Perante o resultado das eleições europeias o choque só pode ter sido grande para a esquerda portuguesa, independentemente das subidas em percentagem e número de votos do BE e da CDU.
Para mim foi porque, pior que a vitória da direita a nível europeu, tive de assistir à vitória da direita a nível nacional, algo que poucos dias antes da ida às urnas parecia altamente improvável. E ainda porque, em relação a uma questão que me é cara, o que antes parecia garantido, de repente passou a ser bastante incerto. Falo da igualdade no acesso ao casamento civil.
Claro que não se pode avaliar um governo ou tomar uma decisão de voto apenas centrada neste assunto mas, se virmos bem, o que é este assunto? Um capricho, uma não-prioridade, uma luta de franjas? Ou uma questão de direitos fundamentais, de direitos humanos, de não-discriminação das minorias, de respeito e cumprimento efectivo da Constituição Portuguesa?
A igualdade no acesso ao casamento civil é, além do óbvio, uma medida de civilização e de qualidade da democracia e da sociedade portuguesa. E isso são indicadores essenciais para toda a gente, presumo.
Se a direita ganhar as eleições legislativas, teremos como Primeira Ministra uma pessoa declaradamente homófoba e uma defensora do liberalismo económico, o mesmo que afundou o mundo na crise em que está mergulhado. E não é com políticas dessas que o país vai passar a ser um país melhor, mais igualitário, mais justo, mais civilizado, mais próspero.
Portanto, a meu ver, é essencial que a esquerda ganhe as eleições. Mas que esquerda? Uma esquerda baseada na enfraquecida plataforma de apoio do PS, ajudada por quem escolhe o menor de dois males para governar o País (Sócrates ou Ferreira Leite)?
Ou uma esquerda plural mas que no seu conjunto garanta a maioria parlamentar?
Uma coisa é certa: é altamente improvável (para não dizer já impossível) que o PS sozinho consiga uma (outra) maioria absoluta parlamentar nas próximas legislativas. E eu até torço para que o PS ganhe ao PSD. Mas daí até lhe dar o meu voto, vai um abismo. Primeiro, porque, como pessoa de esquerda, me é impossível premiar quem não merece, esquecer as traições do passado recente e as políticas anti-sociais e, segundo, porque acredito que devo recompensar com votos as forças políticas que efectivamente lutaram e continuam a travar as difíceis batalhas por melhores políticas sociais, como a dos direitos LGBT, com consistência, perseverança, assiduidade e convicção.
Assim, só posso desejar que o trabalho pró-consenso para se atingirem compromissos que realmente sirvam a sociedade (em vez de servirem os partidos políticos), por oposição a autoritarismo cego e teimosia gratuita (dos mesmos) seja possível de pôr em prática e se torne uma realidade.
Esse trabalho será mais difícil, sem dúvida, mas eu assumo que gostava de / quero ver como corre. Quanto mais não seja para testar, de facto, certas teorias [a governabilidade só é possível com maioria absoluta de um só partido] que se apregoam por aí como verdades inquestionáveis.
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