Another Brick in the Wall (Part 2)
We don't need no education
We dont need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teachers! Leave us kids alone!
All in all it's just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall.
Veio-me à memória, a propósito de todo este descalabro no sector da Educação em Portugal, esta música e um livro notável de Evan Hunter, "Sementes de Violência", adaptado ao cinema por Richard Brooks em 1955. Conta(m) a história de um novo professor numa escola secundária de um bairro degradado americano que, na tentativa de pôr em prática os seus ideais, paga um preço alto no confronto com adolescentes problemáticos.
Na música fala-se contra uma educação autoritária e castradora, e no livro / filme retratam-se cenas bastante mais violentas da parte dos alunos para com os professores do que a cena do Carolina Michaelis.
Tudo isto para dizer que os problemas não são novos, não são exclusivamente portugueses e acima de tudo, não se resolvem a chamar bandidos aos professores e/ou aos alunos.
Porque de facto, a culpa não é dos professores nem dos alunos mas sim do Sistema, essa entidade aparentemente abstracta, que integra todos os sectores do Estado e da Sociedade e que reflecte todas as crises destes.
Com a massificação da educação no pós 25 de Abril e o fecho das escolas profissionais, as turmas encheram-se até atingirem números de mais de 35 alunos. Por outro lado, o aumento do desemprego, fez que muitos jovens se tornassem professores, embora não fosse essa a sua vocação. Além disso, os conteúdos programáticos que se leccionam são absolutamente obsoletos, descontextualizados, anti-pedagógicos e desproporcionados em volume em muitas disciplinas.
A transmissão de conhecimentos/competências é um processo que tem de ser forçosamente biunívoco. Ou seja, não basta debitar um programa extensíssimo em salas de aulas sem as menores condições ou materiais pedagógicos, e não saber, a não ser ocasionalmente através de alguns testes, se essas competências foram adquiridas de forma eficaz. Em cada aula deveria haver um período final em que o professor pudesse aperceber-se se e o que conseguiu comunicar. E os alunos deveriam ser informados da utilidade daqueles conteúdos para a sua futura vida profissional a fim de se interessarem por estes.
Os comportamentos dos alunos hoje são consequência directa das condições sociais que obrigaram à crescente desagregação da vida em família e à consequente falta de apoio, acompanhamento e disciplina em casa. Para cúmulo, as perspectivas que se lhes apresentam são de desemprego futuro, de ausência total de recompensa pelo esforço e investimento na escola e na educação. Os seus professores mudam de ano para ano. Os sistemas de avaliação mudam também. Não há senão grandes incertezas.
Os professores, pelo seu lado, saltando de escola em escola, com vínculos precários muitos deles, alguns sem vocação nenhuma, outros completamente desmotivados, sentem-se impotentes no meio disto tudo. Para eles, as políticas de democratização do ensino acabam por ser vistas como uma transferência da responsabilidade de educação cívica, contenção e controlo da violência dos jovens por parte da família ou da polícia para os professores. Com uma agravante. Ninguém os premeia e todos os consideram culpados! Alguém algum dia contabilizou as horas necessária à preparação das aulas que os professores têm de dar e que roubam ao seu tempo em família? Ou as horas que perdem a corrigir testes em casa? Se se somarem todas essas horas, mais as das aulas e as dos trabalhos burocráticos nas escolas, se calhar muitos professores trabalham mais do que as 40 horas por semana que a lei permite sem serem recompensados por isso.
Há que repensar todo o sistema de ensino em Portugal. Não faz sentido nenhum que se tratem hoje os jovens como se fossem atrasados mentais. As crianças devem aprender caligrafia, devem fazer ditados e cópias, saber a tabuada de cor, decorar poemas e, simultaneamente devem dominar as novas tecnologias. Pode ir-se ao passado buscar o que era bom, reformular tudo o que está mal ou obsoleto nos programas das cadeiras, dar formação aos professores e meios técnicos e humanos para poderem ensinar, construir mais escolas e melhor equipadas, etc.
Isto faz-se em conjunto, trabalhando todos para o mesmo fim. Não se faz tratando ora os professores, ora os jovens como foras-da-lei, nem com autoritarismos desajustados e autistas por parte do Ministério da Educação. Como dizia uma placa à porta da minha faculdade "Quem quer resolver problemas procura soluções, quem não quer, procura desculpas".
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