Esta é a tal em que eu prometi voltar à actividade blogueira.
Agora já sabem que eu sou uma Velha do Restelo, caso não tivessem intuído antes. Sabem-no pelo menos desde que me assumi e depois fugi cobardemente sem sequer ficar cá para ler os vossos comentários desdenhosos, que não fizeram, decerto porque a desilusão foi paralisante, ou mais provavelmente porque a revelação foi assaz óbvia e só mereceu bocejos.
Mas aqui têm uma segunda oportunidade. Eu sou uma Velha do Restelo com 36 anos feitos sob o signo de Gémeos, ou seja, muito recentemente. Deplorável e muito deprimente, dirão vocês, mas eu não acho.
Acontece que eu até tenho um certo orgulho em me ter transformado numa Velha do Restelo, um daqueles orgulhos desafiantes, arrogantes se quiserem, petulantes até. Um orgulho rebelde, insolente. E isso tem tudo a ver com aquela faceta de Gémeos que gosta de tudo o que parece mal. É como um vício.
Parece. Mas não é. O Velho do Restelo, o autêntico, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, porque não leram com atenção os Lusíadas e se limitam a repetir os chavões que ouvem na televisão, não é um retrógrado com horror ao progresso, mas sim e apenas um céptico a respeito das ilusões vãs que germinam tão bem nas mentes dos desesperados, vendidas pelos poderosos para servir somente os seus interesses privados.
Os "visionários" usam a carne para canhão, é só. A carne queima depois de estraçalhada e por fim desaparece. Ficam os "grandes feitos" para quem não os praticou. E é isto que me mete nojo.
Em suma, aos 36 anos vejo que ultrapassei largamente a fronteira do cepticismo e caminho a passos largos para o reino da descrença na nobreza do ser humano.
Acho mesmo que a nobreza humana - falo de altruísmo, de brio, de generosidade e de solidariedade - está hoje em dia reservada a quem não pode aspirar ser mais nada que altruísta e solidário. Ou seja, está em vias de extinção.
Em mim, pelo menos já não existe, e daí eu ser uma jovem Velha do Restelo.
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