A minha mulher a dias vem à terça-feira (Só escrevo sobre isso hoje, sexta, porque só hoje consegui controlar os níveis de irritação que as investidas dela ao meu lar-doce-lar me causam).
Já me habituei a muita coisa. Já não tenho um ataque de nervos quando chego a casa nas terças à noite aflita para mijar e depois do alívio encontro o papel higiénico todo encharcado (don’t ask).
Já não lhe chamo nem metade dos nomes que lhe chamava por ter de voltar a arrumar tudo, desta vez nos devidos sítios, salvando os objectos dos locais estapafúrdios para onde a lógica patibular da mulher os arremessou.
Já não me angustiam tanto os "desaparecimentos" da lista das compras que elaborei criteriosamente durante os últimos dias, e da qual só dou falta, invariavelmente já de saída para o supermercado, com as chaves do carro na mão. Limito-me a fazer um percurso alargado pelos corredores do dito e comprar milhentas coisas que nunca consumirei (como marmelada russa), mas entre elas, com alguma sorte, acabo por trazer o que realmente preciso. É claro que fica caro, mas poupa-me os nervos.
Agora o que me põe doida, mas atenção, mesmo à beira de um internamento hospitalar na secção psiquiátrica, é o que ela faz ao meu tabuleiro de xadrez. Para ela, aquilo são apenas quadradinhos pretos e brancos num padrão engraçadinho, que só não se pendura na parede porque tem uns bonequinhos em cima a enfeitar. Esses bonequinhos podiam ser dispostos de uma forma muito mais criativa, mas a chata da dona da casa – que sou eu – insiste em enfileirar bonecos de cada cor em extremos opostos, num arranjo militar, como se eles fossem entrar em guerra. Enfim, manias, lá se respeita que todos as temos.
Assim, depois da passagem dela, o resultado com que me deparo, quando chego a casa, é, simplesmente, o caos: embora esteja tudo muito limpinho e sem pó, as torres, os bispos e os cavalos ocupam o lugar das rainhas, de peões e das torres, respectivamente, enquanto o rei avança para proteger um reles peão, que se esconde timidamente atrás dele!!!
Que fazer?! Desenhar um croquis?? Ensinar o estafermo a jogar?!
De Rita a 29 de Março de 2007
Ó cunhadinha!
Não sei se já reparaste, mas estes posts sobre as empregadas são imensamente burgueses e snobs...
Querias que a empregada soubesse jogar xadrez?...
Mas pronto, o povo é um horror, e isto de ter gente estranha em casa é pêssimo e ainda para mais são estrangeiros e não percebem nada do que nós dizemos, podiam ao menos aprender a língua, e é uma devassa que nos fazem à casa!
Se ao menos já tivessem vulgarizado os robôs podíamos dispensar este povo todo ignorante lá em casa!
Beijinhos! :)
Cunhadinha,
Sim, já tinha reparado. Mea culpa, é mais forte do que eu... :-)
Mas esta senhora é portuguesa. Se fosse estrangeira o mais provável era não perceber nada do que eu dissesse, mas saber pôr as peças de xadrez nos sítios correctos! :-)
Beijinhos!
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