Em jeito de despedida, aqui deixo, a quem gosta das palavras e de poesia, três poemas de que gosto particularmente.
Hoje tudo me dói
Hoje tudo me dói, de não saber
como fazer que a chama te incinere,
ou que não tenhas tu nunca existido,
ou fosse eu cego e surdo à tua boca.
Quando souberes que é teu este retrato
feito de cor fingida e falsa luz
irás de porta em porta declarar
que não me conheceste, ouves, ou vês;
que é tudo imaginário; que uma vez
me deste uns dedos de conversa, mas
apenas desejando ser cortês;
que sou um monstro mudo mal cortado
e nem mereço ser esquartejado
pelo pouco que vale o entremez.
António Franco Alexandre in "Duende"
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
Colours
When your face appeared over my crumbled life,
At first I understood only the poverty of what I had.
Then it's particular light on woods, on rivers, on the sea,
Became my beginning in the coloured world in which I had not yet had my beginning.
I am so frightened, so frightened of the revelations, tears, and excitment finishing.
I don't fight it. This fear is my love. I nourish it who can nourish nothing -
Love's slipshod watchman.
Fear hems me in.
I am conscious that these minutes are short and that the colors in my eyes will vanish when your face sets.
Yevgeny Yevtushenko
"Problems cannot be solved by the same level of thinking that created them."
Albert Einstein
Os hologramas são imagens/registos codificados a três dimensões. Não têm existência corpórea real.
O Azinhaga da Cidade deseja a todos os seus leitores e visitantes de passagem um Feliz Natal cheio de prendas, boa comida , algum descanso e de afectos genuínos!
Automático. Sem os malditos pontos de embraiagem que me obrigaram um dia, quando a luz de um semáforo ficou verde, com o carro detrás quase encostado ao meu pára-choques e toda a gente a buzinar desalmadamente, a sair do lugar do condutor, e desesperada pedir à perplexa Citadina "Conduz tu, por favor!"
Tenho de deixar de chamar miúdas(os) a pessoas com mais de 10 anos.
Radiante por ter descoberto que consigo finalmente escrever no blogue, enquanto trabalho pela noite fora, vou ouvindo música brasileira. Para os caros bloguistas ainda acordados a esta hora e a deambular pela net fica aqui um bom conselho. Do Chico, pois de quem haveria de ser?
O Bem pode perfeitamente passar à margem da salvação da espécie humana, se a encararmos como um (provável) erro cósmico.
* (como diz a outra)
Ontem à chegada, fui acolhida pela deliciosa calidez da noite africana e pelo grupo de amigos com cartazes de boas vindas e abraços apertados. Como é diferente este continente e como me está entranhado na pele de uma forma que é incompreensível para tantos europeus...
A noite continua e a música também. Acompanhem-me nesta digressão musical com os Queen e o espantoso Fred Mercury.
A trabalhar no meu computador pela noite dentro, a televisão desligada (não gosto de intrusos em casa), oiço um dos meus velhos grupos preferidos, os Vaya com Dios. Se gostam deles, sintonizem o vosso PC com o meu e oiçam.
Aqui deixo uma canção para as pessoas defendidas e cautelosas ouvirem e reflectirem.
Dizia-me uma das minhas irmãs no outro dia "o sempre e o nunca mais é demasiado tempo".
Fiquei a remoer esta ideia e não posso deixar de lhe dar razão. Quem pode prever o futuro e as voltas que a vida dá para afirmar peremptoriamente "sempre" ou nunca mais"?
Fui ver no outro dia um filme do qual saí a tremer pelo impacto que me causou. Nele se fala, por vezes, em russo, o que me trouxe à memória uma época da minha vida em que a língua russa se sobrepôs à minha língua materna, pois só pensava, sonhava, falava, lia e escrevia nessa língua. Conheço bem esse povo e a sua alma, talvez por isso, também, goste tanto de Visotsky.
Dele, deixo-vos duas outras canções: "Песня о Друге" e "Ну вот, исчезла дрожь в руках". São dedicadas às pessoas que praticam como desporto radical o alpinismo e as escaladas, pondo à prova a sua solidariedade para com os outros membros da equipa e também, individualmente, a sua própria coragem, determinação e forças. O segundo vídeo não tem nada a ver com o tema, mas é onde melhor se ouve a voz de Visotsky. Espero que gostem.
Poucas pessoas em Portugal conhecem Vladimir Visotsky , que teve uma dimensão humana invulgar e multifacetada. Foi um actor de teatro e cinema notável, um compositor, poeta e cantor, que se tornou num ícone ao encarnar a alma do povo soviético na sua componente afectiva, social e política. Não foi, por isso, uma pessoa querida do sistema políico que vigorava na URSS de então. O seu terceiro e último casamento foi com Marina Vlady em 1969. Morreu em 1980 com 42 anos. Deixo-vos com uma canção dele da qual gosto particularmente.
Desde os meus dez anos que sempre associei este concerto à inquietação, desassossego, crescendo, êxtase da entrega e paz que se segue num processo de enamoramento e amor. Ainda hoje me comovo quando o oiço. É conhecida como Concerto Aranjuez a parte de Adagio do Concerto de Guitarra de Rodrigo e a versão de que mais gosto é esta, interpretada por Narciso Yepes. Espero que gostem também.
Esta semana acordei a pensar na Joan Baez, mulher emblemática que encheu toda a minha juventude com as suas canções.
Hoje, que é o primeiro dia do resto da minha vida, queria deixar-vos aqui uma música do Simon & Garfunkel, cantada por ela, que representa o fim de um ciclo.
Porque hoje é sábado, desculpem-me a mood um bocado pirosa e nostálgica, mas se tirarem à Mary Hopkin os funfuns e as gaitinhas, vão ver que a letra até é muito bonita. Lembram-se?
Como ele ainda anda por aí e eu me recuso a fazer parte dessa corja de beatos, continuemos com a digressão musical. Quem não se lembra de Herbert Von Karajan, O Maestro, quando A Orquestra era a Filarmónica de Berlim e os LPs de música clássica tinham de ser gravados pela Deutsche Grammophon? Vejam-no a ensaiar, com toda a sua exacerbada e invulgar sensibilidade e espantosa capacidade de explicar e transmitir o que queria. Recordem-no depois a dirigir uma orquestra, como só ele era capaz de o fazer. Acreditem que vale a pena.
Ensaio da 4ª sinfonia de Schumann
Beethoven Symphony No. 9 in D Minor, Op. 125
Beethoven's 5th Symphony. Part 1 (Movements 1 and 2)
Porque Portugal é um Estado laico e é imoral obrigar o seu povo a esta palhaçada em que o Estado e a ICAR andam pornograficamente embrulhados, oiçam um dos cantores ao som de cuja voz cresci. Não vos lembra as Caraíbas e as Antilhas, piratas, rum e tufões? Senhoras e senhores, eis Harry Belafonte!
Try to remember
Harry Belafonte & Nat King Cole sing Mama Look a Boo-Boo
Matilda
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