Dado o meu absoluto fascínio por relógios, é entusiasmante descobrir blogs como este.
(Embora a maior parte do tempo não me interesse nada saber que horas são, por medo das más notícias que chegarão, é certo, mas quanto mais tarde melhor. É um entusiasmo estético, contemplativo, já me quiseram prender por olhar ostensivamente para o pulso de alguém, seria técnico se eu percebesse alguma coisa do assunto, que não é o caso, mas enfim, gosto, como dizia o outro.).
Um dos mais observados - e tristes, diga-se de passagem - comportamentos de grupo é a legitimação por via d' "o pessoal". Funciona assim: se "o pessoal" diz todo que alguém é [preencher com classificativo conveniente], eh pá, então... é porque é!
Quando tento caracterizar a mentalidade lusitana - e não tento muitas vezes para não me chatear - não consigo deixar de chegar à conclusão que ser português é, acima de tudo, ser desconfiado. É desconfiar de tudo e de todos. É ver intenções duvidosas em toda e qualquer pessoa, intriga e propósitos dissimulados em qualquer conversa. É interpretar da forma mais alucinada possível as palavras e as acções dos interlocutores, sejam meros desconhecidos ou amigos de longa data, não interessa o grau de proximidade ou até mesmo de parentesco, o que interessa é arranjar motivos para se criticar, julgar e condenar sumariamente (quase sempre pelas costas, claro, que a coragem é uma qualidade rara).
E essa tendência observa-se em qualquer lugar e é cega a classes sociais, níveis escolares, crenças religiosas, tonalidade da pele e volume do saldo bancário. Basta ser português.
Mas há dias em que tenho a certeza que ser português não é só ser desconfiado. Ser português é ser paranóico, é ser um doente social com uma constante e aflitiva mania da perseguição, é ter uma profunda e inabalável convicção de que não se pode, de facto, confiar em ninguém, é ser viciado em irracionalidade. É, no fundo, gostar de ser a eterna vítima. Uma vítima passiva-agressiva que não hesita em considerar-se o centro e a razão do Universo e, como tal, defender-se de ataques de mosquitos com bombas atómicas. Sounds familiar?
Olá malta!
Há muito que não dou novidades, mas antes tarde que nunca. Tenho andado muitíssimo ocupada, até porque aqui há condicionantes que requerem bastante tempo extra... Para ilustrar o assunto, um trecho de um post publicado no sempre excelente De Rerum Natura:
"O bom procrastinador adia por adiar. Para logo, porque não lhe apetece fazer agora. E como passou a oportunidade hoje, talvez amanhã. Porém, como amanhã também não apetece, irá adiar com promessas, para depois de amanhã, ou para mais tarde. Da semana que vem não passa, e jura. Mas passa. O problema é que o vazio de não fazer, vai ficando cheio com um fardo pesado, um mal-estar, enfim, um remorso - sentimento algo em desuso, mas como palavra ainda consta no dicionário. O problema manifesta-se em todos os sectores, é mais intenso em algumas culturas e ataca mais em certos climas. Mas afecta a vida de todos e tem enormes implicações sociais e económicas."
Para vos dar uma ideia que quão alheada eu posso ser em relação à chamada "cultura lésbica", até ontem à noite nunca tinha ouvido falar num filme chamado "Gia", em que Angelina Jolie desempenha o principal papel, representando uma top model fora de série e lésbica, afinal o sonho molhado da maioria das mulheres atraídas sexualmente por outras mulheres.
A película é baseada numa história verdadeira, ou melhor, numa pessoa que existiu mesmo. Essa mulher, Gia Maria Carangi, encantou as passerelles no fim dos anos setenta e primeira metade dos anos oitenta do século passado, tendo sido toda a sua vida adulta objecto de explorações várias, inclusivé as decorrentes de uma forte dependência de drogas duras, tendo sucumbido aos vinte e seis anos de idade, em 1986, vítima do flagelo da SIDA.
Pois bem, ontem à noite, num canal que se Chama "Fox: Next", do qual também nunca tinha ouvido falar até ter recentemente instalado o Meo, deleitei-me com um verdadeiro festival estético, tão estético quão bonita pode ser uma mulher em cada detalhe físico seu. E horrorizei-me com a armadilha que a beleza extrema pode constituir, não no sentido de ser à priori prejudicial ser-se bel@, muito menos no sentido de uma alusão demoníaca da beleza, tão clássica [a alusão] afinal, porque não é nada disso, nem neste caso as portas que a extraordinária beleza lhe abriu e o que lhe proporcionou foram o que a foi matando aos poucos, mas sim a ilusão de poder que ser bel@ dá a alguém, a essa pessoa e só a ela própria, uma tentação irresistível de cair na falácia de se achar sobrehuman@, impermeável a inseguraças e outras fragilidades, uma noção fantasiosa de domínio e influência muito perigosas para ela, mas também para quem lhe é emocionalmente próximo. Porque, se parece que toda a gente quer as pessoas belas, que toda a gente as solicita, alimentando-lhes o ego e a auto-estima, a realidade é que a grande maioria das pessoas apenas as quer possuir para alimentar o seu próprio ego, usá-las e deitá-las fora assim que aparece um melhor sucedâneo.
No fim, toda a gente se lembra dela, mas raros são os que vão sentir a sua falta e é este o epílogo de uma vida infeliz.
Eu consulto muito o dicionário. Aliás, eu adoro consultar o dicionário. Vários dicionários. Pode parecer uma coisa chata, mas acreditem, é espectacular.
Normalmente, a premência da consulta instala-se quando me cruzo com palavras que conheço bem, mas não ao ínfimo detalhe. Isto não sucederá amiúde a quem não tenha o hábito de ler, mas a quem tenha e ainda por cima seja obsessivo-compulsivo, há que dizer com frontalidade, corre-se o risco.
Por exemplo: "neurótico". Toda a gente sabe o que significa neurótico, mas quantos de vocês, estimados leitores, podem afirmar que conhecem a fundo a classificação gramatical, etimologia, sinónimos e aplicações correctas da palavra?
Eu tive que ir ver se neurótico era mesmo o que eu pensava quando li um texto que mencionava "almoços neuróticos", mas no dicionário, e achei isto uma lacuna assinalável, não vem referência nenhuma ao meu ambiente profissional...
... de fumar.
- Deixa lá, de qualquer forma tinhas um jogo de merda.
A única informação que estou em condições de assimilar neste momento é que infelizmente não posso tomar mais nenhum Guronsan hoje, além dos três anteriores, que por sinal ainda não me fizeram nada de assinalavelmente positivo (a diarreia já a tinha).
E porquê? Porque eu tenho esta estúpida mania de, mais amiúde do que seria compreensível, me comportar como se tivesse 17 anos, não trabalhasse, estudasse mas ainda não na faculdade, não tivesse portanto compromissos nem responsabilidades de maior e tivesse uma resistência física à prova de bala.
Mas não, a vida já não é assim e estas noitadas de exageros vários (os alcoólicos então...) a meio da semana fazem-me pagar caríssimo o meu desvario adolescente, e no dia seguinte tenho mesmo que me levantar e arrastar-me penosamente para o escritório, independentemente de ter passado metade da noite estreitamente abraçada à retrete* e de ter acordado ainda vestida da cintura para cima com a mesma roupa de ontem.
*Expressão da autoria da minha querida Cosmopolita (amor vem tratar de mim, please!)
Depois do Rali Dakar seguido de noitada até ao amanhecer, o meu Domingo será... mais curto.
E nada lúcido. Quando essa útil faculdade me regressar ao cérebro, fica prometido slide show do espectáculo motorizado.
aniversários(19)
artes(6)
autarquias(12)
auto-recriações(24)
autores(7)
bem-estar(11)
blogs(73)
capitalismo(8)
catástrofes(4)
cidadania(14)
ciências(3)
cinema(18)
citações(38)
clima(7)
condomínio(2)
curiosidades(26)
democracia(32)
desemprego(13)
desporto(22)
direitos humanos(11)
direitos liberdades e garantias(39)
economia(27)
educação(8)
eleições(14)
emigração(5)
empresas(3)
europa(2)
eventos(33)
fascismo(9)
férias(25)
festividades(29)
fotografia(12)
gatos(10)
gestão do blog(15)
gourmet(3)
hipocrisia(3)
homens(6)
homofobia(17)
humanidade(8)
humor(24)
igualdade(20)
impostos(5)
infância(7)
insónia(6)
int(r)agável(25)
intimismos(38)
ivg(17)
justiça(17)
legislação(17)
lgbt(71)
lisboa(27)
machismo(3)
mau gosto(8)
media(3)
mulheres(17)
música(35)
noite(5)
notícias(22)
óbitos(5)
pesadelos(5)
petróleo(4)
poesia(9)
política(86)
portugal(31)
publicações(6)
publicidade(9)
quizes(8)
reflexões(58)
religião(19)
saúde(6)
ser-se humano(15)
sexualidade(9)
sociedade(45)
sonhos(6)
televisão(23)
terrorismo(4)
trabalho(20)
transportes(7)
viagens(19)
vícios(13)
vida conjugal(17)
violência(4)
Quem nos cita