O que mais me chateia nesta polémica àcerca do livro de Saramago, "Caim", é o facto de as pessoas se insurgirem por ele achar que um Deus, descrito como um louco fanático e arbitrário, que é capaz de mandar um irmão matar outro, um pai matar o filho, de destruir cidades, promover o incesto e a pedofilia, etc., é um rematado filho da puta!
E chateia-me ainda mais que Saramago, sabendo bem quão provinciano, mesquinho e hipócrita é o país e a mentalidade desta gente, tenha acedido em considerar um exagero o epíteto de "filho da puta" que usou. Quase como Galileu Galilei.
E então, como foi ontem o Maalouf na Gulbenkian? Que bom ter empreguinhos liberais que permitam assistir a essas coisas, não é?
Pois, o online e tal. Mas a malta trabalha, 'tá?
Depois não se esqueçam de dizer também como foi no Convento de Mafra, amanhã, só para meter nojo, sim?
Na minha (tendenciosamente neoliberal) faculdade nunca ninguém me explicou que o prémio geralmente conhecido por "Nobel da Economia" não é exactamente como os outros, ou seja, que se chama "The Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel" e não "Nobel Prize in Economics", mas pelo menos tiveram o bom gosto de me fazer estudar Paul Krugman.
Esta foi a sua reacção à notícia :)
Jack London escreveu em 1915 um conto de ficção científica chamado "A Peste Escarlate".
A acção decorre em 2072 e reporta-se a uma epidemia apocalíptica que toma lugar em 2013. Um velho sobrevivente relata os factos aos seus netos, que vivem na floresta, em estado selvagem:
"Achei-me só em casa, uma casa muito grande. Esperava o regresso de meu irmão quando retiniu o telefone. Naquela época [2013], como já disse, as pessoas podiam comunicar entre si à distância por meio de fios que se esticavam pelo ar ou debaixo do chão, ou mesmo sem fios".
in A Peste Escarlate, Jack London, 1915
Tradução de Maria Franco e Cabral do Nascimento, Edições Quasi
Eu: Como se sente, constituindo um exemplo acabado daquela ideia de que a demência (no seu caso, gritante) e a genialidade andam muitas vezes de mãos dadas?
O cabrão: Pensei que vinha falar sobre a minha obra e não responder a perguntas desse género...
Eu: Mas o senhor É a sua obra! O senhor, felizmente, só existe através da sua obra. O senhor, se não soubesse escrever, já estaria preso ou internado há muito tempo porque decerto andaria pela vida a afirmar-se através de actos potencialmente mais macabros, para os quais a sua tendência é notória...
O cabrão: Bom, se calhar era melhor acabar esta entrevista aqui...
Eu: Então está bem, seu filho da puta, fuja lá desta experiência não controlada, que só não lhe está a agradar porque não foi o senhor que a concebeu, e já agora obrigadinha pelas noites atormentadas que me causou com a merda dos seus livros insignes e a sua mente psicopata.
O cabrão: Bom... Se calhar não me vou já embora, isto afinal pode ser interessante. A senhora começa a comportar-se como algumas das personagens que vivem dentro da minha cabeça...
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