O Azinhaga da Cidade deseja a todos os seus leitores e visitantes de passagem um Feliz Natal cheio de prendas, boa comida , algum descanso e de afectos genuínos!
Podia estar a falar da tendência deste blog, mas desta vez refiro-me a um artigo de comprovada utilidade. É o que me traz a senda do Natal. E é sempre de notar que em tempos de crise até a trampa custa 15,07€, não é de graça, o que é que pensa?
Dada a crise, o frio, a preguiça e sobretudo a ausência da Citadina, assisto, enroscada no sofá e perdida de riso, às marchas populares de Lisboa. O cameraman da RTP parace tão fascinado quanto eu por determinados figurantes. A minha auto-estima sobe em flecha ao comparar-me com alguns deles, e a forma empenhada como se abanicam até quase se desmancharem e a cantoria desafinada gritada a plenos pulmões faz-me descer lágrimas de riso pela cara abaixo. Bolas, como somos um povo feio!
De parabéns, no entanto, estão todos os que contribuem para que esta festa aconteça todos os anos: os figurantes dos diversos bairros, os coreógrafos, as associações organizadoras, a Câmara de Lisboa, a RTP, o Malato, etc., enfim, todos os que nela participam de alguma maneira. É uma das tradições que trará, seguramente, mais turistas a Lisboa, que sempre alegra os portugueses e que está cada vez mais bem organizada.
Posso também, apesar da falta de tempo, continuar a dar conselhos de graça e a testar uma certa teoria religioso-esotérica que apregoa que para ter basta pedir (e como eu gosto de testar esse género de teorias).
E eu gostava muito de ter a obra completa da Amy Winehouse que, pelo que sei, nem é assim tão extensa, em cópia autorizada pela editora, ou seja, com a capa, o folheto e as caixas dos CDs, sem ser uma cópia foleira sacada da Internet, desfigurada por inscrições a caneta de feltro com tinta permanente que fariam vomitar os copistas italianos.
Não sei se estão a ver a ideia. Nunca ninguém disse que este blog tinha de ser útil. A não ser, claro, para mim.
O Carnaval vale a pena nem que seja só para ouvir os madeirenses dizer que vão "desfilhar" para a avenida.
Muita gente "bem pensante" detesta o Carnaval. Por simples pedantismo ou trauma efectivo, as máscaras e as palhaçadas afiguram-se-lhes parvas, ridículas e até perigosas.
Pois bem, eu já fui uma dessas pessoas. E, de facto, há que admitir, existe uma quota-parte de patetice em alguém se vestir com trajes que nunca, em circunstâncias normais, usaria em dias de vida e ir desfilar para a rua, sujeitando-se a agressões como sejam ovos, bombinhas de Carnaval, tomates, faltas de educação e outros abusos.
Mas, como em (quase) tudo, o justo acaba por pagar pelo pecador e aquilo que o Carnaval tem de bom é ensombrado pelo que ele tem de nocivo. A crítica social desafiante e mordaz que abana as convenções e os regimes estabelecidos, como aconteceu no episódio de Torres Vedras, é desacreditada como política de intervenção, própria do Entrudo. E a diversão que pode advir de uma noite diferente, criativa e, no entanto, extremamente civilizada, como é o caso da Noite das Matrafonas (ou Matronas, ou Marafonas), também em Torres, é menosprezada.
É pena. Porque nem todas as formas de celebrar o Carnaval em Portugal são suspeitas.
Desde que experimentei, há dois anos, o Carnaval de Torres à sexta-feira à noite, tive - e fi-lo com prazer - de dar a mão à palmatória. O Carnaval não é só uma coisa parva. É também uma excelente oportunidade de nos despirmos de preconceitos e darmos largas à imaginação. E, porventura mais importante que tudo o resto nos tempos que correm, de nos divertirmos a sério e de testarmos se o nosso sentido de humor é abrangente ou apenas presunçoso.
As festas terminaram com a pouco concorrida Lesboa Party Passagem de Ano 2008/09 Gold Edition 2.0.
Esta foi, porventura a melhor produção de sempre. Estava simplesmente impecável. Temos de exceptuar aqui a música, que, ao contrário do que é costume, não estava nada de especial. Mas de resto, impressionantemente bom!
Então porque é que a festa foi um fracasso, perguntam vocês? Eu só vejo uma hipótese: o preço dos bilhetes. Sinceramente, nós também não teríamos tido possibilidade de ir se não tivéssemos convites. As entradas eram, em duas palavras, demasiado caras. Poder-se-á sempre contra-argumentar dizendo que as nossas eram circunstâncias particulares, mas será mesmo? Terá sido 2008 um ano financeiramente mau só para mim e para a Cosmo? Sabemos que não. A conjuntura económica prejudicou as intenções de muita gente, tenho a certeza, e estou convencida de que a história teria sido outra se o custo fosse ao nível do que se praticou aqui (aliás, várias fontes nos disseram que a Maria Lisboa estava a abarrotar de gente na passagem de ano).
Assim, a organização da Lesboa deve ter tido um rombo financeiro maior que o do casco do Titanic.
Era possível ter feito uma produção daquelas sem cobrar tanto dinheiro à entrada? Claro que sim! A prova cabal é o facto de a festa se ter realizado. Contar com ovos tão dourados ainda dentro do ânus da galinha é que foi um risco muito mal calculado. Uns ovinhos de prata tinham atraído muito mais gente (ia dizer galinhas, sim, mas contive-me a tempo).
Agora (de novo) a sério, espero francamente que isso não comprometa a continuidade do evento, a Lesboa não merece morrer desta forma. Além dos aspectos relacionados com a viabilidade económica do evento, nunca é demais sublinhar a componente de serviço público ao universo LGBTQ português que a Lesboa tem e presta.
Quanto a quem lá esteve, usufruir de tudo aquilo sem muita azáfama e confusão não terá sido nada mau. Para nós foi óptimo, com o bónus de termos conhecido pessoalmente as simpáticas autoras dos blogs Estrelaminha, ViagemLes e Troca&Tintas.
Um Feliz Ano Novo a@s leitor@s do Azinhaga em particular e aos blogueiros deste país em geral!
Se este fosse um blog politica ou socialmente correcto eu escreveria agora aqui umas ideiazinhas soft para enterrar de vez o assunto do Natal mas, em vez disso, vou reiterar, para que não se esqueçam daquilo que é a realidade, que o Natal como o conhecemos, na prática, não passa de uma cagada malcheirosa em três actos.
Festa da família o caralho. Se fosse festa da família, a família TODA participava, a família TODA ajudava. Assim, é só a festa que alguns escravos preparam para uns quantos lordes, que se limitam a sentar-se à mesa a enfardar e a estender o braço para receber prendas, deixando bem claro que não lhes dá absolutamente prazer nenhum estar com a parte escrava da família, para já não falar em colaborar.
E posto isto, eu estou em greve. Não faço mais nada, não organizo mais nada, não cozinho mais nada, não convido mais ninguém lá para casa. Provavelmente vou engolir estas palavras dentro de dois dias apenas mas, até lá, bato no peito como um gorila. Não interessa. Não faço mais nada.
E vou, vejam bem, a uma festa!! Finalmente esta que vos serve vai divertir-se, numa festa que alguém, que não eu, organizou. Uma festa que vai ter música para eu dançar e, com sorte, até um belos pares de mamas, aconchegados por indumentárias elegantes, para eu admirar e ser infiel em pensamento. Por acaso eu sei que a minha mulher (e o resto da Humanidade) pensa exactamente da mesma maneira por isso poupem-me e deixem lá de se armar em virtuos@s, foda-se para as moralidades, caralho, estou farta.
Mal educada? Mal educada uma merda. Eu pelo menos utilizo os palavrões com propriedade e relevância. E elegância, às vezes, sim, sim, elegância. E muita graça, claro.
Bom, mas isto não é sobre de que é que eu estou farta (embora engane os mais distraídos, tenho consciência) , é sim sobre a festa a que eu vou e que não tenho de organizar. É só pagar e entrar. Nem isso, porque me convidaram, muito simpáticas, as moças (nota mental para depois não vir aqui desancar naquilo, mesmo que seja um nojo, as casas de banho já sei que vão ser mas pronto, não fica bem dizer mal depois de me empanturrar à borla e além disso há sempre a mata, que cheira melhor).
Os lisboetas que queiram tentar recrutar uma lésbica para o menáge à trois (já repararam que "trois" um bocado invertido fica "trios", ah, ah, ah, esta foi boa) que prometeram ao cônjuge como prenda de Natal são muito bem vindos, nós gostamos de vos observar e gozar convosco.
De fora de Lisboa, só as gajas são bem vindas, e lésbicas de preferência. Ou não, Pensando bem, as outras também podem vir. É, venham, venham.
E o que era mais? Era só isso. Eu vou lá estar, e gira, muito gira, e muito bêbeda também, como é costume, afinal esta merda é uma festa ou é uma missa? Acontece que eu sei beber, ninguém nota a não ser por um assinalável incremento qualitativo do meu sentido de humor, pelo menos enquanto se conseguir perceber aquilo que eu digo. Depois disso, farei palhaçadas gestuais igualmente engraçadas.
A ver mas é se não perco o fogo de artifício, que dali de cima deve ser muito romântico.
Um ano no vermelho.
2009? Ano novo, vida nova, por favor, está bem? Pode ser? Ainda vale pedir para o sapatinho, ou peúga, ou que merda é? Só agora é que tive tempo.
Como com certeza já repararam, a vida não tem dado para a bloga.
Voltamos em Janeiro, se não acontecer nada de extraordinário entretanto.
A todas as leitoras e leitores do Azinhaga, um Feliz Ano Novo!
Ao aberrante bento dezasseis uma palavra especial, em jeito de retribuição: desejamos-lhe umas grandes fodas mas, por favor, com pessoas maiores de idade e por mútuo consentimento, está bem? Eu sei que não é prática comum aí em casa, mas faça lá um esforço. Vai ver que se sentirá um ecologista melhor.
Este ano decidi "fazer" o Natal para experimentar, para ver se é como dizem. Claro que me precavi cumprindo os sábios conselhos que a Ferónica me deu sobre como minimizar os dissabores.
E o que é que aconteceu? Pois bem, EU fiz uma árvore de Natal!! Não sei se alguém me consegue imaginar a fazer tal coisa, mas estou certa que não! EU desloquei-me a uma superfície comercial, adquiri uma jovem árvore, terra e um vaso e pendurei, durante várias horas de dois dias seguidos, para aí uma centena de bolinhas e outras formas cintilantes num pinheiro que depois hei-de replantar num sítio onde possa crescer tanto quanto queira. E não tive nenhum ataque de nervos durante o processo.
Além disso, tenho comprado os presentes quase todos pela Internet, o que se tem revelado um paraíso cheio de paz e harmonia, sem filas para pagar nem lutas corpo a corpo por um último exemplar de qualquer coisa, nem hordas consumistas de espécie alguma.
Isso implica que, para variar, não deixei as compras todas para fazer no dia 24 à tarde, no Colombo, o que constitui um passo tão extraordinário para mim como aquele outro foi para a Humanidade.
Continuo, não obstante, a não entender como é que se pode retirar algum prazer da stressante e disparatada imposição de comprar presentes por atacado, que é como quem diz fazer aquisições "à força", sem se olhar tanto ao resultado como à "obrigação".
Mas devo dizer, em abono da verdade que, até agora, as minhas compras me têm saído muito felizes e sem dôr.
E assim, de optimismo no peito, cá espero pela consoada, que dessa sim, sempre gostei, mais bacalhau frio, menos peúga horrorosa.
Estar cansada é normal. Estar farta, sem ânimo para pensar e sem genica para agir, também. A vida atira-nos para estes estádios ciclicamente. Mas é no meio deles que se deve resistir estoicamente à tentação de afundar a cabeça na areia para não ver, não ler e não sentir. Isto não é sobre o BPN, é sobre o Natal.
Portanto, já que ele está aí em todas as montras, rádios e televisões, o que eu tenho a dizer é que eu por acaso até odeio a merda do Natal.
Quer dizer, odiava, porque me stressava muito, havia muita discussão à mesa por causa do bacalhau já lá chegar frio, enfim, fazia-me muita confusão, punha-me muito tonta.
Isto para não falar das cabronazinhas das outras meninas da escola que me atribuíram durante anos a fio o papel de bruxa má na peça de teatro natalícia por não comprar presentes a ninguém da minha família, que vejamos, se restringia aos meus pais, à minha avó e à minha irmã, mas nem assim eu conseguia ter rendimentos que me permitissem a despesa, ao passo que elas conseguiam chegar a oferendas para primos de quinto grau (que eu nem tenho). Não sei como as gajas amealhavam tanto dinheiro, mas desconfio.
O caso é que os meus pais me garantiram que no campo das trocas comerciais os pais é que compram prendas aos filhos, pelo menos enquanto eles ainda são crianças, porque é muito feio subsidiar a exploração do trabalho infantil, e eu acreditei.
Refeita de traumas vários ao longo da vida, uns causados por colegas de escola e outros por aliens, mas quase todos relacionados com o Natal, hoje em dia praticamente já só o odeio nas estradas de Portugal e nos centros comerciais, ambos os locais cheios de bêbados psicopatas desde fins de Outubro a meados de Janeiro. O que significa que posso largar a psicoterapia.
Prova irrefutável é que começo já a falar (mais ou menos bem) do Natal ao dia 10 de Novembro que é para não levar com aqueles olhares de lado que significam "esquisita!..." só por eu ter grande resistência ao vírus do consumismo e pôr em causa as pretensas boas intenções da histeria colectiva.
A minha, pelo menos, está a ser, dado que estou de férias. Ter um "Santo" Natal não está na minha natureza, mas de bom grado contaria com alguma magia, nomeadamente na aparição e ajuda de Kreacher, o elfo doméstico. Além do alívio nas tarefas culinárias, gozaria finalmente da companhia de alguém com o espírito sarcástico e ironia adequadas ao momento.
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