainda haja amor no casal...

Acho que nos casos da "pequena traição", se ela não for do nosso conhecimento, nenhum mal daí advém.

Se for do nosso conhecimento, há inevitavelmente uma sensação de menos valia que se instala, de complexos de inferioridade a nível afectivo e sexual, de falta de auto-estima, de passar todo o passado em revista e da sensação de se ter falhado algures, de incompreensão e descompensação, de curiosidade mórbida em se saber como se passaram as coisas sexualmente com o "outro parceiro", de ciúmes irracionais, de medo da perda, de injustiça, de deslealdade, de insegurança, de cobrança, de atenção exacerbada ao comportamento do nosso parceiro, de desconfiança permanente, de medo de nova entrega, de hipersensibilidade doentia, de incapacidade para continuarmos a ser os amantes que éramos antes por receio de comparações, etc.

Se a pessoa que foi infiel consegue perceber o que se passa na cabeça e coração do outro e ter paciência e amor suficiente para aguentar e tentar superar as consequências do seu acto no parceiro, se conseguir fazer que o outro se sinta seguro afectivamente e "vencedor" a nível sexual por comparação com o tal "caso", se não começar a achar que este é um chato e que é estúpido e obsesssivo em não perceber a falta de importância que o seu acto teve para a relação, então acredito que as mágoas com o tempo possam passar e a traição ser perdoada.

Caso contrário a relação fica ferida de morte.

Nos casos da grande traição, não posso apelidá-la de traição porque acredito que só acontece quando já não há amor de casal entre as pessoas. E aí deve conversar-se sobre o assunto e deve cada um seguir a sua vida.

Comentar post

Dezembro 2010

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
16
17
18
19
20
25
26
27

Posts por autora

Pesquisa no blog

Subscrever feeds

Arquivo

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Tags

a vida dos outros(31)

açores e madeira(7)

ambiente e oceanos(21)

aniversários(19)

artes(6)

autarquias(12)

auto-recriações(24)

autores(7)

bem-estar(11)

blogs(73)

capitalismo(8)

catástrofes(4)

charlatonices(2)

cidadania(14)

ciências(3)

cinema(18)

citações(38)

clima(7)

condomínio(2)

curiosidades(26)

democracia(32)

desemprego(13)

desporto(22)

dilectos comentadores(5)

direitos humanos(11)

direitos liberdades e garantias(39)

e-mail e internet(6)

economia(27)

educação(8)

eleições(14)

emigração(5)

empresas(3)

estados de espírito(60)

europa(2)

eventos(33)

excertos da memória(24)

fascismo(9)

férias(25)

festividades(29)

fotografia(12)

gatos(10)

gestão do blog(15)

gourmet(3)

grandes tentações(11)

hipocrisia(3)

homens(6)

homofobia(17)

humanidade(8)

humor(24)

igualdade(20)

impostos(5)

infância(7)

insónia(6)

int(r)agável(25)

intimismos(38)

ivg(17)

justiça(17)

legislação(17)

lgbt(71)

liberdade de expressão(13)

língua portuguesa(7)

lisboa(27)

livros e literatura(21)

machismo(3)

mau gosto(8)

media(3)

mulheres(17)

música(35)

noite(5)

notícias(22)

óbitos(5)

países estrangeiros(19)

personalidades(9)

pesadelos(5)

petróleo(4)

poesia(9)

política(86)

política internacional(30)

por qué no te callas?(9)

portugal(31)

publicações(6)

publicidade(9)

quizes(8)

redes sociais virtuais(9)

reflexões(58)

religião(19)

saúde(6)

ser-se humano(15)

sexualidade(9)

sinais dos tempos(8)

sociedade(45)

sonhos(6)

televisão(23)

terrorismo(4)

trabalho(20)

transportes(7)

viagens(19)

vícios(13)

vida conjugal(17)

violência(4)

todas as tags

Quem nos cita