Há sempre uma primeira vez para tudo na vida e esta foi a primeira vez, em mais de nove anos de inúmeros e variadíssimos testes, que vi os olhos da Cosmo quase saltarem das órbitas ao provar uma certa iguaria picante, seguindo-se um ataque de tosse galopante que demorou a aliviar.
E se isto lhe aconteceu a ela, a rainha da resistência ao picante, criada no meio de especiarias infernais, a vocês, meu caros, não tenham dúvidas, a tal iguaria matava-vos.
Há algo de positivo em tudo, mesmo que à primeira vista seja difícil de ver. Mero
cliché? Talvez sim. Ou talvez não.
Para mim tende, de facto, a haver sempre um lado solar em cada noite escura. Por exemplo, nesta fase da minha vida em comum com a Cosmo, atravessamos um período que não nos permite fazer a vida de
bon-vivant de outros tempos. Já não é possível explorar todos os bons restaurantes de Portugal e arredores, nem tão-pouco seguir activamente as pisadas dos grandes
chefs nacionais e internacionais, actividade que nos dá um prazer indizível.
Mas, em contraponto, utilizamos a nossa disponibilidade para explorar um outro prazer: cozinhar criativamente em casa. É mais barato, produz resultados quase tão espectaculares (quando não mais) e é muitas vezes mais fácil integrar os amigos neste tipo de programas.
Também por isto, resolvi criar uma nova categoria na lista de
links aqui ao lado, precisamente chamada "
Gourmet", dedicada ao blogs dessa temática. Está no fim da lista alfabética. Agradecemos desde já as sugestões dos leitores que conheçam blogs do género, para que os possamos visitar, conhecer e eventualmente
linkar.
Enquanto isso, aproveito para sugerir uma visita ao site da
Slow Food Organization, que conhecemos o ano passado numa viagem a Itália e que é um
compagnon de route na contra-corrente dos hábitos alimentares globalizados.
Bom apetite!
O tédio decorrente de um retiro forçado e de uma televisão que só dá merda tem destas coisas. Deu-me para me armar em fada do lar e decidir ir para a cozinha fazer qualquer coisa pindérica e anti-linha decente, como scones.
Portanto, se alguma vez lhe acontecer o mesmo, eu dou uma ajudinha.
Ingredientes:
220 g de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
50 g de manteiga
25 g de açúcar
7 colheres de sopa de leite
Se já os reuniu em cima de uma mesa vá vestir o fato-macaco (depois não diga que eu não avisei).
Bom, pese lá a farinha... Ah, não tem balança?... Pois, nem eu, mas telefonei à minha mãe e ela disse-me que uma colher de sopa cheia são mais ou menos 20 gramas...
Cheia como?... Eu sei lá! É pá, cheia... Eu também tinha preferido encontrar uma receita com as quantidades já “em colheres”.
Mas enfim, peneire a farinha e o fermento para dentro de uma tigela.
... Pois, não tem peneira. Olhe, então não peneire. O que é que pode acontecer, verdade?!
Portanto, sendo assim, misture tudo. Sim, tudo, à vontade, não há ordem específica, tudo para dentro da gamela!
Mas não amasse (parece que esta parte é muito importante). Não pise, não repise, não volte a amassar, é só misturar (sei lá porquê, está aqui escrito).
A seguir unte um tabuleiro de ir ao forno e ponha este a aquecer até aos 220 graus.
Espalhe farinha sobre uma mesa e vá fazendo bolinhas com a massa.
Eu sei, é uma autêntica cagada , mas por isso é que lhe disse para vestir o fato-macaco, até porque a farinha salta por todos os lados.
As bolinhas devem ter 4,73 cm de diâmetro.
(Desculpem, não resisti).
Coloque as bolinhas no tabuleiro untado e leve ao forno 10 a 15 minutos.
Sirva quente com compotas e/ou manteiga e coma a maior quantidade possível, pois ao outro dia metem nojo (trust me).