Temos assistido nos últimos tempos à intimidação de países limítrofes da União Europeia, através de ataques externos à sua economia. Começou pela Grécia, cujo Governo teve muitíssima culpa no criar da "causa próxima" (o facto, como se diz aqui, de a Alemanha desrespeitar os compromissos europeus, não desculpa os gregos nem os liberta da sua responsabilidade), segue-se aparentemente Portugal, a Espanha, a Irlanda e por aí fora. Basicamente o mote é "Dividir para reinar". Ou dar cabo da Zona Euro para valorizar o dólar.
Alguém me sabe dizer o que acontecerá a nível internacional quando e se algum dos credores da dívida externa dos EUA, em que a China está em 1º lugar e o Brasil em 5º, como podem ver aqui, decidir cobrá-la?
Há muito que se fala na substituição, no cenário mundial, dos países protagonistas mais ricos e na substituição do dólar como moeda de referência internacional. O economista Jim O'Neill da Goldman Sachs chamou BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) a estes quatro países que têm em comum um crescimento recente muito rápido da sua economia, que somam mais de 25% da área do planeta, 15% da economia global, que representam mais de 40% da população mundial e que, em conjunto, querem alterar os mecanismos financeiros mundiais por forma a manter a estabilidade do sistema financeiro internacional global. Os seus líderes reuniram-se dia 16 de Abril último em Brasília para estudar a reforma das instituições internacionais e a criação de uma moeda de referência alternativa ao dólar, por forma a tornar a economia menos vulnerável às crises, para acordar o financiamento de projectos comuns e a criação de oportunidades de investimento, utilizando as moedas dos seus próprios países e sem recorrer ao dólar, e ainda para promover o diálogo com o Irão em vez de pressionar este país com sanções económicas como desejam os EUA e seus aliados. Como alegadamente terá dito Lula da Silva ao presidente chinês, essas sanções prejudicam mais a população do que os dirigentes do Irão.
Será que está a haver aqui, por parte das agências de rating ao estabelecer o terror financeiro, uma manobra de diversão para travar estas medidas ou para as catalisar, tendo por base a possibilidade do desaparecimento do dólar como moeda de referência?
Qual é o percurso natural de alguém que perde o emprego?
Como é (finalmente) reconhecido hoje em dia, não é preciso ser-se o pior empregado, ou mesmo só um mau colaborador para se ser despedido. Como hoje se sabe, basta ter um mau gestor, que desbarate os activos da empresa em auto-prémios de desempenho (não interessa que tipo de desempenho). Ou chega somente que a empresa seja o elo mais fraco da cadeia financeira. O empresário que não é pago pelos seus clientes começa por também não pagar aos seus fornecedores, rapidamente passa a não pagar ao Estado e por fim deixa de pagar até aos seus colaboradores.
Então, perguntava eu, qual é o percurso natural de alguém que perde o emprego, é um bom profissional e tem de encontrar uma solução para a situação de crise da sua família?
Se não há empregos disponíveis - e não há - o bom e "pró-activo" profissional não se vai deixar abater pelas dificuldades, não vai deixar de acreditar no seu valor, principalmente não vai deixar de ser um pilar económico da sua família, porque a família não pode ter falta de liquidez, para usar termos técnicos, porque a família não pode ficar insolvente, e acima de tudo, porque a família não pode viver no meio da rua, não é assim? Portanto ele vai... exacto: criar o seu próprio posto de trabalho. Ou pelo menos vai tentar.
O bom profissional vai aplicar todo o seu esforço, experiência e activos - enquanto ainda os tem - numa actividade produtiva por conta-própria.
Então abre um café. Ou mesmo um restaurante. Ou um gabinete de contabilidade. Ou uma imobiliária. Ou um escritório de advogados. Ou uma empresa de outros serviços quaisquer.
E o que é que lhe acontece? Com uma probabilidade de dez mil para um, ou seja, sem muitas hipóteses realistas de escapar ao fluxo da corrente principal, ele apenas conseguirá engrossar o caudal de empresários desesperados deste país. De qualquer forma, não conseguirá sobreviver só pelo fruto do seu trabalho, ou seja, sem cunhas, sem "conhecimentos", sem praticar corrupção passiva ou activa, sem beneficiar de trafico de influências, sem poder abusar de posição dominante, sem evasão fiscal aqui e ali.
Não conseguirá porque vai ser comido, esmagado por todos os que fazem aquelas coisas.
Empreendedorismo? Ó pá, por favor, "empreendedorismo" é uma palavra que nem sequer existe.
A proposta de Orçamento para 2009 propõe um regime fiscal excepcional para os Fundos de Investimento Imobiliário em Arrendamento Habitacional (FIIAH), com isenção de IRC sobre os rendimentos obtidos pelo fundo até 2014; isenção de IRS e IRC sobre os rendimentos dos fundos dos detentores das unidades de participação; dedução à colecta das rendas em sede de IRS; isenção de IMI para os imóveis que fiquem na carteira do fundo; e isenção de IMT nas compras desses imóveis.
Vejamos quem isto beneficia:
Isenção de IRC sobre os rendimentos obtidos pelo fundo até 2014: os bancos;
Isenção de IRS e IRC sobre os rendimentos dos fundos dos detentores das unidades de participação: os bancos e os investidores nos fundos;
Dedução à colecta das rendas em sede de IRS: ninguém fica consideravelmente "melhor" uma vez que os ex-proprietários já beneficiavam da mesma medida em relação aos juros pagos em empréstimos à habitação, juros esses que, na esmagadora maioria dos casos ultrapassam os 90% da prestação mensal;
Isenção de IMI para os imóveis que fiquem na carteira do fundo: os bancos;
Isenção de IMT nas compras desses imóveis: quem os comprar, o que não significa que sejam os ex-proprietários.
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, disse a propósito que as rendas dos imóveis desses fundos seriam "atractivas" e garantiu ainda que as novas regras para os fundos de arrendamento imobiliário permitirão que os proprietários que entreguem a casa ao fundo voltem a recuperá-la mais tarde, "quando tiverem condições económicas que o permitam". Assegurou ainda que a entrega inicial do imóvel ao fundo de arrendamento e a sua posterior recuperação pelo ex-proprietário futuro não terá "encargos adicionais". No entanto, caso o inquilino falhe o pagamento da renda por um período superior a três meses perde o direito à opção de compra do imóvel.
Estava-se mesmo a ver, não era?
Perante esta mina de betão, a CGD anunciou que já está pronta para lançar o seu FIIAH assim que o enquadramento legal o permita. Segundo Paulo Sousa, responsável pelo crédito à habitação da Caixa, "Este veículo de investimentos vai adquirir um conjunto de imóveis a famílias que têm alguma dificuldade em fazer face ao seu serviço da dívida e depois essas mesmas famílias vão arrendar o imóvel a esse fundo, sendo-lhes dada a opção de a prazo recomprarem o imóvel. Vamos criar condições para que o valor da renda seja mais baixo que o da prestação do crédito à habitação."
Quanto? Entre 20% e 25%.
Sendo assim, o mesmo responsável admite que "em certas situações algumas famílias poderão deixar de conseguir pagar a renda".
Realisticamente: "certas" famílias? Ou quase todas?
E claro que havendo incumprimento "serão desencadeados os mecanismos legais para resolver a situação" e que "se à partida aquela família não pode fazer face ao pagamento da renda, então será melhor encontrar outra solução que não a do fundo imobiliário".
Qual solução? Eu dou uma sugestão: para não alimentar mais as barrigas gordas desses chulos, vendam a casa no mercado, mesmo que abaixo de custo. Se ainda ficarem a dever ao banco, paciência, eles que desencadeiem os tais mecanismos legais.
O pior que vos pode acontecer, despojados de todos os bens como estão, desempregados, indigentes, velhos ou explorados, é o Estado arranjar-vos uma nova casa, com grades e tal, um bocado feia, pronto, mas ainda assim, o tecto que vocês precisavam. Só espero que as prisões, lares de 3ª idade, orfanatos e ruas em geral estejam prontos para receber a classe média.
O Estado garante a banca. Já as reformas dos contribuintes que pagam as garantias do Estado, essas não estão assim tão garantidas.
Como só os brasileiros sabem fazer:
"Para quem não entendeu ou não sabe bem o que é ou gerou a crise americana, segue breve relato econômico para leigo entender...
É assim:
O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobre preço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifudeu !
Viu... é muito simples...!!!"
(Via e-mail)
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