Li aqui, que Portugal vai reconhecer os casamentos homossexuais celebrados no estrangeiro antes da aprovação da Lei 9/2010 que aqui os permite.
Vá lá, que a retroactividade não se aplique apenas aos impostos, mas também aos direitos fundamentais dos cidadãos, já é uma grande vitória para um país como o nosso!
Caricatura tirada daqui
Tem-me deixado fora de mim, de forma proporcional à minha impotência e à impunidade da pessoa em questão, toda esta confusão entre Igreja Católica e Estado português. Aquando da visita do papa, para onde quer que se sintonizasse a TV, era padralhada por tudo quanto é sítio, saias até aos pés, cruzes ao peito e cintos púrpura, terços e ladainhas, e o Presidente de Portugal, eleito por maioria (da qual, t’a livra!, não faço parte), mais a D. Maria, com ar de beata voluntariosa e decidida, que acompanharam todos os momentos da visita do tótó.
Causou-me uma profunda repugnância todo este circo, que me lembrou os tristes tempos da ditadura em que Salazar e Cerejeira andavam de braço dado e vendiam ao povo português que o sofrimento na terra era necessário e solidário com o de Cristo e recompensado com o Paraíso após a morte. Gente atrasada, reaccionária, hipócrita e preconceituosa. Malfeitores do lado do Estado Novo e da Igreja. Como uma vez disse a minha avó a uma freira que nos foi pedir esmola para os pobres: “Pobres, minha senhora, são estas crianças que têm o pai preso pelo crime de pensar! E cúmplice é a igreja que vergonhosamente apoia quem os prende e tortura!”.
Indignação causou-me ainda o facto de ter sido Cavaco a convidar o papa, que só nos veio causar despesas e incómodos ainda por cima numa altura de crise tão grave, e ainda mais o facto de, na despedida deste, ter falado em nome de todos os portugueses para agradecer a dita visita! Que eu saiba, segundo o Censo da ICAR, em Portugal há 2 milhões de católicos em 10 milhões de pessoas, ou seja, representam apenas 20% da população. Que direito tem Cavaco de falar em nome dos 80% que não são católicos? Quem lhe passou procuração para tal e se não a tem, como ousa abusar da sua posição e transformar a maioria da população de um Estado laico em seguidores da ICAR?
Temo que toda esta abusiva atitude de Cavaco esteja relacionada, não só com o seu desmedido desejo de ser reeleito presidente, mas também com a possibilidade de ele vetar esta noite o diploma que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal. Hoje, dia Mundial contra a Homofobia, veremos se assim é ou se poderemos finalmente considerar que em Portugal "casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida". Ámen!
Pasmei ao ver uma pseudo "tia" muito católica, tá a ver?, a manifestar-se na Av. da Liberdade, afirmando que não o fazia para discriminar ninguém ou para retirar direitos fosse a quem fosse, mas pela família.
Mas o que é que lhes dói? Não estão a a ser assediados, nenhum homossexual se quer casar ou constituir família com eles, ou quer?
Como resultado do apelo deixado aqui no Azinhaga, recebi um mail do Sérgio Vitorino com a seguinte informação, que podem encontrar também no Panteras Rosa:
"À semelhança do que tem ocorrido nos últimos dois anos, a Teresa, a Lena e as suas duas filhas estão mais uma vez na eminência de expulsão de uma casa, e de terem de se mudar para outra habitação e outra zona do país. A "operação" é custosa e para lá das suas possibilidades financeiras, mas poderá vir a ser uma oportunidade de finalmente se estabelecerem e estabilizarem as suas vidas. Com a sua autorização, as Panteras Rosa assumiram a iniciativa de divulgar os seus dados bancários, junto com um apelo à solidariedade para com esta família, que necessita realmente de um apoio. Monetário ou não, todo o apoio é bem-vindo.
Helena Maria Mestre Paixão
conta BPI: 1-3806134.000.001
NIB: 0010.0000.3806.1340.0016.8
Deixo o link para a reportagem da RTP que aborda pela primeira vez o que aconteceu a Helena Pires e Teresa Paixão desde que iniciaram o seu processo de grande visibilidade mediática pelo direito a casar. Bem longe do 'glamour' das revistas gays ou do estereótipo urbano e financeiramente confortável de gays e das lésbicas, uma amostra do Portugal real, a realidade crua da pobreza e de como ela se alia à lesbofobia para impedir às pessoas os seus mais básicos direitos: acesso à habitação, acesso ao trabalho, o direito a viver em paz, sem discriminação pela orientação sexual ou... de classe.
Vamos então dizer tod@s não à homofobia, apoiando com a nossa solidariedade a Helena e a Teresa, figuras emblemáticas da nossa luta pela igualdade de direitos.
Vi ontem, com os olhos cheios de lágrimas, um comentário sobre a Teresa e a Helena. Só as conheço dos programas de televisão, dos blogues e dos jornais. Conheço-as como duas mulheres que, desafiando toda uma sociedade hipócrita, intolerante, conservadora e repressiva, tiveram a coragem de dar a cara e de tomar a iniciativa de se dirigir a uma Conservatória para se casarem. Um símbolo que serviu de rosto a uma causa justa. E que, como todos os símbolos está a pagar o preço disso.
Dizia a peça, a dada altura, que a Helena e a Teresa estão a ser muito mais discriminadas socialmente e a nível do mercado de trabalho pelo facto de serem mulheres e homossexuais. Acrescentou o Sérgio que a discriminação era agravada pelo estrato socio-económico a que pertencem. Dolorosas e injustas verdades. Lembrei-me logo do poema "A invenção do Amor" de Daniel Filipe .
Vendo-as às duas, sozinhas e com as filhas, vendo as lágrimas que a Teresa já não consegue conter e a força que a Helena faz para não chorar também, senti uma enorme vontade de as abraçar e de lhes dizer que gosto muito delas, que lhes tenho um profundo respeito, que muito apreciaria se me quisessem como amiga e que não caiu em saco roto a coragem que tiveram para defender o amor que as une, o direito a constituirem uma família e a criarem as filhas numa sociedade mais aberta e tolerante, sem serem marginalizadas e sem ser posta em causa a sua dignidade.
Chocou-me a entrevista com a Ilga. Não as ajudou, porque elas não pediram. Pedir? Pedir??? A Ilga não percebe que a verdadeira ajuda é proactiva e desinteressada? Que elas não são mendigas? Que eles já deveriam ter contactado as outras Associações para que junto dos seus membros e dos seus lobbies conseguissem ajudar esta família, arranjando-lhes um emprego, garantindo-lhes alojamento e sustento enquanto não o conseguissem obter por si próprias? Afinal elas, com o seu gesto, fizeram muito mais pela causa do que as Associações todas com mil palavras!
Vamos tentar ajudar a Teresa e a Helena. Vamos criar um fundo de apoio e falar com amigos e conhecidos para ajudar esta família a ter uma casa, um trabalho e uma escola permanente para as duas filhas. Vamos contactar o Sérgio Vitorino das Panteras Rosa para ver se ele tem disponibilidade para organizar este movimento de solidariedade. Vamos a isso?
Faz hoje 42 anos que Ernesto Che Guevara, médico, fotógrafo e guerrilheiro, de coragem e vontade indómita, foi assassinado na Bolívia pela CIA, com 39 anos de idade. Considerado em todo o mundo como um dos símbolos da luta pela liberdade, até os próprios norte americanos, na revista Time, o elegeram como um dos leaders revolucionários mais importantes do século XX.
Homens como este não morrem nunca. A sua memória perdura dentro de nós, gravada a fogo, como um apelo e um incentivo a que não nos acomodemos, não nos acobardemos nem desistamos nunca da luta pela liberdade e pela democracia.
Na foto em que Che sabe que vai morrer, não há rancor, ódio, súplica por misericórdia. "Apunte y sostenga bien el arma, que va a matar a un hombre", dizem que foram as palavras dirigidas ao seu carrasco, o soldado boliviano Mário Terán,
"É o meu destino: hoje devo morrer!
Mas não, a força de vontade pode superar tudo!
(...)
Uma recordação mais duradoura que o meu nome
É lutar, morrer lutando."
Che, Janeiro de 1947
Estarás sempre presente Companheiro! Não há morte para o Vento!
Li hoje aqui, aqui , aqui e numa série de blogs que linkaram esta notícia que o TC tinha alegadamente rejeitado o casamento civil das duas mulheres, Teresa Pires e Helena Paixão, que estão a tentar casar-se desde 2006, por três votos contra e dois a favor.
Irão, finalmente e felizmente, poder recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Que, estou convencida, irá permitir este casamento, pois é um inegável direito de qualquer cidadão imputável, ainda por cima permitido pela Constituição Portuguesa.
Lendo estas notícias, há coisas que me chateiam por demais:
1.º O tratarem o casal nas notícias, referindo-se-lhes quase sempre por "lésbicas" em vez de mulheres ou pelos nomes. Ninguém diz "dois heterossexuais" quiseram casar-se.
2.º A mania que os portugueses têm de transformar todas as derrotas em vitórias! Irra! O facto de o resultado ter sido de 3-2 em vez de 5-0 não é uma vitória, bolas! E o que mais me choca é que os juízes do TC que são pessoas adultas, instruídas, supostamente imparciais e tecnicamente preparadas defendam simultaneamente uma coisa e o contrário dela!
3.º O facto de se terem logo levantado vozes a dizer que o parlamento pode autorizar por maioria relativa o casamento homossexual! Mas a quem é que Vital Moreira quer enganar? A Assembleia da República já teve essa possibilidade e foi o próprio PS que não permitiu que isso acontecesse! É para adiar ainda mais esta decisão?
4.º Claro que vêm logo pessoas insinuar também que se deve alterar a Constituição. Não, não é engano, leram bem! Não defendem a alteração do Código Civil, mas da Constituição! E nós, que somos parvos, acreditamos logo que esta alteração, com um empate técnico nas intenções de voto entre o PS e o PSD, vá no sentido da aprovação de mais direitos, está-se mesmo a ver!
Enfim, somos uns tristes!
Abri as notícias agora ao fim da tarde e deparei-me com aqueles inquéritos do Sapo a perguntar:
"O Ministério da Saúde diz que os homossexuais não podem ser dadores de sangue porque têm «comportamentos de risco». Concorda? ". Curiosa fui ver as votações.
Ora bem, 49% dos votantes, quase 9.000 pessoas, disseram que concordavam! Nem queria acreditar! A sociedade portuguesa, ou pelo menos quase 50% dela, é mesmo homofóbica, reaccionária, preconceituosa, ignorante e com uma profunda tendência para o totalitarismo anti-democrático!
Pedro Freitas, médico e sexologista clínico, comenta, e muito bem, esta proibição no fim deste artigo aqui, reduzindo ao que realmente é, a atitude o Ministério da Saúde: absurda, discriminatória, homofóbica, sexista, anti-democrática, anti-científica, abusiva do poder e primária.
Maldito Sócrates y sus muchachos que já podiam ter dado um passo em frente relativamente à homofobia e, em vez disso, deram "n" passos atrás! O pior é que a alternativa é ainda mais assustadora...
Morreu (ontem) Augusto Pinochet , "um torcionário do piorio, um fantoche dos americanos, responsável pela tortura e morte de milhares e milhares de chilenos", como alguém que me é muito querido o descreveu.
Pena, muita pena, muito injusto que não tenha sido julgado pelos seus crimes hediondos, mas de qualquer forma vira-se assim definitivamente uma página negra da história do Chile.
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