"Alexandra Lencastre, Alexandre Quintanilha, Ana Bola, Ana Catarina Mendes, Ana Drago, Ana Gomes, Ana Marques, Ana Salazar, Ana Sara Brito, Ana Vicente, Ana Zanatti, Anabela Mota Ribeiro, Anália Torres, André Freire, António Avelãs, António Costa, António Marinho Pinto, António Pinto Ribeiro, Astrid Werdnig.
Bárbara Bulhosa, Bernardo Sassetti, Boaventura de Sousa Santos, Bruno Nogueira, Carlos Fiolhais, Carlos Poiares, Catarina Furtado, Catarina Portas, Clara Ferreira Alves, Dalila Carmo, Dalila Rodrigues, Daniel Oliveira, Daniel Sampaio, Daniela Ruah, David Fonseca, Delfim Sardo, Desidério Murcho, Diana Andringa, Diogo Infante, Duarte Cordeiro, Edite Estrela, Edgar Taborda Lopes, Eduarda Abbondanza, Eduardo Dâmaso, Eduardo Pitta, Eurico Reis.
Fátima Bonifácio, Fátima Lopes, Fernanda Fragateiro, Fernanda Lapa, Fernando Alvim, Fernando Rosas, Fernando Pinto do Amaral, Francisco George, Francisco Teixeira da Mota, Gabriela Moita, Gonçalo M Tavares, Graça Morais, Guta Moura Guedes, Helena Pinto, Helena Roseta, Heloísa Apolónia, Heloísa Santos, Henrique de Barros, Herman José.
Inês Castelo-Branco, Inês de Medeiros, Inês Pedrosa, Irene Pimentel, Isabel do Carmo, Isabel Mayer Moreira, Jamila Madeira, João Gil, João Luís Carrilho da Graça, João Salaviza, José Diogo Quintela, José João Zoio, José Luís Peixoto, José Manuel Pureza, José Maria Vieira Mendes, José Mário Branco, José Saramago, José Wallenstein, Julião Sarmento, Júlio Machado Vaz, Lena Aires, Leonor Xavier, Lídia Jorge, Lígia Amâncio, Lili Caneças, Luís Capoulas Santos, Luís Eloy, Luís Fazenda, Luís Filipe Costa, Luís Miguel Viana, Luís Osório, Mafalda Ivo Cruz, Manuel Graça Dias, Manuel Hermida, Marco Delgado, Margarida Gaspar de Matos, Margarida Vila-Nova, Maria João Luís, Maria João Seixas, Maria Isabel Barreno, Maria Rueff, Maria Velho da Costa, Marta Crawford, Marta Rebelo, Merche Romero.
Miguel Lobo Antunes, Miguel Portas, Miguel Sousa Tavares, Miguel Vale de Almeida, Nuno Artur Silva, Nuno Costa Santos, Nuno Galopim, Nuno Lopes, Nuno Markl, Odete Santos, Patrícia Vasconcelos, Paula Lobo Antunes, Paula Neves, Paulo Baldaia, Paulo Pena, Paulo Pires, Paulo Trezentos, Pedro Calapez, Pedro Marques Lopes, Pedro Nuno Santos, Pêpê Rapazote, Piet Hein Bakker, Ricardo Araújo Pereira, Ricardo Pais, Richard Zimler, Rosa Mota, Rui Cardoso Martins, Rui Pena Pires, Rui Reininho, Rui Rangel, Rui Tavares, Rui Zink, Sérgio Godinho, Sérgio Trefaut, Solange F., Sofia Aparício, Soraia Chaves, Teresa Beleza, Teresa Guilherme, Vasco Rato, Vera Mantero, Vital Moreira, Wanda Stuart, Xana, Zé Pedro.
(Estes são alguns dos mais de 800 900 subscritores do Movimento pela Igualdade e do respectivo manifesto a favor do casamento civil das pessoas do mesmo sexo, um movimento da sociedade civil que será lançado no domingo, dia 31, às 16.00, no Cinema São Jorge, em Lisboa. Mova-se também.)"
No Jugular e no DN, pela Fernanda Câncio.
Eu e a Cosmo também somos subscritoras e eu estarei no Domingo, no Cinema São Jorge em Lisboa, para assistir à apresentação formal do MPI.
Falta-me o deserto. Nunca estive num deserto. Já estive em sítios ermos, naturalmente, mas nunca num deserto a sério. Também nunca tinha sobrevoado África durante o dia, tanto quanto me posso lembrar, e agora que o estou a fazer, perscrutando o Sahara, apercebo-me quão impressionante é um sítio destes, de uma tal extensão que a vista não abrange mesmo a dez quilómetros do chão.
Um deserto é uma maravilha natural tão extraordinária quanto a selva amazónica, a grande barreira de coral na Austrália e os Himalaias. Um deserto é espectacular à sua maneira.
Sempre me fascinou isto de ver o mundo de cima, sempre me desafiou e divertiu tentar identificar posições através das características geográficas. Quem me dera que os pilotos me convidassem para viajar no cockpit e me ajudassem a identificar as cidades e os desertos...
Não há nenhuma evidência de vida. Nenhuma. Voamos há horas sobre o deserto e não há nada que possa fazer supor que alguma forma de vida exista lá em baixo. Portanto o que me puxa para baixo é saber que isso é uma ilusão.
Faltam sensivelmente duas horas e quarenta minutos para aterrar em Lisboa, o que nos coloca sobre a Argélia. "Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar." Olhando com mais atenção, vários pontos, em trilhos rochosos. Serão sombras? Miragens?
Voamos há horas sobre um deserto que só sabermos ter limites porque confiamos na cartografia que toda a vida nos impingiram. De outra forma, poderíamos perfeitamente pensar que tínhamos chegado ao infinito. Isto é o infinito.
(Imagem tirada daqui)
Há sempre uma primeira vez para tudo na vida e esta foi a primeira vez, em mais de nove anos de inúmeros e variadíssimos testes, que vi os olhos da Cosmo quase saltarem das órbitas ao provar uma certa iguaria picante, seguindo-se um ataque de tosse galopante que demorou a aliviar.
E se isto lhe aconteceu a ela, a rainha da resistência ao picante, criada no meio de especiarias infernais, a vocês, meu caros, não tenham dúvidas, a tal iguaria matava-vos.
A impala é o antílope mais comum no Kruger Park. Os grupos familiares têm normalmente vinte a trinta animais. A época de acasalamento é no Outono austral, ou seja, em Maio. Os jovens machos abandonam os seus grupos para definirem territórios próprios onde acasalarão com várias fêmeas. As crias nascem todas na mesma altura, dado que a época de acasalamento é só uma, o que providencia melhor defesa contra predadores. Os grupos alimentam-se por turnos, havendo sempre impalas de cabeça levantada perscrutando todas as direcções, alerta para possíveis perigos, enquanto outras estão de cabeça baixa alimentando-se de ervas junto ao chão.
Todos os dias aprendo alguma coisa de novo nos pacotes de açúcar que vêm com o café. Gosto destas duas citações em particular
"When you forgive someone, the knots are untied and the past is released."
Reshad Field
"Use no hurtful deceit; think innocently and justly and, if you speak, speak accordingly."
Benjamin Franklin
Dizem que as suas listras são como as nossas impressões digitais: únicas.
Têm sempre um aspecto bem alimentado porque acumulam uma grande quantidade de gases que lhes avolumam o estômago.
Três dias no Kruger Park, África do Sul, onde à beira da estrada (chamemos-lhe assim) se vêem girafas mordiscando as copas das árvores, chitas passeando com lassidão, rinocerontes brancos encaracolando a cauda em sinal de desagrado pela nossa presença, leões observando-nos com interesse, babuínos catando-se, pitons africanas em busca da próxima refeição, águias imponentes sobrevoando a savana.
Por oposição a placards publicitários, sinalização de trânsito, lixo, postes de alta tensão, torres de telecomunicações, sirenes, excesso de gases carbónicos.
Um variação inesquecível.
o cheiro da relva cortada de fresco
o azul escuro do Índico ao longe
o brilho radioso do sol no azul mais claro do céu
o chilrear dos pássaros nas árvores que me sombreiam a casa
a cadeira vazia da tua presença na mesa do alpendre
As fotografias já vai.
(depois)
2 de Maio de 2009, 6:15h, vôo TP261
Aterrámos em Maputo. O sol nasce vermelho, um vermelho africano, levantando-se do Índico. Durante o táxi há silêncio na cabine, um silêncio matinal. Não há um cinto que se desaperte, uma voz que se levante. Apenas um estupor generalizado resultante de dez longas horas nocturnas de desconforto e cansaço.
Finalmente o avião imobiliza-se, os motores adormecem e aí sim, instala-se a azáfama dentro e à volta dele.
Olho a placa ansiosa, a terra firme do outro lado, o chão do oposto hemisfério, onde me aguarda a mulher da minha vida, provavelmente observando algures de um ponto escondido o enorme A340 acabado de chegar. Quero sair daqui.
Acoplam-se as escadas, abrem-se as portas.
Vou descer.
Na minha ausência a blogosfera continuou produzindo-se a bom ritmo, na costumeira existência virtual de que uns vivem e outros nem sabem que existe.
Eu estive numa parte do planeta onde ela quase não tem expressão. Digamos que a própria parte do planeta também não tem lá muita expressão, votada aos confins austrais de um mundo subdesenvolvido.
Para mim a blogosfera não existiu de todo durante os últimos vinte dias, como alguns (poucos, mas bons) aficionados deste blog terão notado, ou apenas surgiu esporadicamente como a vaga memória de uma vivência longínqua.
A ela regressada, claro que não vou ler os cerca de dois mil posts que o Google Reader acusa nas minhas subscrições. Que se lixe o que se passou, quero lá saber. Lerei apenas os blogs dos afectos, dos amigos, que são mais raros e se revestem de uma importância intemporal.
Se já é preciso coragem para voltar a este ritmo frenético e solitário, imagine-se se eu ainda tivesse preocupações de recuperar o que não vivi.
Vou antes recomeçar os hábitos da escrita bloguística de forma nostálgica e vagarosa, porque preguiça é o que sinto, publicando algumas notas de viagem e, com sorte, um punhado de fotografias. Espero que a Cosmo me ajude nisto. Mas só começo amanhã, nem me vou dar ao trabalho de explicar porquê, o leitor que me perdoe, se ainda estiver desse lado.
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