- Convinha passarmos numa farmácia.
- Porquê, de que é que precisas?
- As miúdas estão cheias de piolhos...
- ...
Foda-se, se isso se sabe lá em casa!
- Pois...
Esta foi a conversa entre o meu pai e o amigo, no tal Mercedes que iluminava a noite em que chegámos a Bemposta. Disto já não me lembrava, e foi o meu pai, o único dos dois que ainda é vivo, que agora mo recordou. Para um(a) miúdo(a) naquela época, ter piolhos ou não ter não era nada de extraordinário, à excepção do incómodo da coçadeira. Isto porque a vida das crianças era na rua enquanto os pais estavam a trabalhar e a rua era uma instituição, um mundo misturado, uma experiência, uma escola, um passeio de ricos com pobres das barracas e com as classes do meio, onde, no entanto, as posses relevantes de cada um eram practicamente as mesmas; calçado e roupa, melhor ou pior, uma bola aqui, uma bicicleta ali, mas acima de tudo, os dois brinquedos mais fantásticos que conheci: tempo e imaginação.
Em Bemposta acordámos na manhã seguinte, numa cama grande, os três, eu, a minha irmã e o meu pai, num quarto do andar de cima. Os sinais de luta para escapar ao banho mata-piolhos na madrugada anterior ainda eram evidentes. Estava tudo num pandemónio, as roupas de viagem espalhadas por toda a divisão, ainda húmidas, secando nas costas das cadeiras.
Não havia água canalizada nem luz eléctrica. A higiene pessoal fazia-se sobre bacias. Havia sim, pedras nas paredes, escuras e amontoadas camadas graníticas, aglomeradas, creio, pela mesma mistura de palha e esterco que cobria, lá fora, o chão. Cheiravam a merda. Tudo cheirava a merda. Eu cheirava a Quitoso, que vai dar ao mesmo.
Depois das apresentações à matriarca, que nos fez torradas numa lareira onde eu cabia em pé e nos ofereceu o leite mais nojentamente gordo que tive de ingerir em dias de vida, calçámos as galochas para sair. Sim. Galochas. Quem se lembra delas em apenas duas variantes ponha o dedo no ar. As minhas eram azuis escuras com uma grossa sola amarelo-torrado e as da minha irmã eram vermelhas com sola branca.
Assim que saí à rua, olhando para todos os lados menos para onde devia, senti uma coisa estrebuchar debaixo do pé. Pisei um sapo, que em parte se desfez numa viscosidade verde-clara. Era o que faltava para vomitar o leite ali mesmo, por cima das botas do meu pai, que começava a abeirar-se de um ataque de nervos.
(continua)
Numa produção conjunta com o Tempus Blogandi, fica aqui um pedido especial (a que tenho todo o prazer em atender anytime, mediante compensação adequada, claro) na voz e performance fantástica da Mylène Farmer.
Deliciem-se!
Déshabillez-moi, déshabillez-moi
Oui, mais pas tout de suite, pas trop vite
Sachez me convoiter, me désirer, me captiver
Déshabillez-moi, déshabillez-moi
Mais ne soyez pas comme tous les hommes, trop pressés.
Et d'abord, le regard
Tout le temps du prélude
Ne doit pas être rude, ni hagard
Dévorez-moi des yeux
Mais avec retenue
Pour que je m'habitue, peu à peu...
Déshabillez-moi, déshabillez-moi
Oui, mais pas tout de suite, pas trop vite
Sachez m'hypnotiser, m'envelopper, me capturer
Déshabillez-moi, déshabillez-moi
Avec délicatesse, en souplesse, et doigté
Choisissez bien les mots
Dirigez bien vos gestes
Ni trop lents, ni trop lestes, sur ma peau
Voilà, ça y est, je suis
Frémissante et offerte
De votre main experte, allez-y...
Déshabillez-moi, déshabillez-moi
Maintenant tout de suite, allez vite
Sachez me posséder, me consommer, me consumer
Déshabillez-moi, déshabillez-moi
Conduisez-vous en homme
Soyez l'homme... Agissez!
Déshabillez-moi, déshabillez-moi
Et vous... déshabillez-vous
E a minha auto-prenda é uma oldie for a not so young anymore, que já cá cantam 35.
E agora tudo a levantar o rabo dessa cadeira e a cantar comigo, while shaking that ass!!
"Holiday"
Holiday Celebrate
Holiday Celebrate
[Chorus:]
If we took a holiday
Took some time to celebrate
Just one day out of life
It would be, it would be so nice
Everybody spread the word
We're gonna have a celebration
All across the world
In every nation
It's time for the good times
Forget about the bad times, oh yeah
One day to come together
To release the pressure
We need a holiday
[chorus]
You can turn this world around
And bring back all of those happy days
Put your troubles down
It's time to celebrate
Let love shine
And we will find
A way to come together
And make things better
We need a holiday
[chorus]
Holiday Celebrate
Holiday Celebrate
[chorus]
Holiday Celebrate
Holiday Celebrate
Holiday, Celebration
Come together in every nation.
Até dia 14!
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