Já não devia, mas não consigo evitar. Põe-me sempre doida ouvir esse reaccionarismo neoliberal de que "só não trabalha quem não quer, que há muito trabalho por aí e o desemprego é culpa das pessoas que não o querem fazer". Quem o profere é normalmente alguém que esconde cobardemente os seus limites, no sentido em que também não faria tudo o que fosse preciso, atrás da fanfarronice e das mangas arregaçadas. Limites esses que se manifestam ainda ao nível do egoísmo e cegueira próprios de quem na verdade se está a cagar para os outros e, já agora, para o país e o mundo em geral, desde que a sua própria pessoa esteja bem, limites que não lhes permitem nem desconfiar que eu, que os ouço dizer estas coisas na minha cara, quando estive desempregada, por altura da anterior crise, hoje conhecida como a bolha das telecoms, também podia ter trabalhado se quisesse. Podia ter passado de directora geral de uma pequena empresa, responsável por trinta postos de trabalho, a operadora de call center ou a promotora de comida de gato num hipermercado. E sabem que mais? Fi-lo. Aguentei a humilhação de ser explorada em praça pública e aceitei fazer parte da classe escrava dos tempos modernos. Só para ver como era. Só para ver se o meu desespero podia mesmo ser resolvido assim, tão facilmente, à laia de comissões miserávais sobre pacotes de duzentos gramas de ração de qualidade duvidosa. Para ver se era verdade que não existe, na opinião de algumas pessoas, razão para sentir humilhação, "porque o trabalho dignifica", sendo que são precisamente essas mesmas pessoas, esses fanfarrões abjectos que nos olham demoradamente no supermercado e sublinham com toda a expressividade que conseguem incutir ao seu desprezo vitorioso "mas (pausa) agora estás aqui (pausa, olhando em volta) a fazer isto? (sorriso condescendente)", ou seja, os que não perdem oportunidade de tentar humilhar o próximo. Deve ser também por isto que as crises levam ao aumento da criminalidade. É que apetece muito mais dar um tiro em alguém e não é em troca de nada, nem para tomar posse de bem material nenhum. É para purgar a sociedade de certas mentalidades. É serviço público.
Sabes que estás velha quando alguém com quem praticas desporto semanalmente é incapaz de te tratar por tu, não importa quanto lhe peças.
Ontem à chegada, fui acolhida pela deliciosa calidez da noite africana e pelo grupo de amigos com cartazes de boas vindas e abraços apertados. Como é diferente este continente e como me está entranhado na pele de uma forma que é incompreensível para tantos europeus...
Vou sentir a falta desta série, que influenciou tanta gente, gay, hetero ou transsexual, em todos os países em que passou. De certa maneira era como se também pertencessemos àquele grupo de amigas, vivessemos na mesma cidade que elas e partilhássemos os seus problemas e alegrias.
Quem não se lembra das múltiplas cópias de Shanes que aparecerem por aí na noite gay? Quantos de nós se não identificaram com algumas das personagens da série?
De todas as pessoas presentes na noite do crime, qual delas matou Jenny? Vou apontando as razões que cada pessoa presente na festa em casa da Beth e da Tina na noite do assassinato de Jenny, pode ter tido. Deixo ao vosso instinto detectivesco os palpites sobre quem pode ter sido a assassina.
Comecemos pelo casal mais emblemático da série, Beth Porter e Tina Kennard. Apesar das diferenças de personalidade, o profundo amor, admiração, cumplicidade e solidariedade que sentem uma pela outra e o sentido de familia que as une, acabou por levar a melhor. Penso que muita gente torceu para que, após todas as crises que atravessaram, encontros e desencontros, separações, paixões e ligações que cada uma delas teve separadamente, apesar do tempo que decorreu, acabassem juntas como família. Ambas excelentes profissionais, cada uma no seu ramo, provaram que duas mulheres intelectuais, cultas, independentes e autónomas podem criar uma filha, a Angelica, e dar-lhe uma família, sem que nenhuma delas tivesse de abdicar de ser quem era.
A Tina podia ter matado a Jenny, devido ao facto de esta lhe repetir com frequência que detestava trabalhar com ela, e de, ao ter roubado os negativos do filme Lez Girls, ter deixado que Tina fosse considerada responsável pelo desaparecimento destes e tivesse sido despedida.
A Beth podia ter tido como razão o facto de a não suportar a forma como Jenny tratava Tina mas, sobretudo, porque Jenny se preparava para dizer a Tina o que já tinha dito a outras amigas do grupo: que tinha provas fotográficas de que a Beth andava a enganá-la, com uma antiga colega de faculdade, a Kelly. Após Beth ter dito a Tina "I promise that I share your values about family and faithfulness, committment and that I will never ever cheat on you again", Beth sabia que Tina nunca mais confiaria nela e que isso destruiria de vez a família delas, ainda por cima numa altura em que estavam a ampliar a casa para poderem ter outra criança.
Passemos ao outro casal da série, a Alice Pieszecki e a Tasha Williams. Com problemas relacionais, devido à ausência de interesses em comum e profundas diferenças de maneiras de ser e estar, envolveram-se numa relação de amizade a três com uma amiga recente de quem se tornam inseparáveis, Jamie Chen. Jamie traz outro dinamismo e alegria à vida deste casal, apimenta-a até do ponto de vista sexual. Apesar de todos os avisos do grupo de amigas para o inevitável perigo desta situação, Tasha e Jamie acabaram por se apaixonar, (é quase um cliché em casos de casais em crise ou em relações de muito longa duração), e Tasha deixa Alice pela Jamie.
Alice é a criadora do famoso quadro de relações entre amigas e conhecidas suas, "The Chart" e à pergunta "Why is it so important for you to believe that everyone is sleeping with everyone else?", Alice responde "Because they are". Quando ficou desempregada pediu a Jenny que revisse com ela um argumento que tinha escrito para um filme. Jenny correu com Alice, dizendo que o argumento era medíocre. no entanto vendeu-o como se fosse da sua autoria. Alice pode ter matado Jenny por esta razão.
Tasha, confusa e culpabilizada por se ter apaixonado por uma amiga comum em quem Alice confiava, quando volta para Alice pode ter querido vingá-la da maldade de Jenny.
No próximo post, analisarei os motivos das outras personagens e convido-vos a pronunciarem-se.
A noite continua e a música também. Acompanhem-me nesta digressão musical com os Queen e o espantoso Fred Mercury.
A trabalhar no meu computador pela noite dentro, a televisão desligada (não gosto de intrusos em casa), oiço um dos meus velhos grupos preferidos, os Vaya com Dios. Se gostam deles, sintonizem o vosso PC com o meu e oiçam.
Aqui deixo uma canção para as pessoas defendidas e cautelosas ouvirem e reflectirem.
Dizia-me uma das minhas irmãs no outro dia "o sempre e o nunca mais é demasiado tempo".
Fiquei a remoer esta ideia e não posso deixar de lhe dar razão. Quem pode prever o futuro e as voltas que a vida dá para afirmar peremptoriamente "sempre" ou nunca mais"?
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