Sexta-feira, 11 de Setembro de 2009

O machismo disfarçado de chefe

Ontem o meu chefe, e gosto de me referir a ele como "chefe" por essa ser uma das palavras porventura mais desprestigiantes no dicionário de Língua Portuguesa, chamou-me "filha".

"Pois é, filha, mas blá, blá, blá..." foi como tentou desacreditar a minha opinião técnica. De notar que também se refere a uma outra mulher hierarquicamente superior e que é da idade dele, cerca de cinquenta e poucos anos, como "a rapariga". De notar também que nunca lhe passaria pela cabeça tratar algum colega meu do sexo masculino por "filho" ou admitir que alguém se referisse a ele próprio como "o rapaz".

Na fracção de segundo imediata deve ter sentido o meu olhar gélido porque se apressou a emendar com um ainda pior "Filha, salvo seja!" sem me conseguir olhar de frente mas forçando o sorriso numa tentativa patética de tornar o ambiente mais leve.

Enfim, o que fazer, o que dizer? Livrou-se de um ácido "Não sou sua filha, nem sequer da sua família." porque, pelo meu lado, também sou a calculista que neste momento está interessada em que ele me pague o mestrado sem muitas ondas. E porque não tive tempo de dizer nada antes da emenda.

Mas é assim o mercantilismo das relações laborais: aturar tratamentos demeritórios em troca de (alguma) estabilidade financeira. O respeito e a consideração já não têm lugar.

Buraco tapado por Citadina às 13:01
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Quinta-feira, 10 de Janeiro de 2008

"E eu é que sou burro?!"

Espantada com o post anterior, dei-me ao trabalho de ir ler o Boletim Económico de Inverno 2007 do Banco de Portugal, publicado no dia 8 de Janeiro e que é o motivo das notícias assinadas pelo tal Luís Reis Ribeiro, nas páginas 6 e 7 do Diário Económico de ontem (edição impressa).


Referências a mulheres, só constam as seguintes:

3.1. Emprego (pág 17)

"A oferta de trabalho tem sido marcada ao longo dos últimos anos pela tendência ascendente da taxa de actividade, que reflecte, entre outros factores, a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, a dinâmica demográfica e a promoção do envelhecimento activo através de políticas de retenção no emprego dirigidas aos grupos etários mais avançados. No entanto, o impacto de alguns destes factores tenderá a diminuir ou mesmo extinguir-se, assumindo-se uma estabilização da taxa de actividade em valores próximos de 74 por cento, a que corresponde um crescimento da população activa ao longo do horizonte de projecção inferior ao aumento médio registado nos últimos anos."

Daí extrapolar que: "Dizem as estatísticas que uma das causas do desemprego em Portugal é o género feminino. Muito simplesmente porque, por cá, há muito mais mulheres a querer trabalhar.", é completamente ridículo e misógino.
 
Buraco tapado por Cosmopolita às 14:05
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Quarta-feira, 9 de Janeiro de 2008

Repete lá isso outra vez?...

Ou: Bem me parecia que ainda iam arranjar maneira de nos pôr as culpas em cima

Ou: Acho que vou guardar isto para emoldurar

"Dizem as estatísticas que uma das causas do desemprego em Portugal é o género feminino. Muito simplesmente porque, por cá, há muito mais mulheres a querer trabalhar. No total, a taxa de actividade nacional é de 74%, acima do objectivo de 70% da Agenda de Lisboa. O problema é que a economia nacional não cria empregos suficientes para estas pessoas."

in Diário Económico, edição impressa de 09-01-2008, pág. 6. Juro.


Adenda:
Pelo facto de esta afirmação ser publicada numa caixa de destaque não é possível visualizá-la na edição online. Disponibilizo, no entanto, uma digitalização do recorte aqui (clique na imagem para aumentar).
Não arrisco atribuir autoria ao texto citado porque no tal destaque (que não é um excerto dos textos que o envolvem) não consta tal informação, como podem ver no recorte.
Apenas posso referir com certeza que o autor das notícias adjacentes é Luís Reis Ribeiro, embora exista a possibilidade de ele não ter nada a ver com o referido destaque.

 
Buraco tapado por Citadina às 18:43
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