Há assuntos em que prefiro o imaginário à realidade. E, aparentemente, não serei a única. Por exemplo:
Há restaurantes, tascas, etc., nas quais gosto particularmente de comer e onde nunca por nunca entraria na cozinha. Poderia correr o risco de nunca mais lá conseguir voltar.
Do mesmo modo, há actores, actrizes, encenadores que me marcaram de forma singular. Talvez porque tenham morrido demasiado cedo e permaneçam eternos no seu glamour ou apenas porque nunca os conhecemos pessoalmente nem a sua forma de pensar. Veja-se o caso da Marilyn Monroe, do James Dean e, mais recentemente, do promissor actor Heath Ledger e veja-se o caso da Brigitte Bardot, tão cantada na sua juventude por Miguel Gustavo, entre outros, e tão contestada hoje pelas razões opostas: a sua degradação física e, para mim, sobretudo por incitar ao ódio racial, por atacar gays, imigrantes e desempregados, enquanto gasta fortunas com animais. A canção de Tomzé sobre ela chega a ser cruel de tão verdadeira:
“A Brigitte Bardot está ficando velha,
envelheceu antes dos nossos sonhos.
Coitada da Brigitte Bardot,
que era uma moça bonita,
mas ela mesma não podia ser um sonho
para nunca envelhecer.
A Brigitte Bardot está se desmanchando
e os nossos sonhos querem pedir divórcio.
Pelo mundo inteiro
milhões e milhões de sonhos
querem também pedir divórcio....”
Há escritores, poetas, cantores que evitarei a todo o custo conhecer sob pena de a sua obra, independentemente da qualidade, ser adulterada pela personalidade do autor.
Há paixões e amores que nunca quis nem quererei viver. Prefiro uma boa e sólida amizade ao desencanto e afastamento que a tentação de os viver pudesse provocar. Nisto também não estou só. Reinaldo Ferreira, o meu poeta favorito, no seu livro “Um vôo cego a nada” no capítulo sobre Algumas breves poesias de amores fictícios, tem este poema magistral:
“De Copélia guardo três cartas melancólicas,
Um laço e, de uma rosa
Que o perfume aprendeu nos seus cabelos,
Um esvaído botão.
Evade-se do todo um halo a antigo, triste.
Claro que Copélia não existe
E as cartas também não.
Só é real porque me falta.
Porque a não tive creio nela e creio
Na memória de quem foi no meu passado;
Nos passeios furtivos que tivemos;
Nos astros que pusemos
Nalgum beijo trocado;
Na exaltação de certa dança, alada
Na sensação de que uma nuvem me enlaçasse;
E na suave e pura e filtrada emoção
De alguma vez que a sua mão
Entre as minhas tardasse.
Esta é Copélia a quem, se acaso dado fosse
Nascer ou ter vivido,
Rígido pai ma recusasse,
Lírico mal ma arrebatasse
Sem a ter possuído,
Para que doutro ou morta virgem
Ilesa e viva dentro de mim permanecesse."
Como diria alguém de cujo nome não me recordo “A melhor forma de manter vivo um sonho é nunca o concretizando.”.
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