Longe de Portugal e dado que só tenho o pacote básico de televisão, o meu único contacto com a realidade do país acaba por ser através da RTP Internacional.
Mas já não aguento mais, estou pelos cabelos! Dir-se-ia que em Portugal e no mundo nada mais há do que os 42 mortos da Madeira e as escutas deste e daquele, mais as Comissões de inquérito e quejandas e todas as comadrices que ali se ouvem. Isso e aquele ser de pesadelo, do ponto de vista físico, intelectual, técnico, ético e estético que é a bruxa da MFL, para não falar já naquele ser inconcebivelmente repulsivo que é o palhaço das bananas!
Estou farta! Irra, que já chega!
Pasmei ao ver uma pseudo "tia" muito católica, tá a ver?, a manifestar-se na Av. da Liberdade, afirmando que não o fazia para discriminar ninguém ou para retirar direitos fosse a quem fosse, mas pela família.
Mas o que é que lhes dói? Não estão a a ser assediados, nenhum homossexual se quer casar ou constituir família com eles, ou quer?
Tal como já tinha sido previsto aqui, avizinha-se a tentativa de Golpe de Estado.
Acabei de assistir à entrevista que a Judite de Sousa fez ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Dr. Noronha do Nascimento. De sublinhar da parte desta, o péssimo e tendencioso jornalismo, a má criação quando gesticulava de óculos em riste, o corpo inclinado para a frente, os olhos coruscantes e acusadores, o tom autoritário e agressivo, as interrupções constantes ao que o entrevistado respondia, o desagrado e falta de respeito quando as respostas não eram as que queria e a ausência de neutralidade jornalística e política, que foram uma constante. Até parecia um julgamento em que o acusador fazia cair sobre o réu uma chuva de perguntas, não lhe dando sequer a oportunidade de se defender.
Sou adepta de policiais desde os meus 9 anos e penso que cheguei a ter a colecção Vampiro praticamente completa. Deixei de a comprar quando esta editora, em claro detrimento da qualidade das obras e para poupar uns tostões, passou a contratar uns analfabetos para lhe traduzir os livros, o que tornou a leitura destes num penoso e ingrato esforço, em vez de numa actividade lúdica.
Segui na altura com muito interesse e aflição o caso da Madeleine McCann e concordo inteiramente com Gonçalo Amaral. Aquilo em que o casal McCann está a apostar é no benefício da dúvida relacionado com o facto de a ciência ainda ser incapaz de dar resultados com 100% de fiabilidade. Se havia imensas coisas que não encaixavam e que eram estranhas na cena do crime, então a descoberta pelos cães de manchas de sangue num carro, que só foi alugado pelos pais 20 e tal dias após o desaparecimento de Madeleine, e de mais manchas de sangue da criança já lavadas na parede da sala, fez que as peças se encaixassem como num puzzle.
Estava convencida, como muita gente, que um trágico acidente teria causado a morte de Madeleine, mas a permanente recolha de fundos pelos pais a nível internacional, a violenta campanha orquestrada pelos McCann contra Gonçalo Amaral, o embargo do livro deste "Maddie - A Verdade da Mentira", as indemnizações pedidas, fez-me deixar de ter qualquer espécie de pena deste casal. Oxalá a verdade venha ao de cima e se faça justiça!
Como resultado do apelo deixado aqui no Azinhaga, recebi um mail do Sérgio Vitorino com a seguinte informação, que podem encontrar também no Panteras Rosa:
"À semelhança do que tem ocorrido nos últimos dois anos, a Teresa, a Lena e as suas duas filhas estão mais uma vez na eminência de expulsão de uma casa, e de terem de se mudar para outra habitação e outra zona do país. A "operação" é custosa e para lá das suas possibilidades financeiras, mas poderá vir a ser uma oportunidade de finalmente se estabelecerem e estabilizarem as suas vidas. Com a sua autorização, as Panteras Rosa assumiram a iniciativa de divulgar os seus dados bancários, junto com um apelo à solidariedade para com esta família, que necessita realmente de um apoio. Monetário ou não, todo o apoio é bem-vindo.
Helena Maria Mestre Paixão
conta BPI: 1-3806134.000.001
NIB: 0010.0000.3806.1340.0016.8
Deixo o link para a reportagem da RTP que aborda pela primeira vez o que aconteceu a Helena Pires e Teresa Paixão desde que iniciaram o seu processo de grande visibilidade mediática pelo direito a casar. Bem longe do 'glamour' das revistas gays ou do estereótipo urbano e financeiramente confortável de gays e das lésbicas, uma amostra do Portugal real, a realidade crua da pobreza e de como ela se alia à lesbofobia para impedir às pessoas os seus mais básicos direitos: acesso à habitação, acesso ao trabalho, o direito a viver em paz, sem discriminação pela orientação sexual ou... de classe.
Vamos então dizer tod@s não à homofobia, apoiando com a nossa solidariedade a Helena e a Teresa, figuras emblemáticas da nossa luta pela igualdade de direitos.
I Acto - A "não-notícia"
Toda a gente que tenha um mínimo de conhecimentos jurídicos sabe que cabe a quem acusa produzir prova do que diz. No caso da "não-notícia" de que tem falado o país, o JN fez muito bem em considerar que a crónica do Crespo não era um artigo de opinião sério até pela ausência de contraditório, mas um diz-que-disse, uma coscuvilhice, uma calhandrice, uma eventual difamação com direito a processo em tribunal e a eventual choruda indemnização. Há em todos os jornais sérios do mundo um departamento jurídico que verifica se as notícias o são de facto ou se podem ser consideradas acções de difamação, pelo que o Director do JN estava apenas a cumprir uma função que lhe compete tendo sido apoiado pela Redacção.
II Acto - A segunda vítima da censura
Repare-se que quem retirou a notícia foi o Crespo e não o JN que a censurou, coisa que toda a gente, a quem convém desvirtuar o que realmente aconteceu, parece ter esquecido. O Crespo auto-vitimou-se propositadamente. Para fazer de uma "não-notícia" uma notícia. Para ser, tal como a outra senhora (que, impunemente e porque era a "patroa" , perseguiu, censurou e insultou quem quis e lhe apeteceu), o motivo de conversa do país, mas, e sobretudo, para fazer parte de uma acção global concertada com duas vertentes essenciais: por parte da extrema direita contra o PS para assumir o controlo político da Nação e por parte de certos grupos financeiros para assunção do controlo económico e dos media em Portugal (em que estes dois "jornalistas" têm assento obrigatório, claro!). Como toda a gente sabe "a melhor defesa é o ataque". E Crespo, bom amigo do "nosso" Carlucci, não é ingénuo nem novato nestes assuntos.
III Acto - A conspiração
Tal como já se esperava, aparece a seguir à vitimização do Crespo a conspiração, contra cujos intervenientes, lutavam, implicitamente, as nobres figuras (dama e valete), entretanto derrubadas pelo regime! A partir daí quem quer que tente permanecer neutro em relação aos acontecimentos é cilindrado pela tal informação "livre". Lembra-me o que Staline fez com os companheiros de luta de Lenine: persegui-os e matou-os a quase todos! O truque é isolar/aniquilar quem não está do lado desta clássica manobra de (re)tomada de poder. E ir fazendo surgir, como figuras rectas, sensatas e imprescindíveis à democracia, outros intervenientes da política, salvadores da Pátria e candidatos a eleições num futuro próximo. Pergunto-mer com curiosidade e inquietação, quem está por trás de Crespo, Manuela Mouta Guedes e Moniz? A quem interessa afinal tanto a TVI?
IV Acto - O derrube
Quem me conhece sabe que não sou socialista, não milito em nenhum partido, não me revejo de todo na política de Sócrates e não o considero um democrata. Acredito que ele, e outras pessoas da sua esfera, em privado, possam insultar quem quer que lhes apeteça, dizer o que quer que pensem, fazer o quer que queiram que não seja ilegal. Como o faz o Presidente da República. Ou Manuela Ferreira Leite. Ou eu. Sem serem "bufados" por isso. Faz parte das regras de uma sociedade democrática. Tais factos não me retiram a lucidez e não me impedem de ver o que aqui se está a tramar. E desses "democratas" ocultos tenho medo, muito, muito medo!!! Esses é que são verdadeiramente perigosos. Como a história já nos demonstrou, depois de uma conspiração vem, quase sempre, um IV Acto. Observemos com atenção o que a seguir se vai passar e as posições que serão assumidas pelas diversas figuras de xadrez neste tabuleiro da política portuguesa.
Vi ontem, com os olhos cheios de lágrimas, um comentário sobre a Teresa e a Helena. Só as conheço dos programas de televisão, dos blogues e dos jornais. Conheço-as como duas mulheres que, desafiando toda uma sociedade hipócrita, intolerante, conservadora e repressiva, tiveram a coragem de dar a cara e de tomar a iniciativa de se dirigir a uma Conservatória para se casarem. Um símbolo que serviu de rosto a uma causa justa. E que, como todos os símbolos está a pagar o preço disso.
Dizia a peça, a dada altura, que a Helena e a Teresa estão a ser muito mais discriminadas socialmente e a nível do mercado de trabalho pelo facto de serem mulheres e homossexuais. Acrescentou o Sérgio que a discriminação era agravada pelo estrato socio-económico a que pertencem. Dolorosas e injustas verdades. Lembrei-me logo do poema "A invenção do Amor" de Daniel Filipe .
Vendo-as às duas, sozinhas e com as filhas, vendo as lágrimas que a Teresa já não consegue conter e a força que a Helena faz para não chorar também, senti uma enorme vontade de as abraçar e de lhes dizer que gosto muito delas, que lhes tenho um profundo respeito, que muito apreciaria se me quisessem como amiga e que não caiu em saco roto a coragem que tiveram para defender o amor que as une, o direito a constituirem uma família e a criarem as filhas numa sociedade mais aberta e tolerante, sem serem marginalizadas e sem ser posta em causa a sua dignidade.
Chocou-me a entrevista com a Ilga. Não as ajudou, porque elas não pediram. Pedir? Pedir??? A Ilga não percebe que a verdadeira ajuda é proactiva e desinteressada? Que elas não são mendigas? Que eles já deveriam ter contactado as outras Associações para que junto dos seus membros e dos seus lobbies conseguissem ajudar esta família, arranjando-lhes um emprego, garantindo-lhes alojamento e sustento enquanto não o conseguissem obter por si próprias? Afinal elas, com o seu gesto, fizeram muito mais pela causa do que as Associações todas com mil palavras!
Vamos tentar ajudar a Teresa e a Helena. Vamos criar um fundo de apoio e falar com amigos e conhecidos para ajudar esta família a ter uma casa, um trabalho e uma escola permanente para as duas filhas. Vamos contactar o Sérgio Vitorino das Panteras Rosa para ver se ele tem disponibilidade para organizar este movimento de solidariedade. Vamos a isso?
Continuo a achar surpreendente o facto de Portugal gostar tanto do "diz que disse" das conversas de porteira.
Não há dúvida de que é porque me esqueço que não deixámos de ser um país provinciano, de hipócritas, de padres e de parolos!
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