As máscaras, os tubos, as barbatanas, o canivete suíço, a máquina fotográfica, as teleobjectivas, o tripé, o porta-moedas à prova de água onde também cabem notas, cartões e chaves, vários livros, guias de viagem.
Desde que isto me caiba na mala, tudo o resto pode ficar.
Barco Vai de Saída e outras canções que falam de viagens e de amores - Fausto ao vivo para vossas mercês, os estimados leitores, por ora feitos ouvintes.
O barco vai de saída
O barco vai de saída
Adeus ao cais de Alfama
Se agora vou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P'ra lá da loucura
P'ra lá do Equador
Ah mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
da Pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra-mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida
Sem contar essa história escondida
Por servir de criado essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa
Gingão de roda batida
corsário sem cruzado
ao som do baile mandado
em terra de pimenta e maravilha
com sonhos de prata e fantasia
com sonhos da cor do arco-íris
desvaira se os vires
desvairas magias
Já tenho a vela enfunada
marrano sem vergonha
judeu sem coisa nem fronha
vou de viagem ai que largada
só vejo cores ai que alegria
só vejo piratas e tesouros
são pratas, são ouros,
são noites, são dias
Vou no espantoso trono das águas
vou no tremendo assopro dos ventos
vou por cima dos meus pensamentos
arrepia
arrepia
e arrepia sim senhor
que vida boa era a de Lisboa
O mar das águas ardendo
o delírio do céu
a fúria do barlavento
arreia a vela e vai marujo ao leme
vira o barco e cai marujo ao mar
vira o barco na curva da morte
e olha a minha sorte
e olha o meu azar
e depois do barco virado
grandes urros e gritos
na salvação dos aflitos
estala, mata, agarra, ai quem me ajuda
reza, implora, escapa, ai que pagode
rezam tremem heróis e eunucos
são mouros são turcos
são mouros acode!
Aquilo é uma tempestade medonha
aquilo vai p'ra lá do que é eterno
aquilo era o retrato do inferno
vai ao fundo
vai ao fundo
e vai ao fundo sim senhor
que vida boa era a de Lisboa.
Foi Por Ela
Foi por ela que amanhã me vou embora
ontem mesmo hoje e sempre ainda agora
sempre o mesmo em frente ao mar também me cansa
diz Madrid, Paris, Bruxelas quem me alcança
em Lisboa fica o Tejo a ver navios
dos rossios de guitarras à janela
foi por ela que eu já danço a valsa em pontas
que eu passei das minhas contas foi por ela
Foi por ela que eu me enfeito de agasalhos
em vez daquela manga curta colorida
se vais sair minha nação dos cabeçalhos
ainda a tiritar de frio acometida
mas o calor que era dantes também farta
e esvai-se o tropical sentido na lapela
foi por ela que eu vesti fato e gravata
que o sol até nem me faz falta foi por ela
Foi por ela que eu passo coisas graves
e passei passando as passas dos Algarves
com tanto santo milagreiro todo o ano
foi por milagre que eu até nasci profano
e venho assim como um tritão subindo os rios
que dão forma como um Deus ao rosto dela
foi por ela que eu deixei de ser quem era
sem saber o que me espera foi por ela.
Letras de Fausto Bordalo Dias.
Olá malta!
Há muito que não dou novidades, mas antes tarde que nunca. Tenho andado muitíssimo ocupada, até porque aqui há condicionantes que requerem bastante tempo extra... Para ilustrar o assunto, um trecho de um post publicado no sempre excelente De Rerum Natura:
"O bom procrastinador adia por adiar. Para logo, porque não lhe apetece fazer agora. E como passou a oportunidade hoje, talvez amanhã. Porém, como amanhã também não apetece, irá adiar com promessas, para depois de amanhã, ou para mais tarde. Da semana que vem não passa, e jura. Mas passa. O problema é que o vazio de não fazer, vai ficando cheio com um fardo pesado, um mal-estar, enfim, um remorso - sentimento algo em desuso, mas como palavra ainda consta no dicionário. O problema manifesta-se em todos os sectores, é mais intenso em algumas culturas e ataca mais em certos climas. Mas afecta a vida de todos e tem enormes implicações sociais e económicas."
"Parece ser uma experiência extremamente comum entre pessoas que não acreditam em certos conceitos não-científicos, ouvirem daqueles que acreditam que devem ter mais abertura de espírito.
Este conselho é tipicamente baseado em raciocínios altamente imperfeitos e numa compreensão defeituosa do que ter abertura de espírito significa.
De facto, ter abertura de espírito apenas significa estar disponível para considerar novas ideias.
A ciência promove - e lidera em - abertura de espírito porque o avanço da nossa compreensão sobre a realidade na qual existimos depende de estarmos disponíveis para considerar novas ideias.
De facto, a descoberta cientifica exige amiúde novas formas de pensar.
No entanto, acreditar em certos conceitos não-científicos não faz de alguém automaticamente uma pessoa com abertura de espírito e muitas vezes significa que a pessoa é exactamente o oposto [de um espírito aberto]."
Aqui está o mote para reflexão. Consiste na tradução (minha) da primeira parte do vídeo em baixo, infelizmente só disponível em inglês. Para quem é verdadeiramente "open-minded" este vídeo é pura e simplesmente imperdível. Querid@ leitor@, teste a sua abertura de espírito, assistindo ao mesmo. Se quiser comentar, comente, será interessante de certeza.
* Este post foi inspirado neste, da Palmira F. Silva, uma pessoa que leio diariamente nesta dimensão que é a blogosfera e que demonstra constantemente possuir um espírito verdadeiramente aberto.
Como já dei a entender em algumas ocasiões, as minhas relações com as mulheres-a-dias são, no melhor dos cenários distantes e no pior, destiladoras de ódio. Uma das características mais arrepiantes que uma dessas senhoras pode ter para mim é falar demais e de forma opiniosa para se meter na minha vida privada mais do que o estritamente indispensável.
Mas o facto é que preciso urgentemente de contratar uma, só para evitar morrer de alergias, episódio que ameaça concretizar-se muito em breve, dada a minha falta de tempo para as tarefas domésticas.
Depois da nega seca que a empresa gestora de condomínio me deu, evidenciando a má-vontade com a super-credível desculpa de que não conheciam ninguém (pergunto-me como limparão as partes comuns do edifício...), resolvi perguntar a um colega de trabalho se conhecia alguma pessoa de confiança, que não roube, não peque fogo à casa, limpe efectivamente em vez de ver televisão o dia todo, etc., etc., etc., e ele diz-me Sim, conheço alguém, não sei se está livre, mas é de absoluta confiança. Só tem um problema: é surda.
Surda?! Mas isso é maravilhoso!, retorqui eu, emendando logo a seguir, Ou seja, não foi bem isso que eu quis dizer, coitada da senhora, o que quis dizer foi que para mim não constitui problema algum, desde que limpe bem, ela sabe ler, não sabe?, pronto, excelente, eu deixo-lhe recados escritos, não conto estar em casa, de qualquer modo...
E assim me encontro, ansiosa, à espera de saber se a promissora dama tem disponibilidade para trabalhar para mim, mas senão já sei o que vou fazer: um anúncio de jornal à procura de uma senhora das limpezas que seja surda-muda, a quem pagarei regiamente, com segurança social, contrato, seguro de acidentes de trabalho, décimos terceiro e quarto meses e tudo mais a que tiver direito, porque este país só andará para a frente quando aprenderemos a recrutar o profissional certo para o lugar certo.
O Sinusite Crónica acabou.
A Cosmo, que é grande fã desses rapazes e do estilo discursivo que lá praticavam, vai ter muita pena, ah pois vai.
Mas, suspeito, eles hão-de andar por aí, legíveis, breve, breve.
Def.: Fenómeno caracterizado pela brutal consciencialização de que os nossos problemas mundanos, triviais, diários, são pequeninos, pequeniiiiinos, comparados com o que nos rodeia.
Para reflectir, para que conste, para não esquecer, não perder de vista, não tirar da ideia:
"Alguns sucessos são apenas fracassos vivendo acima das suas possibilidades."
Se ao menos a consciência do facto atingisse mais intelectos, oh, se ao menos! Aí sim, teríamos provas irrefutáveis de evolução civilizacional, para já não falar no saudável e tão urgente decréscimo da hipocrisia. Optimismo não me falta, eu sei.
"Mankind Is No Island" é o título do filme que ganhou o Tropfest NY 2008. Tem a duração de três minutos e meio.
O Tropfest é o maior festival de curtas-metragens do mundo. Começou há dezassete anos em Sidney e teve a sua 1ª edição nova-iorquina no ano passado. O trabalho vencedor de 2008 foi totalmente filmado com um telemóvel em Sidney e Nova Iorque por Jason van Genderen.
O seu orçamento foi de quarenta dólares americanos.
E mais não digo porque as imagens valem mais que todas as minhas palavras.
(Recebido por e-mail)
O problema em encontrar assunto para postar no blog é que a realidade, neste momento, não me inspira. Nem a minha nem a do mundo lá fora.
O susto das sextas-feiras à hora do jantar é o Jornal Nacional da TVI na parte em que, como se já não bastasse a Manuela Moura Guedes com expressões faciais só possíveis a quem meteu parte das nádegas nas bochechas, de olhos abertos para além do limite em que se consegue evitar aterrorizar crianças, conduz uma entrevista a Vasco Pulido Valente num estilo porteirista (palavra minha, literalmente) que impede, além do acesso à informação credível e isenta, o entrevistado de se concentrar o suficiente para não tremer e balbuciar (tanto) os começos de cada frase.
Este triste espectáculo, tantas vezes repetido, de assustador acaba por passar a simplesmente confrangedor, e esse é o estado em que se encontra agora.
Às vezes acontece, muitas coisas sem relação alguma encontrarem-se num ponto comum.
O vídeo abaixo é um desses casos, numa interpretação pessoal, claro. Mas o que é a vida, senão pessoal?
(...pausa para porem a tocar...)
A belíssima melodia foi evidenciada pelo filme Closer (Mike Nichols, 2004), que a Cosmo já referiu aqui e aqui. Um filme que nos impressionou porque aborda questões complexas do amor e da sexualidade sem cair nos facilitismos do julgamento moral, com uma profundidade terrível, despida, invulgarmente realista. Uma perspectiva rara, portanto.
Agora Seu Jorge e Ana Carolina, aquela que comeu a madona, dois brasileiros cujas carreiras artísticas sempre tive pena de não conhecer (nem bem nem mal), apresentam-se-me juntos interpretando a canção de Damien Rice e colando-lhe uma letra com ADN brasileiro, enchendo-a assim do calor tropical e sensualidade que faltaram ao intérprete original.
E é por isso que eu não vou parar... de ouvir.
"Venho por este meio comunicar-lhe que a DGCI procedeu ao alargamento do período de isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) de que beneficia, relativamente ao prédio urbano afecto à sua habitação própria e permanente. Esse período de isenção que era até agora de seis anos foi alargado para oito anos."
(Recebido por e-mail)
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