Após termos descido a Avenida, entrámos na FNAC do Chiado e fomos surpreendidas por um grupo de jovens que, enquanto distribuía panfletos, gritava "Precários nos querem, rebeldes nos terão! May Day! May Day!". Li o folheto em questão, sentindo, uma vez mais, que os jovens de hoje têm carradas de razão em estar revoltados.
Esta manhã, ao ler a blogosfera, descobri aqui um post sobre o qual vale a pena meditar, e do qual não resisto a copiar um excerto de u m a entrevista a Zeca Afonso feita há 26 anos , que resume bem o que se está a fazer a esta sociedade e à sua juventude , e quanto foram subvertidos entretanto os valores de Abril. Ora oiçam:
Como resultado do apelo deixado aqui no Azinhaga, recebi um mail do Sérgio Vitorino com a seguinte informação, que podem encontrar também no Panteras Rosa:
"À semelhança do que tem ocorrido nos últimos dois anos, a Teresa, a Lena e as suas duas filhas estão mais uma vez na eminência de expulsão de uma casa, e de terem de se mudar para outra habitação e outra zona do país. A "operação" é custosa e para lá das suas possibilidades financeiras, mas poderá vir a ser uma oportunidade de finalmente se estabelecerem e estabilizarem as suas vidas. Com a sua autorização, as Panteras Rosa assumiram a iniciativa de divulgar os seus dados bancários, junto com um apelo à solidariedade para com esta família, que necessita realmente de um apoio. Monetário ou não, todo o apoio é bem-vindo.
Helena Maria Mestre Paixão
conta BPI: 1-3806134.000.001
NIB: 0010.0000.3806.1340.0016.8
Deixo o link para a reportagem da RTP que aborda pela primeira vez o que aconteceu a Helena Pires e Teresa Paixão desde que iniciaram o seu processo de grande visibilidade mediática pelo direito a casar. Bem longe do 'glamour' das revistas gays ou do estereótipo urbano e financeiramente confortável de gays e das lésbicas, uma amostra do Portugal real, a realidade crua da pobreza e de como ela se alia à lesbofobia para impedir às pessoas os seus mais básicos direitos: acesso à habitação, acesso ao trabalho, o direito a viver em paz, sem discriminação pela orientação sexual ou... de classe.
Vamos então dizer tod@s não à homofobia, apoiando com a nossa solidariedade a Helena e a Teresa, figuras emblemáticas da nossa luta pela igualdade de direitos.
Hoje, no Diário Económico (Caderno "Universidades", página VI):
""No âmbito do nosso programa "Ready For The Next Level", a maioria das contratações são feitas procurando os melhores finalistas dos cursos de Engenharia Informática.", explica Miguel Lopes, vice-presidente de marketing e gestão de produto da Altitude Software (...)".
E depois o jornal esclarece, em destaque:
"O salário para estagiários da Altitude Software oscila entre os 500 e os 700 euros, dependendo de se vão trabalhar para fora de Portugal".
Enfim, a luz. Para mim já vem tarde. A dura lição de vida que aprendi há já uns anos deixou feridas que ainda não fecharam, ressentimentos em relação ao sistema e traumas que dificilmente serão ultrapassados.
Quando o meu negócio próprio foi vítima de recessão económica, abuso de posição dominante por parte de muitos clientes e outras injustiças, todas elas alheias à competência e produtividade de quem quer que fosse naquela empresa, pensei seriamente que a minha vida ia acabar.
Como se já não bastasse a frustração e a revolta em termos profissionais, tive de assistir ao drama humano da minha família, que passou a não ter onde cair morta, porque o Estado esteve sempre lá para receber as contribuições para a Segurança Social, mas não para nos ajudar quando precisámos.
Neste momento, todos, sublinho, todos os partidos com assento parlamentar estão de acordo - e que raro isso é! - no que respeita a esta necessidade, a esta medida de justiça inquestionável.
Por mim, faça-se já. Só é pena que, como em tantos outros casos, a legislação falhe e tarde a acertar e sejam necessários tanto sangue, suor e lágrimas para a colocar no bom caminho.
Qual é o percurso natural de alguém que perde o emprego?
Como é (finalmente) reconhecido hoje em dia, não é preciso ser-se o pior empregado, ou mesmo só um mau colaborador para se ser despedido. Como hoje se sabe, basta ter um mau gestor, que desbarate os activos da empresa em auto-prémios de desempenho (não interessa que tipo de desempenho). Ou chega somente que a empresa seja o elo mais fraco da cadeia financeira. O empresário que não é pago pelos seus clientes começa por também não pagar aos seus fornecedores, rapidamente passa a não pagar ao Estado e por fim deixa de pagar até aos seus colaboradores.
Então, perguntava eu, qual é o percurso natural de alguém que perde o emprego, é um bom profissional e tem de encontrar uma solução para a situação de crise da sua família?
Se não há empregos disponíveis - e não há - o bom e "pró-activo" profissional não se vai deixar abater pelas dificuldades, não vai deixar de acreditar no seu valor, principalmente não vai deixar de ser um pilar económico da sua família, porque a família não pode ter falta de liquidez, para usar termos técnicos, porque a família não pode ficar insolvente, e acima de tudo, porque a família não pode viver no meio da rua, não é assim? Portanto ele vai... exacto: criar o seu próprio posto de trabalho. Ou pelo menos vai tentar.
O bom profissional vai aplicar todo o seu esforço, experiência e activos - enquanto ainda os tem - numa actividade produtiva por conta-própria.
Então abre um café. Ou mesmo um restaurante. Ou um gabinete de contabilidade. Ou uma imobiliária. Ou um escritório de advogados. Ou uma empresa de outros serviços quaisquer.
E o que é que lhe acontece? Com uma probabilidade de dez mil para um, ou seja, sem muitas hipóteses realistas de escapar ao fluxo da corrente principal, ele apenas conseguirá engrossar o caudal de empresários desesperados deste país. De qualquer forma, não conseguirá sobreviver só pelo fruto do seu trabalho, ou seja, sem cunhas, sem "conhecimentos", sem praticar corrupção passiva ou activa, sem beneficiar de trafico de influências, sem poder abusar de posição dominante, sem evasão fiscal aqui e ali.
Não conseguirá porque vai ser comido, esmagado por todos os que fazem aquelas coisas.
Empreendedorismo? Ó pá, por favor, "empreendedorismo" é uma palavra que nem sequer existe.
Às vezes a vida é só chatices, entraves, dificuldades, injustiças, desequilíbrio, agressões, descontrolo, indecências, irritações, desencontros, mal-entendidos, revolta, cansaço. Até aqui nada de extraordinário. Que esses estados durem mais de um ano é que já é tramado. Mas vá, acontece.
Que aconteça aos trinta é relativamente comum nos dias de hoje. Que aconteça aos cinquenta, quando o mestrado já nos devia ter posto há muito num lugar ao sol, quando a vida profissional já devia estar mais que estabilizada, quando os direitos sociais já deviam estar garantidos por anos e anos de descontos e quando a paz e a qualidade de vida deviam ser dados adquiridos, é simplesmente a prova cabal de que a meritocracia na nossa sociedade não passa de uma piada de mau gosto.
Expliquem-me (outra vez) como se eu fosse muito burra.
Mas o Estado português quer que os desempregados ajudem a resolver a crise do desemprego embarcando em projectos a solo que automaticamente os removam das incómodas estatísticas.
Isto na prática significa que o Estado quer que alguém, que está em muito maus lençóis, faça um truque de magia para fazer nascer o montante necessário ao arranque de um negócio ou que, numa outra opção ainda mais parva, se ponha a pedir dinheiro emprestado para o tal projecto e ainda fique em piores lençóis, não é?
Não!, diz o Estado, porque o retorno do investimento vai resolver o problema do endividamento e incrementar a prosperidade!
Mas... Espera lá. Se um negócio implica vender alguma coisa a alguém e esse alguém (que são os portugueses todos, a começar pelo Estado) não pagam a tempo de se cumprir as prestações dos empréstimos contraídos para fazer o investimento no negócio, de que merda - literalmente - de retorno é que eles estão a falar?!
Referências a mulheres, só constam as seguintes:
3.1. Emprego (pág 17)
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