Quarta-feira, 25 de Abril de 2007
Terça-feira, 24 de Abril de 2007
Zeca Afonso escreveu esta canção em honra ao pintor e escultor
José Dias Coelho, assassinado a tiro pela PIDE em 1961, numa rua de Alcântara, em Lisboa, que tem hoje o seu nome.
Cantou-a pela primeira vez num concerto que deu na Galiza, em 1972. É bom não esquecer que há 33 anos, a morte em Portugal ainda era assim:
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina, a morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação.
Segunda-feira, 23 de Abril de 2007
Adiar isto uma semaninha?...
Sexta-feira, 20 de Abril de 2007
- Desculpa lá mas o chefe apareceu de repente e eu tive de sair.
- Deixa lá, de qualquer forma tinhas um jogo de merda.
Que arranjou esta merda em tempo recorde!! Provavelmente porque se assustaram um bocadinho com a minha personalidade quando começaram a ler isto... Mas pronto, o que interessa é que está tudo bem quando acaba bem e eu quero aqui declarar publicamente que estou inteiramente satisfeita pela forma como a avaria nº 2007-157 119 foi resolvida!
Só por isso, dedico-lhes o próximo post!
British humour, need a lot of it, because o Sapo - or whomever, God, probably - acaba de foder o meu blog de uma ponta à outra!!
Yes!! De repente, os comentários estão todos anónimos, há espaçamentos ridículos por todo o lado e a lista de links desapareceu...
Se calhar isto é uma vingança divina por causa do meu post anterior. Ou se calhar, assustei a pessoa errada com ele.
O que é facto (também acham que eu ultimamente utilizo demais esta palavra?) é que me fizeram ouvir três vezes o mesmo alinhamento musical de "on hold" antes de alguém me atender lá do help desk do Sapo.
(Isto não é um bocado ridículo, "help desk do sapo"? Bom, eles é que sabem.)
Por fim, atendeu-me um menino muitíssimo fanhoso, coitadinho, a fazerem crianças doentes trabalhar a uma sexta-feira de manhã!!, que me garantiu que "iam ver". E deu-me um número de avaria. Já o escrevi na minha testa.
E pronto, calha bem porque eu ia ter que me ausentar mesmo. Sendo assim, volto no dia 14 de Maio. Ou antes. Ou nunca mais.
Beijinhos.
Se eu fosse actriz, estaria sempre ansiosa, cada vez que recebesse um guião novo, para saber: "Qual é o meu nome?! Quem sou eu? Como é que eu me chamo?..."
* Ou: psicose agravada por conflitos de personalidade.
* Ou será que já estava a dormir?
Quarta-feira, 18 de Abril de 2007
Esta relacionada com a biologia marinha e o ambiente: o Oceanário de Lisboa (e bendita seja a Expo'98 por permitir que este maravilhoso projecto nascesse) devolveu ontem ao Oceano Atlântico uma manta gigante que já atingia uma envergadura de 3,5 metros e que portanto já estava no limite de tamanho para viver em cativeiro no Oceanário.
Esta manta tinha sido capturada na costa algarvia há cerca de dois anos, com apenas um metro e meio de envergadura, e desde então crescia e "voava" no tanque central, fazendo as delícias de milhares de visitantes.
Ontem foi solta a cerca de seis milhas da costa ocidental portuguesa e depois de passar por debaixo do casco do barco que a transportou, desapareceu no azul profundo. Boa sorte, bela jamanta! Que nada te impeça de atingir uns gloriosos sete metros de envergadura na tua maturidade.
Segunda-feira, 16 de Abril de 2007
SE TU VIESSES VER-ME...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca
Sábado, 14 de Abril de 2007
Esparta, séc.V a.C.. Leónidas, o rei, fantasia sobre a sua infância violenta enquanto cofia a barba egípcia.
Rufia por natureza, decide convocar a guerra com o rei dos Persas, Xerxes, um andrógino sanguinário com muito mau feitio, que apesar do seu assinalável jeito para se vestir de mulher, padece de gigantismo.
Esta decisão não é bem aceite, nem pelo Conselho da cidade-estado, que como um qualquer parlamento, acha que tudo o que não tenha seu iluminado aval está mal feito, nem tão pouco por um bando de leprosos que residem isolados no topo de um rochedo, a quem toda a gente se esqueceu de informar que já estão mortos há algum tempo, que para passar o tempo fazem porcarias à vez com uma adolescente drogada e, last but not the least , se autoproclamam "o oráculo".
Mas Leónidas, o machão, entediado com a sua vida sexual e saudosista de uma boa refrega, lá reúne, à revelia, 300 rambos arcaicos, que além do elmo, da lança, da espada e do escudo, envergam uma elegante capa rubra e umas cuecas Calvin Klein.
Depois de gritarem muito alto "AÚ! AÚ! AÚ!" numa coreografia patética, lá se põem a caminho, não antes de a rainha, simbolicamente oferecer um corno a Leónidas.
A partir daí o estimado espectador será brindado com uma profusa (e interminável) sequência de freak-shows compondo um imenso espectáculo sado-maso onde não faltam montanhas de mortos cobertos de moscas, mamutes suicidas e répteis com falta de equilíbrio, chuvas de setas sincronizadas digitalmente, um exército de mascarados que são conhecidos como "os Imortais", nitidamente recrutados no carnaval de Veneza e que tentam respirar como o Darth Vader, decapitações em movimentos copiados do Matrix, muita caracterização comprada de certeza nos saldos de fim de época dos adereços do Senhor dos Anéis, e obviamente, como não podia faltar, um Judas na pele de um corcunda desfigurado, que em troca de um chapéu papal, mas preto e com estrelinhas, trai os 300 de Esparta, expondo a falha da sua estratégia, que os 300 000 000 persas não tinham chegado para descortinar antes.
Cai finalmente o primeiro espartano, com muita elegância, diga-se de passagem, num movimento perfeito de queda sobre os joelhos para depois se deixar deslizar para o lado direito em câmara lenta, estendendo-se finalmente no chão com uma delicadeza impressionante, pelo menos para alguém que já tem a cabeça separada dos corpo há uns minutos.
Entretanto a rainha, metendo-se onde não é chamada, acaba por ter que dar uma de borla ao intriguista ambicioso lá do burgo que promete apoiá-la no seu discurso perante o Conselho, onde esta acaba por lhe cortar os tomates quando ele se começa a vangloriar em público de a ter comido, alegadamente para desmentir a sua fama de impotente.
Um vigia vem avisar Leónidas que estão cercados, ao que este manda toda a malta embora para ficar só ele e mais uns aficionados do S-M debaixo da mira de Xerxes , que obviamente fecha os olhos à debandada, e fica por explicar como é que aquela maltosa toda ultrapassa o cerco incólume.
Leónidas encomenda ainda a um espartano cegueta o relato desta bela história no Conselho e a devolução do corno à rainha.
Depois, prepara-se para morrer com todo o dramatismo, não sem antes desfigurar Xerxes num impressionante lançamento do dardo que ficaria na história como precursor de uma das mais enigmáticas modalidades dos Jogos Olímpicos de Atenas, constando ainda hoje como o recorde do mundo, uma vez que estamos a falar de um lançamento de 500 metros.
Em resposta, mais uma chuva de setas, desta feita muito mais eficaz, que mata os espartanos todos, inclusive Leónidas que ainda tenta dizer "AÚ! AÚ! AÚ!" mas não consegue por ter uma seta cravada na laringe, portanto opta por delirar com a sua querida.
Um plano superior revela-nos uma composição de corpos mortos, num estilo trágico-barroco muito ensanguentado, com Jesus Cristo, perdão, Leónidas ao centro na posição de crucifixo, mas na horizontal e com setas.
A rainha recebe o pingente em forma de corno e passa esse precioso testemunho ao filho.
FIM.
300: uma fantástica épico-chachada com pretensões pictóricas e sem a noção do ridículo. Não perca, num cinema perto de si.
Quinta-feira, 12 de Abril de 2007
A única informação que estou em condições de assimilar neste momento é que infelizmente não posso tomar mais nenhum Guronsan hoje, além dos três anteriores, que por sinal ainda não me fizeram nada de assinalavelmente positivo (a diarreia já a tinha).
E porquê? Porque eu tenho esta estúpida mania de, mais amiúde do que seria compreensível, me comportar como se tivesse 17 anos, não trabalhasse, estudasse mas ainda não na faculdade, não tivesse portanto compromissos nem responsabilidades de maior e tivesse uma resistência física à prova de bala.
Mas não, a vida já não é assim e estas noitadas de exageros vários (os alcoólicos então...) a meio da semana fazem-me pagar caríssimo o meu desvario adolescente, e no dia seguinte tenho mesmo que me levantar e arrastar-me penosamente para o escritório, independentemente de ter passado metade da noite estreitamente abraçada à retrete* e de ter acordado ainda vestida da cintura para cima com a mesma roupa de ontem.
*Expressão da autoria da minha querida Cosmopolita (amor vem tratar de mim, please!)
Segunda-feira, 9 de Abril de 2007
Porque não há pachorra para essa cena da Páscoa, e por outras razões que não são da vossa estimada conta, este fim de semana embrenhei-me em Alfama, para duas noites de fado. Há coisas nesta cidade que nem se sabe que existem. Vidas. Gente que passou por tudo menos por facilidades. Gente que canta e serve às mesas. Gente que ama o fado porque se não amasse não o cantaria assim. Provavelmente não cantaria de todo. Gente com os transtornos no rosto, gente marcada na face pelo passar do desespero. Gente que ainda assim sorri. Que ainda assim te sorri, a ti que nem te conhece, um sorriso exausto mas sincero. Gente que não renega a única herança que lhe coube: o Fado. Gente que não se vê de dia, porque se movem como fantasmas.
Vê-te. Essa gente vê a tua alma sem roupa, traça-te um perfil em segundos e a sina secretamente. Com toda a probabilidade enganam-se. Mas essa história assim nascida fica indelével em ti, fica-te associada e é como te identificarão nas suas rasgadas memórias. Decerto adaptam-te as feições à meia luz, numa pincelada impressionista, e se te virem ao sol, nunca imaginarão que és tu. O teu corpo não interessa, o que lá deixaste é deles.
Esquecem-te, vivem contigo uma noite e esquecem-te, esquecem tudo, todos, noite após noite, todos os rostos diferentes, todos iguais.
Muito tempo depois, quando já ninguém, nem tu, se lembrar de nada, contarão esse teu esboço biográfico, quem sabe num fado, onde no entanto não te reconhecerás.
E assim se constrói a história de uma cidade.
Quinta-feira, 5 de Abril de 2007
Apetece-me algo diferente...
Como passar este fim de semana em Reykjavíc.
Para deserto, ao menos dêem-me um com montanhas cor-de-laranja e auroras boreais, além daquelas que se vêem por beber até ao delírio final.
A Primavera lá parece que é gira e quente (sério!), não é como esta merda que estamos a ver aqui.
É, apetece-me uma experiência árctica.
Terça-feira, 3 de Abril de 2007
Não há nada que eu possa fazer para nunca mais ter que levar com as assustadoras palermices do Mr. Bean?
Mas em lado nenhum!! Nem na homepage do Sapo, nem nas apresentações do cinema, nem na televisão! Nem sequer quando estou distraída!
Alguma coisa? Please?
Segunda-feira, 2 de Abril de 2007
Fantástico programa ontem, na RTP1, o "Diz Que É Uma Espécie de Magazine" dos Gato Fedorento, todo dedicado ao resultado patético do concurso "Grandes Portugueses", da mesma estação televisiva, na semana passada.
Espero que os atrasados mentais que votaram no verme de Santa Comba se tenham sentido envergonhados ao se verem remetidos a tudo o que são: absurdos e ridículos.
Mas provavelmente não.