E hoje és tu, meu grandessíssimo burgesso, que mereces, e a tua família toda merece por ainda não te ter renegado, e os teus colaboradores mais (ou menos) directos merecem por permanecerem ao teu lado, alienados pelo despotismo e corrompidos pela impunidade, mas quem mais merece é o PSD, que é o teu pai político, que legitima a tua indecência, que exalta a tua vulgaridade e fecha os olhos ao teus desplantes boçais e delinquências várias. O Presidente da República também tem culpa, claro, ou não tivesse jurado, se bem me lembro, cumprir e fazer cumprir a Constituição em todo o território português, que em algum artigo diz, estou certa, que a lei é igual, em direitos e deveres, para todos.
Tu, no fundo, não passas de um marginal. Um marginal que infelizmente a polícia não trata como outros marginais iguais a ti. E eu cuspia-te na cara se não desconfiasse que gostarias.
O que te fizeram as mulheres madeirenses para as estares a ultrajar desta forma, diz lá, ó erro da natureza?
Portugal é hoje um país melhor e é hoje que quero lembrar quem (também) contribuiu para tal, numa época de verdadeiro obscurantismo, agitando corajosamente as águas.
Mais uma vez muito obrigada, pelo meu país, pelas mulheres portuguesas, pela liberdade de escolha.
Eu sei que há muita gente que não gosta de ouvir isto, mas o PCP (mais uma vez) é que tinha razão. Uma matéria legislativa resolve-se na Assembleia da República. É para isso que ela serve: é o órgão legislativo. Os eleitores portugueses devolvem agora ao Parlamento uma tarefa que sempre foi dele: legislar.
Com isto não quero dizer que o resultado do Referendo de hoje (aliás, de ontem, que já passa da meia-noite) não é importante. Pelo contrário, é vital (literalmente!).
O que eu quero dizer é que se podiam ter poupado mais de oito anos de aborto clandestino, porque em 1998 foi aprovado na Assembleia da República um projecto de lei para despenalizar a IVG. Acontece que nessa altura o Sr. Eng. Guterres e o Sr. Prof. Marcelo Rebelo de Sousa acharam que não tinham de aceitar uma decisão válida e legítima de um órgão soberano para a tomar, e "cozinharam" o primeiro referendo.
Com isto, foram cúmplices na morte de um número indeterminado de mulheres ao longo dos últimos 9 anos, vítimas do aborto clandestino. Onde está a "questão de consciência" agora?
"O Sistema Nacional de Saúde está no limite das suas capacidades de intervenção. Poderá aumentar essas capacidades assim o Governo o queira."
Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, na RTP1 , às 21:10h.
José Sócrates também já falou.
Defende o período de reflexão sem dizer que este não deve pôr em causa o prazo legal.
Não se refere de forma nenhuma ao que poderá ser o "estabelecimento de saúde legalmente autorizado", não se refere ao Sistema Nacional de Saúde.
Isto significa que a luta não acaba aqui.
O representante máximo do maior partido na oposição acabou de afirmar que mesmo não tendo sida obtida pelo SIM uma vitória juridicamente vinculativa, a lei deve mudar.
E isto é o mais importante. É por isto que os movimentos pelo SIM se bateram e é isto que nos distinguirá da Idade das Trevas. No entanto, antecipo (grandes?) dificuldades na regulamentação da nova lei na Assembleia da República. Gostaria muito de estar enganada em relação a isto, mas... O tempo o dirá.
É que há ainda por aí os fundamentalistas como o Dr. Gentil Martins, que tudo farão para não cumprir a lei, não olhando a meios para atingir os fins, utilizando argumentos como a não prioritização dos casos de IVG (por definição condicionados pelo tempo) remetendo-os para o fim das listas de espera - ouvi-o mesmo agora dizer isto na TV - ou utilizando posições de poder para impor a objecção de consciência. Num mundo perfeito isto não seria possível, mas nós não vivemos num mundo perfeito.
Faltam menos de 500 freguesias para apurar e o SIM sobe sem parar, mais contra o NÃO que contra a abstenção. No entanto, dado o elevado nível desta, continuo a não conseguir evitar sentir que esta vitória sabe a pouco...
Alegria contida. Não consigo partilhar a comemoração esfusiante dos movimentos dos SIM, pelo menos no imediato. Não me sai. A projecção sobre a abstenção ao nível dos sessenta e muitos por cento e a consequente não vinculação do resultado não me deixa nada confortável. Tal nível de abstenção, a confirmar-se, é péssimo, desculpem.
No Domingo não vou ficar em casa. No Domingo vou votar SIM no referendo da despenalização da IVG. E não sou só eu: no Domingo, ele, elas, ele, ela, eles, ela, ele, elas, ele e muitos mais (enfim, a lista é enorme, felizmente!) vão votar SIM para que a mulher deixe de ser destratada, desconsiderada, desrespeitada, violada e descriminada pela lei expresa no Código Penal Português, artigo 140, que diz: "A mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiros, ou que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar, é punida com pena de prisão até 3 anos."
Pela mulher portuguesa, para mudar esta lei indecente, no Domingo não fiques em casa.
Em desespero de causa, os do não, temendo a eminente derrota no referendo do próximo Domingo, vendo goradas as manobras de diversão destinadas a desviar a atenção dos eleitores daquilo que de facto está em discussão, adoptaram uma nova postura: são pelo "nim".
Não querem descriminalizar a interrupção voluntária da gravidez, mas por outro lado afirmam que não fazem questão que a lei seja aplicada. Eu nem comento esta posição disparatada. Restrinjo-me apenas ao essencial:
Se o sim ganhar, a lei actual, que criminaliza a mulher que aborta por opção com uma pena que pode ir até três anos de prisão, TEM de mudar.
Uma vitória do não PROÍBE, IMPEDE, a alteração da lei actual. Quer isto dizer que as mulheres que abortarem são para todos os efeitos criminosas; o aborto continua assim a ser clandestino; continua a ser feito (disso não tenham a mínima dúvida!!) sem condições mínimas de segurança, e por isso, a ser uma causa de morte e mutilação de muitas mulheres que não têm escolha nem apoio.
Não importa que os do "nim" digam o contrário, ou seja, que se o não ganhar se pode mudar a lei na mesma. NÃO É verdade. Não pode. Se o não ganhar, isso significa o mesmo que significou no passado referendo: nada muda. Até porque seria impossível, em democracia agir contráriamente à expressão de uma maioria. Se isso pudesse acontecer nunca mais um referendo teria legitimidade e seria levado a sério neste país.
O sim é, não pelo "aborto livre", como os do não e do "nim" fazem veicular, mas SIM pela "despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado".
Ou seja, sou eu que não sei ler, ou o "livre" não é livre, dadas as condições e limitações bem explícitas no texto da pergunta?! Ou esta tentativa de manipulação é tão patética que se dirige apenas aos iletrados?
E para não dizerem que eu sou facciosa e que não dou direito de antena ao Não, ficam aqui dois vídeos que dizem exactamente o mesmo (embora um seja um bocadinho mais esclarecedor que o outro - o 2º, para quem tiver dúvidas).
Haja alguém que desmascare as mentiras extremistas radicais contra as mulheres deste país que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa anda pela internet e televisão pública a espalhar à boca cheia, numa atitude pseudo-esclarecida e desonesta (nomeadamente nos "dados" que apresentou no passado Domingo na RTP1 como inquestionáveis, e que são comprovadamente falsos).
Já muito foi explicado sobre porque é que se deve votar SIM no referendo de 11 de Fevereiro.
Se alguém ainda tem dúvidas, encontrarão com toda a certeza, na lista de links aqui ao lado, muito material relevante.
Ontem chegou finalmente a minha vez (é que eu não costumo precisar de explicar isto às pessoas que normalmente me rodeiam). Facto é que acabei por sair com uma pessoa que (então me revelou que) vai votar NÃO.
E o argumento que me apresentou foi o seguinte: com a despenalização, o aborto vai ser mais um método contraceptivo e - de acordo com a sua opinião - o preferido, tipo "nova moda", prevendo-se assim que aumentem em flecha o número de abortos num futuro próximo, em caso de vitória do SIM.
Mas como é que pode passar pela cabeça de alguém que alguma mulher dotada de sanidade mental possa engravidar conscientemente para utilizar depois o aborto como método contraceptivo, é que me choca!! Como é que alguém pode estar convencido que abortar não é uma experiência horrível e traumatizante, acreditando até que é capaz de "virar moda"?!
E assim que eu aprenda a trabalhar com isto como deve ser, vai ter um daqueles "autocolantes" amarelos e tudo!!
Por enquanto, é por os olhinhos nestas palavras.
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