Interessar-me por homens (eroticamente falando) seria mais fácil se eles fossem conversadores compulsivos, se tomassem as rédeas de um diálogo com pulso e me poupassem a trabalheira. Se não ficassem ali especados a olhar para mim com aquele sorrisinho que é sempre o mesmo e lhes está de certeza no código genético. Que quer dizer sempre o mesmo. Ai, o que o óbvio me irrita nem sei dizer! Não importa muito o que dissessem, desde que o proferissem com alguma noção de bom estilo narrativo e acima de tudo, desde que evitassem a todo o custo a ladainha lamecho-primária (acabei de inventar) sobre os meus atributos mais superficiais. Ouvi dizer que os há. E então se a amostra tiver por fonte a blogosfera, eu própria admito que eles são aos montes! Mas nunca se cruzaram comigo in persona. Ou então reservam os virtuosismos intelectuais em exclusividade para o mundo virtual. Ou então são exactamente esses que me ignoram ostensivamente. De qualquer forma, a conclusão é a mesma: a incompatibilidade parece ser incontornável.
Para mim, as potencialidades de controvérsia deste post estão mais na utilização da tão popular expressão "à séria" que no texto em si. "À séria" não existe, existe "a sério".
Quanto a interessar-me por homens (eroticamente falando), não poderia estar mais em desacordo, no que me diz respeito) com a Citadina e com o pirata! Viva a diversidade!
Tenho três tipos de interesse eróticos por homens. Há os homens por quem o interesse erótico é momentâneo, não resulta de nenhuma atracção física especial (e muito menos de uma atracção intelectual). Diria que resulta antes de uma percepção de que as coisas se poderiam desenvolver de forma intensa e harmoniosa e sem necessidade de continuidade. Esses não poderiam nunca abrir a boca (antes, durante e depois) e muito menos estar ao meu lado quando acordasse.
Depois há o interesse erótico que resulta de uma forte atracção física, complementada pela percepção de que as coisas se poderiam desenvolver intensa e harmoniosamente, com alguma continuidade no tempo, e que poderiam depois tornar-se numa amizade. Aí podem e devem falar, embora não tendo forçosamente de ser pessoas intelectualmente muito interessantes.
O terceiro caso é aquele em que o interesse erótico resulta de um forte interesse intelectual inicial pelo homem. Em que me agrade particularmente conversar com ele. Não em jeito de monólogo ou diálogo compulsivo, mas de agradável troca de ideias, de procura e encontro de afinidades/complementaridades, de percepção de inteligência, cultura e sensibilidade, de mútua sedução. Este é o caso que normalmente descamba em amor, sendo o interesse erótico decorrente da essencial fusão necessária à relação amorosa.
Devo dizer em abono da verdade, que acho que não há uma diferença assim tão abissal nos comportamentos a nível dos homens e das mulheres naquilo que irrita a Citadina: o óbvio.
Também devo dizer que a dificuldade em encontrar-se pessoas interessantes e compatíveis connosco é igual para homens e mulheres. Há cada vez menos seres humanos cultos e com interesse, sejam eles homens ou mulheres!
Sendo neta, filha, irmã, prima, mãe e amiga de homens, não acho justo exigir-lhes mais do que exigiria a uma mulher. Com uma dificuldade acrescida para eles: a de terem de lidar com o universo feminino tão complexo e imprevisível, quer a nível emocional quer sexual.
Cosmopolitana! O que diz complementa, em parte, e não invalida, na parte, o que dissemos, eu e a outra litigante. Detalhe! Adelante... o que gostava que tivesse em conta é que a expressão ’a sério’, resultará da contracção, por apagamento coloquial de palavras, de expressões como ‘a ser sério’ ou ‘a parecer sério’ (...); a expressão ’à séria’, embora eventualmente mais recente ou não tão vincada pelo uso, resultará de apagamentos em expressões como ‘aquela, a séria’ ou ‘a outra, a séria’ (...).