Estava escuro, mas não era noite. As nuvens carregadas pairavam muito abaixo do que era costume. Ainda não chovia. Era Setembro numa terra estranha. Uma terra muito ao norte.
Antes que me esqueça e para depois não dizerem que não sabiam, favor mandar gravar (em vez daquelas merdas do "esposa, mãe e filha querida"):
"Teve um gato que a salvou da morte cerebral mais que uma vez. Infelizmente o gajo já morreu há uns bons anos [*], portanto era de esperar que isto acontecesse."
[* Fez há uma semana sete, e eu ainda tenho muitas saudades.]
Os meus pais são comunistas. Isto começou por criar alguns problemas na escola primária, onde eu não soube reagir da melhor forma nem compreender a razão da animosidade que me dirigiram os ranhosos dos meus colegas quando souberam.
Mas como eles eram muitos e hostis, e eu já atingia a minha quota de porrada diária por outras razões (como por usar óculos e por ter sotaque do Porto) passei a esconder o comunismo familiar como se fosse uma doença vergonhosa e isto durou até encontrar outros colegas de escola, alguns anos mais tarde, que padeciam da mesma enfermidade.
Nessa altura, o desenvolvimento psicológico e crítico próprio da adolescência já me permitiu indagar e reflectir sobre o assunto e, de facto, comecei a admirar a teoria.
A génese filosófica e ética do ideal comunista ilustrada pelos princípios de igualdade e fraternidade é suficiente, creio, para explicar a sua capacidade de mobilização. Quanto mais não seja, sustentou a minha atracção pela ideologia. Mas não implicou que eu fosse incapaz de reconhecer a utopia subjacente a uma sociedade sem classes, sem Estado, baseada na propriedade comum dos meios de produção, com a consequente abolição da propriedade privada e caracterizada pelo controle dos meios de produção pelos trabalhadores através de associações livres de produtores.
Aliás, os próprios comunistas também reconhecem a utopia, parece-me, tendo-se ficado pela primeira fase do Processo Revolucionário, assente em sistemas políticos socialistas, face à impossibilidade de implementar a segunda fase que seria a efectivação de sistemas políticos comunistas.
É verdade que muitos regimes socialistas baseados em ideais comunistas culminaram em abusos de poder e restrições da liberdade inaceitáveis.
Por outro lado, é estúpido negar, no caso português, embora alguns tentem, as preciosas e sofridas contribuições do PCP para o fim da ditadura salazarista e da miséria intelectual e material em que o país se viu afundado por cinco décadas de fascismo.
E não adianta tentar colar o "comunismo" português aos "comunismos" totalitários da China, da Coreia do Norte, etc., porque o "comunismo" português é democrata, defende e lutou pela democracia portuguesa como nenhum outro partido e, acima de tudo nunca sugeriu "suspendê-la", como certa pessoa que neste momento até é candidata a Primeira Ministra fez.
Eu, como portuguesa ciente e orgulhosa da minha história também sofro dessa enfermidade, também estou contaminada pelo vírus do "comunismo", porque acredito que é possível ter liberdade real e socialismo efectivo em Portugal. Não sou, na minha aparentemente antagónica posição, nem anticomunista primária nem pró-comunista cega.
E as aspas acima uso-as porque tenho a teoria de que a denominação dos partidos portugueses (quase todos) é enganadora: seria mais fiel à realidade portuguesa que o PCP se chamasse "Partido Socialista", porque é o que ele é, assim como que o PS se chamasse "Partido Social Democrata", o PSD "Partido Conservador" e o CDS "Partido Nacionalista Cristão".
A minhã avó materna tinha um sonho. Nascida em 1911, assistiu pela televisão à alunagem da Apollo 11, cujos 40 anos se comemoram hoje, e ficou fascinada com as fotografias da Terra vista do espaço. Ouvi-a dizer várias vezes que não havia coisa mais linda. O seu sonho era fazer uma viagem espacial, para ver com os seus próprios olhos a magnificência do planeta azul. Daqui a poucos dias terão passado doze anos desde o seu falecimento, mas sei que hoje teria um prazer especial em ver os telejornais para assistir mais uma vez às imagens que tanto a fascinavam. Eu estarei a ver por ela.
Bendita RTP Memória por oferecer estas reminiscências felizes e uma música que não me vai sair da cabeça o fim de semana todo.
Falta-me o deserto. Nunca estive num deserto. Já estive em sítios ermos, naturalmente, mas nunca num deserto a sério. Também nunca tinha sobrevoado África durante o dia, tanto quanto me posso lembrar, e agora que o estou a fazer, perscrutando o Sahara, apercebo-me quão impressionante é um sítio destes, de uma tal extensão que a vista não abrange mesmo a dez quilómetros do chão.
Um deserto é uma maravilha natural tão extraordinária quanto a selva amazónica, a grande barreira de coral na Austrália e os Himalaias. Um deserto é espectacular à sua maneira.
Sempre me fascinou isto de ver o mundo de cima, sempre me desafiou e divertiu tentar identificar posições através das características geográficas. Quem me dera que os pilotos me convidassem para viajar no cockpit e me ajudassem a identificar as cidades e os desertos...
Não há nenhuma evidência de vida. Nenhuma. Voamos há horas sobre o deserto e não há nada que possa fazer supor que alguma forma de vida exista lá em baixo. Portanto o que me puxa para baixo é saber que isso é uma ilusão.
Faltam sensivelmente duas horas e quarenta minutos para aterrar em Lisboa, o que nos coloca sobre a Argélia. "Um ponto preto quebra-me a solidão do olhar." Olhando com mais atenção, vários pontos, em trilhos rochosos. Serão sombras? Miragens?
Voamos há horas sobre um deserto que só sabermos ter limites porque confiamos na cartografia que toda a vida nos impingiram. De outra forma, poderíamos perfeitamente pensar que tínhamos chegado ao infinito. Isto é o infinito.
(Imagem tirada daqui)
Há sempre uma primeira vez para tudo na vida e esta foi a primeira vez, em mais de nove anos de inúmeros e variadíssimos testes, que vi os olhos da Cosmo quase saltarem das órbitas ao provar uma certa iguaria picante, seguindo-se um ataque de tosse galopante que demorou a aliviar.
E se isto lhe aconteceu a ela, a rainha da resistência ao picante, criada no meio de especiarias infernais, a vocês, meu caros, não tenham dúvidas, a tal iguaria matava-vos.
Três dias no Kruger Park, África do Sul, onde à beira da estrada (chamemos-lhe assim) se vêem girafas mordiscando as copas das árvores, chitas passeando com lassidão, rinocerontes brancos encaracolando a cauda em sinal de desagrado pela nossa presença, leões observando-nos com interesse, babuínos catando-se, pitons africanas em busca da próxima refeição, águias imponentes sobrevoando a savana.
Por oposição a placards publicitários, sinalização de trânsito, lixo, postes de alta tensão, torres de telecomunicações, sirenes, excesso de gases carbónicos.
Um variação inesquecível.
2 de Maio de 2009, 6:15h, vôo TP261
Aterrámos em Maputo. O sol nasce vermelho, um vermelho africano, levantando-se do Índico. Durante o táxi há silêncio na cabine, um silêncio matinal. Não há um cinto que se desaperte, uma voz que se levante. Apenas um estupor generalizado resultante de dez longas horas nocturnas de desconforto e cansaço.
Finalmente o avião imobiliza-se, os motores adormecem e aí sim, instala-se a azáfama dentro e à volta dele.
Olho a placa ansiosa, a terra firme do outro lado, o chão do oposto hemisfério, onde me aguarda a mulher da minha vida, provavelmente observando algures de um ponto escondido o enorme A340 acabado de chegar. Quero sair daqui.
Acoplam-se as escadas, abrem-se as portas.
Vou descer.
"SER BENFIQUIIIIISTAAA, É..."... até ao momento, a única parte do hino que decorei, mas como foi uma coisa que me aconteceu pouco depois de os meus pais se terem mudado para Lisboa, quando eu tinha cinco anos, e da qual não tenho culpa nenhuma, nem eles, começo este post, para vos dar um enquadramento, a cantar aos altos berros, que é sempre sinal de atitude positiva perante a vida e essas coisas de auto-ajuda.
Eles, verdade seja dita, exerceram como puderam pressão e influência tentada para que não me desviasse do caminho do glorioso FCP, mas nesses idos anos '80 a vida era dura para um jovem casal com duas filhas, dependente dos rendimentos do seu trabalho e com um empréstimo à habitação a vencer juros na casa dos 30%, pelo que, nas poucas horas que estavam em casa, preocupavam-se em dar-me de comer e deixar-me ficar a pé até mais tarde se dava na televisão um filme mesmo giro como, por exemplo, o Pato com Laranja.
Ao fim de semana, quando havia mais tempo, então lá me tentavam dissuadir da minha triste opção sem nunca mencionar a expressão "clube do salazarismo" para que não ficasse traumatizada, que nesse tempo ainda se tinha cuidado com os palavrões que se diziam na presença das crianças.
Mas não valeu de nada. A influência constante de uns quantos ranhosos do bairro a quem eu chamava "amigos" definiu e cimentou o meu entusiasmo pelo clube encarnado, afecto que viria a pagar bem caro mais tarde, quando o começaram a instrumentalizar para me ofender politicamente com motejos do género "O Benfica ganha os jogos hoje como os ganhava no tempo do Salazar.".
Hoje em dia não é possível ser do Benfica sem se ser conotado com o fascismo e isso é grosseiro e torpe como argumento, e desprezível como pseudo-facto.
O Benfica oferece assunto de chacota e indignidade regularmente, sem haver por isso necessidade nenhuma de se recorrer a um argumento tão baixo.
Se hoje em dia, aos trinta e seis anos, não é aceitável que eu, como fazia na infância, dê um pontapé nos tomates (tendo-os) a quem me chame caixa-de-óculos, porque é que há-de ser admissível que alguém se atreva a pôr em causa as minhas convicções democráticas por eu ser do Benfica?
Como se eu pudesse simplesmente mudar de clube, nesta altura da vida. Como se eu fosse mudar, só porque vocês gostavam, ou porque um bimbo torcionário como o Salazar favorecia o Benfica. Como se nenhum democrata gostasse da Amália (a fadista). Como se fosse normal alguém dizer à/ao companheira/o "olha, eu pensava que gostava de ti, mas descobri que és imperfeita/o portanto vou-me mudar para o 3º Frente.."
Se querem que vos diga, esse tipo de radicalismos generalistas assemelha-se demasiado a um resquício dos complexos recalcados de inferioridade, esses sim, próprios de certos ambientes de autoritarismo mesquinho. Cresçam, pá.
BENFIIIIIIICAAAAAAA!!!!!!
"A teoria económica dominante é profundamente insensível à realidade. Constitui, em geral, uma abstracção desatenta e trata os acontecimentos difíceis como um problema que não é dela."
Na altura já estava convencida, mas tinha sincera vergonha, esta decorrente de ter sido sempre a melhor aluna de todos os cursos e escolas por onde passei, à excepção - lá está - da licenciatura em economia, de que o problema não era tão meu como deles, dos professores e dos programas.
Hoje, ultrapassada a tristeza, a frustração e o pudor, comprovo com um certo gozo que, se fui uma aluna medíocre e desmotivada na faculdade, foi por ter alguma consciência da realidade, o que me impediu de participar naquela alucinação colectiva que consistia em ver o mundo à luz de efabulações teóricas mais ou menos ridículas. Agora chamem-me burra.
Ler aqui e aqui os fundamentos deste post.
ADENDA:
Aqui uma opinião consonante.
Há atitudes e palavras que têm este efeito extraordinariamente mobilizador em mim. Como se fizessem erguer uma barricada de raiva e determinação cá dentro, fortalecida por tudo o que presenciei, vivi, sofri, chorei, li, vi, partilhei, amei e perdi.
Vêm-me à memória, como se estivessem a meu lado nesta luta, todos os conhecidos, amigos e camaradas, vivos ou mortos, que lutaram, cada um à sua maneira, contra o fascismo, a tortura, a censura e a favor da democracia e da liberdade.
Muitos caíram ao longo do caminho, outros abandonaram a luta e alguns poucos passaram-se para o inimigo. Mas todos eles estão presentes na minha memória.
Há atitudes e palavras que têm este efeito extraordinariamente mobilizador em mim, dizia. Fascismo nunca mais!
Esta é a minha resposta às MFL e os AJJ deste país e, já agora, ao Governo autista e pretensamente socialista de Sócrates:
(nas palavras e canções do saudoso Zeca Afonso, que tive a oportunidade de conhecer na prisão de Caxias quando fui visitar o meu pai em 1972, e de Sérgio Godinho).
Estar cansada é normal. Estar farta, sem ânimo para pensar e sem genica para agir, também. A vida atira-nos para estes estádios ciclicamente. Mas é no meio deles que se deve resistir estoicamente à tentação de afundar a cabeça na areia para não ver, não ler e não sentir. Isto não é sobre o BPN, é sobre o Natal.
Portanto, já que ele está aí em todas as montras, rádios e televisões, o que eu tenho a dizer é que eu por acaso até odeio a merda do Natal.
Quer dizer, odiava, porque me stressava muito, havia muita discussão à mesa por causa do bacalhau já lá chegar frio, enfim, fazia-me muita confusão, punha-me muito tonta.
Isto para não falar das cabronazinhas das outras meninas da escola que me atribuíram durante anos a fio o papel de bruxa má na peça de teatro natalícia por não comprar presentes a ninguém da minha família, que vejamos, se restringia aos meus pais, à minha avó e à minha irmã, mas nem assim eu conseguia ter rendimentos que me permitissem a despesa, ao passo que elas conseguiam chegar a oferendas para primos de quinto grau (que eu nem tenho). Não sei como as gajas amealhavam tanto dinheiro, mas desconfio.
O caso é que os meus pais me garantiram que no campo das trocas comerciais os pais é que compram prendas aos filhos, pelo menos enquanto eles ainda são crianças, porque é muito feio subsidiar a exploração do trabalho infantil, e eu acreditei.
Refeita de traumas vários ao longo da vida, uns causados por colegas de escola e outros por aliens, mas quase todos relacionados com o Natal, hoje em dia praticamente já só o odeio nas estradas de Portugal e nos centros comerciais, ambos os locais cheios de bêbados psicopatas desde fins de Outubro a meados de Janeiro. O que significa que posso largar a psicoterapia.
Prova irrefutável é que começo já a falar (mais ou menos bem) do Natal ao dia 10 de Novembro que é para não levar com aqueles olhares de lado que significam "esquisita!..." só por eu ter grande resistência ao vírus do consumismo e pôr em causa as pretensas boas intenções da histeria colectiva.
Nesse dia acordei às duas da tarde, quando a minha mãe chegou a casa do trabalho. Estava de férias e tinha dezasseis anos. Ela disse-me o que tinha acontecido. Fiquei ali especada, de pijama, a tentar absorver a notícia. Tinha passado esse ano escolar de 87/88 a apaixonar-me por Lisboa, a explorá-la. Lisboa foi a primeira cidade que identifiquei como minha porque ninguém ma impôs como tal, eu é que a quis. Não a herdei, ela não é a cidade dos meus pais. Não nasci cá, mas passei aqui a maior parte da minha vida. Ninguém me levou pela mão a conhecê-la. Fui eu que fiz isso sozinha, quando tinha quinze anos e saí de uma escola dos subúrbios para frequentar o Liceu Pedro Nunes.
Naquele dia de Agosto de 1988, ao ver pela televisão a Baixa ardida, mirrada, destruída, experimentei, chocada, uma nova noção de perda, a perda de identidade cultural.
Esse é o ano que divide hoje a minha vida ao meio. Pequeno riddle matemático à parte, lembrei-me dele por causa do dia quente que está e porque não tinha consciência, nesse Verão, de que iria ser o último daquela espécie. A espécie de Verões cujos três meses se passam integramente em férias.
Agora olho da janela do meu escritório para o azul cálido do céu e constato que aquela memória sensitiva da atmosfera estival é apenas isso, um marco no tempo, uma saudade em total desarmonia com o desconforto que me provoca o frio do ar condicionado aqui dentro.
Isso ficou para trás. É definitivo. Isso e várias outras sensações, outros confortos alheados. A partir de 1990 a minha vida complicou-se consideravelmente em mais do que um aspecto. 1990 é o ano em que me tornei imputável por uma data de coisas. E foi o último Verão em que experimentei a sensação magnífica de não ter de fazer um corno estando a não fazer um corno, não me sentindo minimamente culpada por não fazer um corno e mesmo sem me ocorrerem quaisquer pensamentos angustiados sobre o que deveria estar a fazer em vez de não estar a fazer um corno. Isso acabou, e a prova irrefutável é que o telefone em cima da minha secretária, em plena silly season, não pára de tocar.
Há uns anos dei alguns passeios pelo Parque Natural da Tijuca, no Rio de Janeiro. Dizem que a Tijuca é a maior floresta urbana do mundo e eu não me admirava nada se fosse mesmo, a avaliar pelo tamanho da mancha verde que se vê na imagem de satélite.
(Clique na imagem para aumentar)
Esses passeios são visitas guiadas que os turistas contratam, e há uns programas melhores e outros piores, mas quase todos incluem uma caminhada por um ou mais trilhos da floresta. Eu fiz vários, devido a essas armadilhas em que caem os turistas acidentais. Esta resume-se ao seguinte: qualquer que seja o passeio turístico que se contrate no Rio, ele inclui sempre uma visita à Floresta da Tijuca. Se é para ir à Rocinha, o passeio inclui a floresta. Se é para ir fazer um vôo de asa Delta, o passeio inclui a floresta. Se é para ir ao centro histórico, não sei como mas eles arranjam maneira de incluir a floresta.
As empresas que organizam os roteiros vivem na esperança de que ninguém se importe e, de facto, é mais ou menos isso que acaba por acontecer. Mesmo aos turistas que já visitaram a Tijuca basta dizer "Não quero fazer esse trilho porque já o fiz, quero fazer outro." e como há tantos e tantos locais magníficos a explorar, é fácil para os guias redesenharem os percursos.
E, admitamos, a Floresta da Tijuca é dos lugares mais interessantes que se pode visitar naquela cidade, constituindo assim um enriquecimento certo de qualquer roteiro.
Num dos tais passeios eu era a única que falava português de entre um grupo de turistas e, por isso, o guia escolheu-me como interlocutora privilegiada, até porque o meu inglês era muito melhor que o dele e eu ia-o ajudando nas traduções. No meio das explicações sobre a fauna e a flora, referiu que os responsáveis do Parque tinham introduzido duas boas da Amazónia na floresta para ajudarem a controlar a população de macacos.
Não sei se é verdade ou não, mas faz parte desse espírito carioca fascinar o turista com factos radicais sobre a natureza exuberante que constitui o âmago da Cidade Maravilhosa. Isso serve também para desviar a atenção dos problemas sociais da cidade, mas diga-se, em abono da verdade, que há uma cultura notória de defesa do ambiente, da qual é natural que os cidadãos locais se orgulhem e para a qual gostem de chamar a atenção dos turistas.
Não sei se foi mesmo para zelar pela minha segurança (e pelo emprego dele) que decidiu acalmar os meus ímpetos exploradores e me impediu de avançar pela floresta dentro, tentando amedrontar-me com aquela história digna de Pantanal.
Mas para uma amante da vida selvagem como eu, aquele guia escolheu a história certa. Aquelas boas farão sempre parte do meu imaginário sobre a Tijuca e do meu fascínio por uma cidade que é amada pelo povo, que inventa (?) histórias sedutoras e promessas de aventura com o único resultado de a tornar ainda mais bela.
Ontem comecei a sonhar algum tempo antes de adormecer.
Sonhei que os anos 80 me perseguiam a alta velocidade, num veículo de vidros fumados onde se escondiam todas aquelas modas carentes de sentido estético e sobriedade psicotrópica.
Acordei sobressaltada ainda antes de cair no primeiro sono.
Constatei que não era sonho, era a realidade a acontecer no meu quarto: a minha mulher dizia-me que tinha encontrado numa velha agenda um poema que (lhe?) escrevi há anos e que era muito bonito.
"O que dizia o poema?"
Não sabia. Deu-me um comprimido para dormir e diz que o recitei toda a noite.
Hoje de manhã acordei com a cara inchada, mas (ainda) não me lembrava de nada.
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