Aos quinze dias do mês de Janeiro do ano de dois mil e nove, pelas vinte horas e trinta minutos, teve lugar a reunião da Assembleia Geral Ordinária do condomínio.
Reunidos os coirões suficientes para se poder deliberar, foi declarado aberto o circo.
O ponto um da ordem de trabalhos, "aprovação do relatório e contas do exercício de dois mil e oito", demorou três horas e quarenta e sete minutos a ser esmiuçado, discutido até ao limite da paranóia, contestado com tiques autoritários e ameaças várias a todos os condóminos que não pagam as quotas há mais de seis meses, sendo nenhum deles estava presente, como é natural, para, por fim, o documento ser aprovado por unanimidade.
À meia-noite foi então possível passar ao ponto dois da ordem de trabalhos, "eleição da nova administração".
A empresa de gestão de condomínios, na esperança de conseguir conter a agressividade passiva que se fazia sentir na sala, tentou eleger-se a si própria, sem sucesso, que para aquelas bestas é melhor uma boa contenda que um mau acordo.
A eleição, acto que pressupõe a existência de candidatos por livre vontade, foi rapidamente transformada em nomeação pela força, calhando ao quinto andar, que era o que tinha menos tropas na sala para se defender.
Nesta altura, a administração cessante abandonou a sala, rindo-se e festejando.
Lá pela uma da manhã iniciou-se a "discussão e votação do orçamento para 2009", terceiro ponto da ordem de trabalhos, que foi aprovado por maioria com alguns votos contra alegando que o documento assentava em "futurologia delirante".
Estranhamente, quando se chegou ao quarto e último ponto, "discussão de outros assuntos de interesse comum", todo o fulgor argumentativo-conflituoso se tinha esgotado e ninguém falou, pelo que se deu por concluída a reunião.
Eram duas da manhã e o ódio cansa.
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