Quinta-feira, 15 de Março de 2007
Laurence Tramois, médica, e Chantal Chanel, enfermeira, estão a ser julgadas em França por, em 2003, terem respeitado a vontade de morrer com dignidade, expressa por Paulette Druais, uma doente terminal com 65 anos, padecendo de cancro no pâncreas. Esta decisão foi apoiada por toda a família de Paulette Druais, que agora concomitantemente reclama a não aplicação da lei que pune a eutanásia às duas profissionais. Incorrem ambas numa pena que poderá ir até trinta anos de prisão.
Mas a administração do hospital onde o acontecimento ocorreu, numa atitude de hipocrisia ignóbil e mais papista que o papa (e com este é difícil) não desiste da acusação.
Diversas personalidades francesas assinaram uma
petição a favor do direito a morrer com dignidade e da não condenação de Laurence Tramois e Chantal Chanel.
Além de desejar que estas mulheres, que agiram de boa fé e com muita coragem, numa atitude de compaixão e humanismo extraordinários, não sofram nenhuma represália pelo seu acto, desejo também que se algum dia eu me vir numa situação semelhante à de Paulette Druais, alguém, como Laurence Tramois e Chantal Chanel, me ajude a morrer com dignidade.
De
Viz a 15 de Março de 2007
Cara vizinha,
o nosso direito de dignidade na vida e na morte tem sido "vítima" da eutanásia praticada pela igreja e o seu pseudo-moralismo .
O primeiro passo já foi feito com a lei pela IVG , depende de todos nós despertar o bom senso e acabar com o sofrimento imposto à tantas pessoas.
Eu tb gostava, caso enfrentasse uma situação semelhante, ter ao meu lado estes anjos da misericórdia. [
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<BR>Cara vizinha, <BR>o nosso direito de dignidade na vida e na morte tem sido "vítima" da eutanásia praticada pela igreja e o seu pseudo-moralismo . <BR>O primeiro passo já foi feito com a lei pela IVG , depende de todos nós despertar o bom senso e acabar com o sofrimento imposto à tantas pessoas. <BR>Eu tb gostava, caso enfrentasse uma situação semelhante, ter ao meu lado estes anjos da misericórdia. <BR class=incorrect name="incorrect" <a>Viz</A>
Sem dúvida, Viz , concordo com a tua perspectiva, obrigada pelo teu comentário.
De
Duca a 16 de Março de 2007
Apesar da eutanásia ser um assunto de enorme delicadeza, não são desejáveis atitutes hipócritas. Uma coisa é a existência da lei que visa proteger abusos que coloquem em risco a vida de pessoas que estando em fase terminal querem, contudo, continuar a viver. Outra coisa é insistir-se na aplicabilidade da lei contra a vontade da família de Paulette Druais que sempre soube da vontade da doente e apoiou o acto eutanásico.
Sim, Duca, a lei deve precaver e impedir os abusos, sem dúvida, mas também deve respeitar o direito a morrer com dignidade de quem expressa essa vontade, que é uma coisa que falta ainda no nosso país!
Beijinhos!
Sobre a questão da Eutanásia, é curioso observar que ela já se põe há décadas.
Quando tinha 12 anos li um livro espantoso, e um dos grandes clássicos da literatura universal, de Roger Martin Du Gard (1881-1958) "Les Thibault".
Roger Martin Du Gard recebeu o prémio Nobel da Literatura em 1937 "pela consideração dos aspectos fundamentais da vida contemporânea reflectidos na novela Les Thibault".
Nela, Antoine, uma das figuras principais deste livro, médico, adopta a eutanásia com o pai. A tomada desta decisão é qualquer coisa de dramático, de uma agonia e sofrimento indizíveis, não só porque se trata de um médico que se debate com profundos problemas morais e éticos, mas também porque o doente em questão é o próprio pai!
Como diria António numa das suas falas" Estou condenado a morrer sem ter entendido grande coisa nem do mundo nem de mim mesmo"...
Recentemente, vi um filme que aborda, com grande sensibilidade e beleza, esta questão, de as pessoas em determinados estados de saúde, terem o mesmo direito a morrer, que a sociedade reinvindica para o direito à vida.
Chama-se "Mar adentro" e é do realizador Alejandro Amenábar, tendo sido lançado em Espanha em 2004. Por muita pena que se tenha do personagem central, é impossível não estarmos do lado dele na sua luta pelo direito a morrer.
Por estes dias, em Espanha, um caso real de pedido de eutanásia, foi autorizado porque a doente em questão estava ligada a um ventilador e aí, em vez de se considerar eutanásia o desligar-se o ventilador, foi considerada "suspensão de tratamento"...
Enfim, malhas que a ética tece...
Hoje já é conhecida a decisão do tribunal francês: Laurence Tramois foi condenada a um ano de prisão com pena suspensa e Chantal Chanel foi absolvida.
Enfim, do mal o menos.
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