"SER BENFIQUIIIIISTAAA, É..."... até ao momento, a única parte do hino que decorei, mas como foi uma coisa que me aconteceu pouco depois de os meus pais se terem mudado para Lisboa, quando eu tinha cinco anos, e da qual não tenho culpa nenhuma, nem eles, começo este post, para vos dar um enquadramento, a cantar aos altos berros, que é sempre sinal de atitude positiva perante a vida e essas coisas de auto-ajuda.
Eles, verdade seja dita, exerceram como puderam pressão e influência tentada para que não me desviasse do caminho do glorioso FCP, mas nesses idos anos '80 a vida era dura para um jovem casal com duas filhas, dependente dos rendimentos do seu trabalho e com um empréstimo à habitação a vencer juros na casa dos 30%, pelo que, nas poucas horas que estavam em casa, preocupavam-se em dar-me de comer e deixar-me ficar a pé até mais tarde se dava na televisão um filme mesmo giro como, por exemplo, o Pato com Laranja.
Ao fim de semana, quando havia mais tempo, então lá me tentavam dissuadir da minha triste opção sem nunca mencionar a expressão "clube do salazarismo" para que não ficasse traumatizada, que nesse tempo ainda se tinha cuidado com os palavrões que se diziam na presença das crianças.
Mas não valeu de nada. A influência constante de uns quantos ranhosos do bairro a quem eu chamava "amigos" definiu e cimentou o meu entusiasmo pelo clube encarnado, afecto que viria a pagar bem caro mais tarde, quando o começaram a instrumentalizar para me ofender politicamente com motejos do género "O Benfica ganha os jogos hoje como os ganhava no tempo do Salazar.".
Hoje em dia não é possível ser do Benfica sem se ser conotado com o fascismo e isso é grosseiro e torpe como argumento, e desprezível como pseudo-facto.
O Benfica oferece assunto de chacota e indignidade regularmente, sem haver por isso necessidade nenhuma de se recorrer a um argumento tão baixo.
Se hoje em dia, aos trinta e seis anos, não é aceitável que eu, como fazia na infância, dê um pontapé nos tomates (tendo-os) a quem me chame caixa-de-óculos, porque é que há-de ser admissível que alguém se atreva a pôr em causa as minhas convicções democráticas por eu ser do Benfica?
Como se eu pudesse simplesmente mudar de clube, nesta altura da vida. Como se eu fosse mudar, só porque vocês gostavam, ou porque um bimbo torcionário como o Salazar favorecia o Benfica. Como se nenhum democrata gostasse da Amália (a fadista). Como se fosse normal alguém dizer à/ao companheira/o "olha, eu pensava que gostava de ti, mas descobri que és imperfeita/o portanto vou-me mudar para o 3º Frente.."
Se querem que vos diga, esse tipo de radicalismos generalistas assemelha-se demasiado a um resquício dos complexos recalcados de inferioridade, esses sim, próprios de certos ambientes de autoritarismo mesquinho. Cresçam, pá.
BENFIIIIIIICAAAAAAA!!!!!!
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