Falta-me o deserto. Nunca estive num deserto. Já estive em sítios ermos, naturalmente, mas nunca num deserto a sério. Também nunca tinha sobrevoado África durante o dia, tanto quanto me posso lembrar, e agora que o estou a fazer, perscrutando o Sahara, apercebo-me quão impressionante é um sítio destes, de uma tal extensão que a vista não abrange mesmo a dez quilómetros do chão.
Um deserto é uma maravilha natural tão extraordinária quanto a selva amazónica, a grande barreira de coral na Austrália e os Himalaias. Um deserto é espectacular à sua maneira.
Sempre me fascinou isto de ver o mundo de cima, sempre me desafiou e divertiu tentar identificar posições através das características geográficas. Quem me dera que os pilotos me convidassem para viajar no cockpit e me ajudassem a identificar as cidades e os desertos...
Não há nenhuma evidência de vida. Nenhuma. Voamos há horas sobre o deserto e não há nada que possa fazer supor que alguma forma de vida exista lá em baixo. Portanto o que me puxa para baixo é saber que isso é uma ilusão.
Faltam sensivelmente duas horas e quarenta minutos para aterrar em Lisboa, o que nos coloca sobre a Argélia. "Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar." Olhando com mais atenção, vários pontos, em trilhos rochosos. Serão sombras? Miragens?
Voamos há horas sobre um deserto que só sabermos ter limites porque confiamos na cartografia que toda a vida nos impingiram. De outra forma, poderíamos perfeitamente pensar que tínhamos chegado ao infinito. Isto é o infinito.
(Imagem tirada daqui)
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