Quarta-feira, 13 de Outubro de 2010

L Word - Quem matou Jenny Schecter? (1)

Vou sentir a falta desta série, que influenciou tanta gente, gay, hetero ou transsexual, em todos os países em que passou. De certa maneira era como se também pertencessemos àquele grupo de amigas, vivessemos na mesma cidade que elas e partilhássemos os seus problemas e alegrias.

 

Quem não se lembra das múltiplas cópias de Shanes que aparecerem por aí na noite gay? Quantos de nós se não identificaram com algumas das personagens da série?

 

De todas as pessoas presentes na noite do crime, qual delas matou Jenny? Vou apontando as razões que cada pessoa presente na festa em casa da Beth e da Tina na noite do assassinato de Jenny, pode ter tido. Deixo ao vosso instinto detectivesco os palpites sobre quem pode ter sido a assassina.

 

Comecemos pelo casal mais emblemático da série, Beth Porter e Tina Kennard. Apesar das diferenças de personalidade, o profundo amor, admiração,  cumplicidade e solidariedade que sentem uma pela outra e o sentido de familia que as une, acabou por levar a melhor. Penso que muita gente torceu para que, após todas as crises que atravessaram, encontros e desencontros, separações, paixões e ligações que cada uma delas teve separadamente, apesar do tempo que decorreu, acabassem juntas como família. Ambas excelentes profissionais, cada uma no seu ramo, provaram que duas mulheres intelectuais, cultas, independentes e autónomas podem criar uma filha, a Angelica, e dar-lhe uma família, sem que nenhuma delas tivesse de abdicar de ser quem era.

 

A Tina podia ter matado a Jenny, devido ao facto de esta lhe repetir com frequência que detestava trabalhar com ela, e de, ao ter roubado os negativos do filme Lez Girls, ter deixado que Tina fosse considerada responsável pelo desaparecimento destes e tivesse sido despedida.

 

A Beth podia ter tido como razão o facto de a não suportar a forma como Jenny tratava Tina mas, sobretudo, porque Jenny se preparava para dizer a Tina o que já tinha dito a outras amigas do grupo: que tinha provas fotográficas de que a Beth andava a enganá-la, com uma antiga colega de faculdade, a Kelly. Após Beth ter dito a Tina "I promise that I share your values about family and faithfulness, committment and that I will never ever cheat on you again", Beth sabia que Tina nunca mais confiaria nela e que isso destruiria de vez a família delas, ainda por cima numa altura em que estavam a ampliar a casa para poderem ter outra criança.

 

 

Passemos ao outro casal da série, a Alice Pieszecki e a Tasha Williams. Com problemas relacionais, devido à ausência de interesses em comum e profundas diferenças de maneiras de ser e estar, envolveram-se numa relação de amizade a três com uma amiga recente de quem se tornam inseparáveis, Jamie Chen. Jamie traz outro dinamismo e alegria à vida deste casal, apimenta-a até do ponto de vista sexual. Apesar de todos os avisos do grupo de amigas para o inevitável perigo desta situação, Tasha e Jamie acabaram por se apaixonar, (é quase um cliché em casos de casais em crise ou em relações de muito longa duração), e Tasha deixa Alice pela Jamie.

 

Alice é a criadora do famoso quadro de relações entre amigas e conhecidas suas, "The Chart" e à pergunta "Why is it so important for you to believe that everyone is sleeping with everyone else?", Alice responde "Because they are". Quando ficou desempregada pediu a Jenny  que revisse com ela um argumento que tinha escrito para um filme. Jenny correu com Alice, dizendo que o argumento era medíocre. no entanto vendeu-o como se fosse da sua autoria. Alice pode ter matado Jenny por esta razão.

 

Tasha, confusa e culpabilizada por se ter apaixonado por uma amiga comum em quem Alice confiava, quando volta para Alice pode ter querido vingá-la da maldade de Jenny.

 


 

No próximo post, analisarei os motivos das outras personagens e convido-vos a pronunciarem-se.

Buraco tapado por Cosmopolita às 02:25
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Quinta-feira, 27 de Agosto de 2009

E é (também) por isto que é uma grande sorte eu ter nascido lésbica

Ao ler este post soou-me na mente a campainha da evidência porque o texto da Vieira do Mar resume bem as minhas experiências pessoais no mundo da corte heterossexual (sim, também lá andei, ainda hoje me pergunto a fazer o quê).

Normalmente resisto a generalizar, ou a normativizar, o-homem-sexual-da-minha-geração (e de outras também...), mas se existe alguma coisa parecida com factos empíricos, então estamos perante um. E, turns out, não sou só eu que o digo.

Buraco tapado por Citadina às 14:17
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Terça-feira, 30 de Junho de 2009

Pina Bausch (1940 - 2009)

Outra mulher notável. Desta feita uma que, infelizmente, o mundo acaba de perder. A dança fica muito, mas muito mais pobre.

 

Buraco tapado por Citadina às 15:32
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Segunda-feira, 29 de Junho de 2009

Mulheres fascinantes - Saba Douglas-Hamilton

Saba significa "sete" em swahili, dia do seu nascimento, em Junho de 1970, no Quénia. Tal como o seu pai, dedica a vida à zoologia e conservação da natureza em geral e ao estudo comportamental dos elefantes em particular.

Pode ser vista em variadíssimos documentários da BBC sobre vida selvagem, nos habituais canais para nerds da vida selvagem (nerds como eu).

E se Tanya Streeter é linda, Saba é simplesmente de cair para o lado. (Toda a gente tem as suas movie stars favoritas e eu também, estas).

 

 

 

Mais sobre Saba Douglas-Hamilton aqui.

Buraco tapado por Citadina às 23:47
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Quinta-feira, 25 de Junho de 2009

Mulheres fascinantes - Tanya Streeter

Pode ver-se em canais como o National Geographic, o Odisseia ou o BBC Vida Selvagem. E quando isso acontece, eu não consigo tirar os olhos da televisão, onde interessa bem menos a sua aparência (maravilhosa, pronto) do que o que ela diz e o que ela faz.

 

 

Mais sobre Tanya Streeter aqui.

Buraco tapado por Citadina às 10:39
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Terça-feira, 23 de Junho de 2009

Mudar a fralda

Mudar a fralda é muito bom, é um alívio do caraças, qualquer mulher sabe isso e nem precisa de passar por experiências de maternidade.

Buraco tapado por Citadina às 12:47
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Terça-feira, 24 de Março de 2009

O meu Meo e a Angelina Jolie

Para vos dar uma ideia que quão alheada eu posso ser em relação à chamada "cultura lésbica", até ontem à noite nunca tinha ouvido falar num filme chamado "Gia", em que Angelina Jolie desempenha o principal papel, representando uma top model fora de série e lésbica, afinal o sonho molhado da maioria das mulheres atraídas sexualmente por outras mulheres.

A película é baseada numa história verdadeira, ou melhor, numa pessoa que existiu mesmo. Essa mulher, Gia Maria Carangi, encantou as passerelles no fim dos anos setenta e primeira metade dos anos oitenta do século passado, tendo sido toda a sua vida adulta objecto de explorações várias, inclusivé as decorrentes de uma forte dependência de drogas duras, tendo sucumbido aos vinte e seis anos de idade, em 1986, vítima do flagelo da SIDA.

Pois bem, ontem à noite, num canal que se Chama "Fox: Next", do qual também nunca tinha ouvido falar até ter recentemente instalado o Meo, deleitei-me com um verdadeiro festival estético, tão estético quão bonita pode ser uma mulher em cada detalhe físico seu. E horrorizei-me com a armadilha que a beleza  extrema pode constituir, não no sentido de ser à priori prejudicial ser-se bel@,  muito menos no sentido de uma alusão demoníaca da beleza, tão clássica [a alusão] afinal, porque não é nada disso, nem neste caso as portas que a extraordinária beleza lhe abriu e o que lhe proporcionou foram o que a foi matando aos poucos, mas sim a ilusão de poder que ser bel@ dá a alguém, a essa pessoa e só a ela própria, uma tentação irresistível de cair na falácia de se achar sobrehuman@, impermeável a inseguraças e outras fragilidades, uma noção fantasiosa de domínio e influência muito perigosas para ela, mas também para quem lhe é emocionalmente próximo. Porque, se parece que toda a gente quer as pessoas belas, que toda a gente as solicita, alimentando-lhes o ego e a auto-estima, a realidade é que a grande maioria das pessoas apenas as quer possuir para alimentar o seu próprio ego, usá-las e deitá-las fora assim que aparece um melhor sucedâneo.

No fim, toda a gente se lembra dela, mas raros são os que vão sentir a sua falta e é este o epílogo de uma vida infeliz.

Buraco tapado por Citadina às 11:36
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Sexta-feira, 20 de Março de 2009

Petição "End "Corrective" Rape of Lesbians in South Africa!"

Pois então parece que há uns atrasados mentais na África do Sul que acham que a homossexualidade é uma doença que se cura através de um acto tão ignóbil e violento, tanto física quanto psicologicamente, como é uma violação.

Por isso, gente de bem que lê este blog (tenho a certeza que são tod@s) por favor assinem esta petição, ajudando assim a pressionar as autoridades locais no sentido de desencadearem diligências para acabar com estas práticas monstruosas.

Eu agradeço e as lésbicas sul-africanas ainda mais!

Buraco tapado por Citadina às 11:49
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Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008

É tão giro andar de Metro #2

 

 

O nazi e a mulata: nitidamente enamorados, chamam a atenção por serem os dois muito bonitos, mas sobretudo por formarem um par historicamente inverosímil. É certo que esses tempos já não são, felizmente, mas os estereótipos fixam-se na memória como carraças.

Lá vão eles, na mesma carruagem que eu, todos os fins de tarde. Ele alto e magro, chocantemente mal-educado. Quando se senta - sempre antes dela - esparrama as pernas longas pelo espaço das pernas dos outros sem pudor, licença ou incómodo. Antes com visível desprezo no olhar, quase ameaçador. Ela fica de pé, a fazer-lhe festinhas na cabeça, à espera do próximo assento vago. Ele abandona-se a esse carinho e mergulha numa espécie de torpor de onde emerge de vez em quando para a vigiar, especialmente quando se apercebe que ela está a mexer no telemóvel. Aproveita e distribui um olhar assassino por quem está à volta.

Fisicamente ele é o Ralph Fiennes no seu mais belo, só que ainda mais belo. Os mesmos olhos terríveis e gélidos da Lista de Schindler. Iguais, juro, se os vissem, reconheciam-nos logo.

Ela é doce e quente e tem a tristeza (ou será cansaço?) estampada no olhar.

Quanto se poderá aferir da personalidade de alguém só de a observar?

Buraco tapado por Citadina às 18:59
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Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2008

Dor de cabeça - um exercício lúdico de reencarnação no famoso macho latino

A Lei da Paridade foi promulgada pelo Presidente da República. Depois do veto presidencial em 2006, a nova lei vai impor uma quota de 33,3% de mulheres a integrar nas listas de candidatos de cada partido.

 

Não é que é mesmo uma chatice que nos vai ser imposta e que é uma porcaria de moda importada desses estranjas da Europa? Gajos que, está visto, não percebem nada do que as mulheres gostam e almejam. Gajos que não são gajos a sério, a não ser quando lhes dá para beber, que aí batem-nos aos pontos. Assim, lá teremos nós de fingir ainda melhor que somos menos machistas e mais alcoólicos.

 

Como explicar a esses eunucos que elas gostam mesmo da porrada que levam, porque isso, como diria o outro, não é senão uma saudável demonstração de carinho dos seus homens, que os deixa aliás, mais incomodados a eles que a elas. Ou que matar-se uma de vez em quando, num arroubo de afecto e paixão, não é senão o sonho das mais românticas... Ou que ser desempregada de longa duração é porreiro, porque se tem mais tempo para o homem e filhos, só quem não é mulher é que não sabe a trabalheira que eles dão e, claro, porque há essa mina do subsídio de desemprego. Ou que servir um chefe burro, incompetente, prepotente e fazê-lo brilhar é o nosso destino histórico e almejada vocação?

 

Agora lá vêm os paneleiros com as quotas de 33,3%, caraças! Logo 1/3 das nossas mulheres! Onde é que se vai arranjar 19 ou 20 mil mulheres até 2009? Isso é mesmo não conhecer Portugal! Não há assim tantas mulheres solteiras, que as casadas já têm mais que fazer em casa a tratar da família depois de um dia de trabalho! Este é um país onde os homens se casam com mulheres, não é nenhuma porcaria de país em que as pessoas se casam à toa! Maricas!

 

Esta dor de cabeça de vir a ter mais mulheres no Parlamento é até capaz de potenciar consensos impensáveis entre partidos de direita e de esquerda! Bolas!

 

 

Segundo o Público, no Parlamento português, em 230 deputados, há 65 mulheres. Com as próximas eleições terão passar a ser 76. Neste momento há 52 deputadas socialistas num total de 121 deputados; no PSD há apenas seis deputadas em 75. O Bloco de Esquerda tem quatro deputadas num total de oito; o CDS tem uma deputada em 12, Os Verdes têm uma deputada em 2 eleitos e o PCP não tem uma única mulher desde que Odete Santos renunciou ao mandato de deputada e Luísa Mesquita foi expulsa do partido, ficando como independente.

E o problema parece colocar-se logo nas eleições autárquicas: dos 308 municípios existentes apenas 18 mulheres são Presidentes de Câmara e há apenas 36 mulheres a liderar Assembleias Municipais.

Buraco tapado por Cosmopolita às 12:35
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Quarta-feira, 26 de Novembro de 2008

2008: 43 mulheres mortas por violência doméstica (and counting...)

 

Clique na imagem para ver como pode ajudar parar a contagem...

Buraco tapado por Citadina às 14:09
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Segunda-feira, 15 de Setembro de 2008

Gostar de mulheres

Parque da Bela Vista, Lisboa, 14-09-2008

Buraco tapado por Citadina às 16:45
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Terça-feira, 22 de Abril de 2008

Da série Mulheres que dizem foda-se

Este post também podia ter como título "Da série A alarvidade não é um exclusivo dos homens", seguido por um texto do género "Por mim estás contratada, quanto é que levas à hora?", mas sucede que eu admiro verdadeiramente esta mulher e ela não merece tamanhas vulgaridades.

Mulheres que dizem foda-se com carácter, sentido de oportunidade e classe podem, depois, usar um aspirador sem lhes cairem os parentes na lama ao mesmo tempo que transpiram sensualidade e força.


Buraco tapado por Citadina às 17:41
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Terça-feira, 12 de Fevereiro de 2008

Os homens da minha geração

Os homens da minha geração enviam e-mails com textos destes às mulheres de quem são amigos.

"AS MULHERES DA MINHA GERAÇÃO

É o único tema em que sou radical e intolerante. Aquele em que não escuto razões: as mulheres da minha geração são as melhores. E ponto final!

Hoje têm quarenta e muitos anos ou cinquenta e tal, e são belas, muito belas, porém também serenas, compreensivas, sensatas e sobretudo diabolicamente sedutoras, isto, apesar dos seus incipientes pés-de-galinha ou desta afectuosa celulite que campeia as suas coxas, mas que as fazem tão humanas, tão reais. Formosamente reais.

Quase todas, hoje, estão casadas ou divorciadas, ou divorciadas e casadas, com a intenção de não se equivocar no segundo intento, que às vezes é um modo de acercar-se do terceiro e do quarto intento. Que importa? Outras, ainda que poucas, mantêm um pertinaz celibatarismo, protegendo-o como uma fortaleza sitiada que, de qualquer modo, de vez em quando abre as suas portas a algum visitante. Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!

Nascidas sob a era de Aquário, com influência da música dos Beatles, de Bob Dylan, de Lou Reed, do melhor cinema de Kubrick e do início do boom latino-americano, são seres excepcionais. Herdeiras da "revolução sexual" da década de 60 e das correntes feministas que, no entanto, receberam passadas por vários filtros, elas souberam combinar liberdade com coqueteria, emancipação com paixão, reivindicação com sedução. Jamais viram no homem um inimigo, apesar de lhe cantarem algumas verdades, pois compreenderam que a sua emancipação era algo mais do que pôr o homem a lavar a louça ou a trocar o rolo do papel higiénico. Decidiram pactuar para viver em casal com o seu parceiro, essa forma de convivência que tanto se critica, mas que, com o tempo, resulta ser a única possível, a melhor pelo menos neste mundo e nesta vida.

São maravilhosas e têm estilo, mesmo quando nos fazem sofrer, quando nos enganam ou nos deixam. Usaram saias indianas aos 18 anos, enfeitaram-se com colares andinos, cobriram-se com suéteres de lã e perderam a sua parecença com Maria, a Virgem, numa noite louca de sexta-feira ou de sábado, depois de dançar El Raton de Chéo Feliciano, na Terra Corrida ou em Quiebracanto com algum amigo que lhes falou de Kafka, de Gurdieff e do cinema de Bergman.

No fundo das suas mochilas traziam pacotes de rouge, livros de Simone de Beauvoir e cassetes de Victor Jara, e, ao deixar-nos, quando não havia mais remédio senão deixar-nos, dedicavam-nos aquela canção de Héctor Lavoe, que é ao mesmo tempo um clássico do jornalismo e do despeito, que se chama "Teu amor é um jornal de ontem". Vestiram-se de luto pela morte de Julio Cortázar, falaram com paixão de política e quiseram mudar o mundo, beberam rum cubano e aprenderam de cor as canções de Sílvio Rodriguez e de Pablo Milanez, conhecerem os sítios arqueológicos de San Agustin e Tierradentro (nessa época podia ir-se sem temor para a guerrilha, que nostalgia!), foram com seus namorados às praias do parque Tayrona, dormindo em barracas e deixando-se picar pelos mosquitos, porque adoravam a liberdade, algo que hoje inculcam aos seus filhos, o que nos faz prever tempos melhores e, sobretudo, juraram amar-nos por toda a vida, algo que sem dúvida fizeram e que hoje continuam a fazer na sua formosa e sedutora maturidade.

Souberam ser, apesar de sua beleza, rainhas bem educadas, pouco caprichosas ou egoístas. Deusas com sangue humano. O tipo de mulher que, quando lhe abrem a porta do carro para que suba, se inclina sobre o assento e, por sua vez, abre a do seu companheiro por dentro. A que recebe um amigo que sofre às quatro da manhã, ainda que seja seu ex-noivo, porque são maravilhosas e têm estilo, ainda que nos façam sofrer, quando nos enganam, ou nos deixam, pois o seu sangue não é suficientemente gelado para não nos escutar nessa salvadora e última noite, na qual estão dispostas a servir-nos o oitavo uísque e a colocar, pela sexta vez, aquela melodia de Santana.

Por isso, para os que nascemos nas décadas de 60, o dia da mulher é, na verdade, todos os dias do ano, cada um dos dias com suas noites e seus amanheceres, que são mais belos, como diz o bolero, quando estás tu. Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!

(escrito por Santiago Gambôa, escritor Colombiano)"

Buraco tapado por Cosmopolita às 18:26
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Sexta-feira, 1 de Fevereiro de 2008

Sexualidade – A realidade e o mito

A propósito deste post, deste outro e ainda deste, do qual gostei particularmente, e de muitos outros publicados na blogosfera, achei importante falar a sério da sexualidade feminina, tentando desmistificar alguns dos mitos que sobre ela existem.

Em todas as sociedades há imaginários que são projecções sobre as coisas que as pessoas mais almejam ter ou ser, bem como as frustrações ou medos inerentes. A partir daí constroem-se mitos que nada têm a ver com a realidade. No caso da sexualidade feminina, o estereotipo da mulher ideal corresponde a uma mulher magra, bonita, de cabeleira farta, bem feita, com peito e pernas perfeitas, sedutora, cativante, que tem 20 orgasmos múltiplos numa noite só e que faz o seu parceiro sexual tê-los também. Além disso faz amor ou sexo todos os dias, a qualquer hora e em qualquer sítio ou posição.

Não correspondendo nada disto à realidade (bom, pode ser que haja alguma excepção!), as outras mulheres, quando se comparam com este modelo artificialmente criado, sentem-se obviamente diminuídas e “anormais”, esquecendo-se, como já aqui referi, que a “normalidade” não é mais do que uma estatística representada em curvas de Gauss. E, para não o serem, socialmente e na intimidade, recorrem a todo o tipo de subterfúgios: mentem, fazem sacrifícios insanos, remetem-se ao silêncio sobre si próprias, fingem, etc.

As disfunções sexuais femininas afectam o desejo sexual das mulheres e/ou alteram as respostas psicológicas e fisiológicas do corpo perante estímulos sexuais, causando sofrimento e insatisfação não só na própria mulher, como também no seu parceiro sexual. Há uma série de disfunções sexuais femininas que importa referir. São elas:

Transtornos do desejo sexual:

  • Desejo sexual hipoativo (desejo sexual inibido): deficiência ou ausência de fantasias sexuais e de desejo de ter actividade sexual. A relação sexual é vista como um castigo. É uma situação que provoca sofrimento, insatisfação, frustração, culpabilização e depressão por esta desmotivação e pelos problemas que ela causa ao casal, e em que a mulher usa permanentemente desculpas para evitar a actividade sexual. As causas são fundamentalmente de origem psicológica: negação ao sucesso, prazer e amor, medo de abandono, conflitos, etc.
  • Aversão sexual (fobia sexual): aversão e esquiva fóbica activa do contacto sexual com parceiros, acompanhados de sentimentos de desagrado, repulsa, ansiedade e medo. O simples pensar em sexo é evitado com sofrimento e angústia, podendo mesmo aparecer sinais de pânico: náuseas, suores frios e falta de ar, quando a mulher tenta aproximar-se do parceiro. As causas são fundamentalmente psicológicas: abuso sexual traumático, educação anti-sexual durante a infância, culpas, dificuldade em unir amor com sexo na mesma pessoa (esposa/prostituta), raiva entre o casal, etc.

Transtornos da excitação sexual:

  • Transtorno da excitação sexual feminina (frigidez): incapacidade persistente ou recorrente de adquirir ou manter uma resposta de excitação sexual adequada de lubrificação-turgescência até ao fim do acto sexual. A mulher tem pouca ou nenhuma sensação de excitação. É devida normalmente à combinação de causas orgânicas, emocionais, culturais e sociais, sendo que a social apresenta um peso significativo.

Transtornos do orgasmo:

  • Anorgasmia (inibição do orgasmo): atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo, mesmo após estímulo sexual adequado. Pode ser devido a bloqueios emocionais, uso de substâncias químicas e certo tipo de doenças.

Transtornos sexuais dolorosos:

  • Dispareunia feminina: dor genital associada ao acto sexual e que não seja causada por factores orgânicos. Embora a dor seja experimentada com maior frequência durante o acto sexual, também pode ocorrer antes ou após este.
  • Vaginismo : contracção involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adjacentes ao terço inferior da vagina, quando é tentada a penetração vaginal com pénis, dedo, tampão ou espéculo.

Disfunção sexual devida a uma condição médica geral: presença de disfunção sexual clinicamente significativa, considerada exclusivamente decorrente de efeitos orgânicos.


Disfunção sexual induzida por substância: disfunção sexual clinicamente significativa que tem como resultado um acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal, plenamente explicada pelos efeitos fisiológicos directos de uma substância (drogas, medicamentos ou exposição a toxinas).


Disfunção sexual sem outra especificação: disfunções sexuais que não satisfazem os critérios para qualquer disfunção sexual específica.

Num estudo feito pela Sociedade Portuguesa de Andrologia em conjunto com os laboratórios farmacêuticos Pfizer e divulgado em 2006, pode ver-se que mais de metade das mulheres portuguesas (56%) tem algum tipo de disfunção sexual. Dessas, 19% apontavam mesmo problemas graves. Das quatro principais disfunções sexuais femininas identificadas nesse estudo, 35% têm a ver com falta de desejo sexual, 31,6% com dificuldade em atingir o orgasmo ou com a diminuição da excitação ou da lubrificação e 34% com dor ou desconforto durante a relação sexual.

Naquele que Nuno Monteiro Pereira, presidente da SPA, considera ser "o primeiro grande estudo sobre a prevalência de disfunções sexuais femininas", foram analisados dados referentes a 1250 homens e outras tantas mulheres, com idades entre os 18 e 75 anos, o que inclui as pré e as pós-menopáusicas, que se encontram numa fase da vida em que alterações hormonais levam inevitavelmente a algum tipo de disfunção, como a falta de lubrificação vaginal.

Apenas 44% das mulheres portuguesas inquiridas com mais de 18 anos referiram não sofrer de qualquer tipo de disfunção sexual. O Prof. Dr. Nuno Monteiro Pereira explica que “A mulher precisa de contextualizar e de muito mais ingredientes do que o homem. O desejo masculino está dependente de factores físicos e o da mulher depende de muitos mais factores”. "Os números parecem assustadores, uma epidemia de disfunções sexuais, mas a sexualidade feminina é mais complexa que a masculina" e que os valores têm de ser lidos "com cautela".

"As diferenças entre homens e mulheres sempre existiram, temos é de procurar maneiras de as atenuar, para que não se tornem disfunções", diz Monteiro Pereira.

"A sexualidade da mulher está sobretudo na cabeça. É 80% mental", considera a ginecologista Maria do Céu Santo, que fez parte da equipa coordenadora do estudo. É por isso que grande parte da solução passa pela educação sexual - física e psicológica. Isto é aprender a conhecer e a tratar o corpo e aprender a lidar com as fantasias sexuais. Combater a rotina e manter a arte da sedução no casal são os truques aconselhados por esta especialista.

Este estudo põe ainda a nu a diferença que existe entre a realidade da sexualidade feminina e aquilo que os homens pensam sobre ela. Exemplo típico: 32% das mulheres têm dificuldades no orgasmo mas os homens apenas detectam 24% - ou seja, há pelo menos 8% de orgasmos fingidos, de que os homens nem desconfiam. Outro exemplo: na opinião dos homens a prevalência da dor ou desconforto durante a relação sexual é de 23% (quando na verdade é de 34%). O que prova que, antes de mais, estamos perante um problema de comunicação no casal. Isto apesar de 59% das mulheres conversarem sobre esta questão com o seu parceiro e só 55% procurarem um profissional de saúde. Números que podem dar que pensar, dado a maioria dos problemas serem patológicos - físicos ou não -, comentou o psiquiatra Freitas Gomes. "A educação a esse nível ainda é muito restrita em Portugal e o assunto continua a ser tabu em muitos extractos sociais e culturais".

E o que fazem as mulheres para minorar estes problemas? 55% das mulheres consultam um profissional de saúde mas 39% afirmam não fazer nada. O tabu sobre a sexualidade feminina permanece. Quando se lhes pergunta porque é que não consultam um médico, 59% das mulheres dizem acreditar que o problema "vai melhorar por si" e 58% não o consideram relevante para o seu bem estar.

"As mulheres ainda atribuem uma certa normalidade a um mal-estar que não é normal, é patológico", acredita o psiquiatra, em cujo consultório já ouviu muitos desabafos sobre sexualidades falhadas. Mais de mulheres do que de homens, garante. Fugir a falar do assunto, diz Freitas Gomes, é resultado da educação da nossa sociedade. O treino "deveria começar na escola". Somam-se "medo, infelicidade" e uma boa dose de formatação mediática das mentalidades "A informação que passa da relação humana é má, vive da exploração da mulher".

A informação é, de resto, uma das maiores causas a que este especialista liga a disfunção sexual. Antes de mais, quando toca a perceber que a sexualidade para a mulher é diferente daquilo que é para o homem, contrapondo o conceito feminino de afectividade ao masculino de atracção pelo visual. "Fala-se erradamente como se fôssemos iguais. É preciso ensinar a diferença". Acoplada à falta de informação - até para perceber que se está perante uma patologia - surge justamente, segundo o psiquiatra, a falha na comunicação no casal. Quanto às mulheres que se dizem bem como estão, "é fugir à realidade", afirma Freitas Gomes.

Dito tudo isto, penso que nós mulheres, sobretudo as que são homossexuais ou bissexuais, temos obrigação moral e ética de não encarar “o estar na cama” da mesma forma que a encaram certos homens e, pelos vistos, certas mulheres também. Como muito bem comentou a Duca neste post, “Ora, uma das frases da Ela é "E acredita que esta opinião não é só minha…" referindo-se à qualidade, como amante, da mulher com quem tinha estado. Possivelmente, até já teria uma opinião formada antes do encontro sexual. Ora, se em vez de estar a observar, ao detalhe, a performance da outra, com a qual estava demasiado preocupada, porque razão Ela não fez algo para ajudar a outra a dar-lhe prazer? É que a outra, bem ou mal, esforçou-se. Ela, manteve-se na expectativa a observar com um sentido crítico, nada de acordo com o momento, onde a outra errava e sem a ajudar. Resumindo, quem não deve ser grande coisa sexualmente é Ela que se esqueceu que, de facto, it takes two to tango".

 

Fontes:

www.abcdasaude.com.br; www.cscarnaxide.min-saude.pt; www.diariodigital.sapo.pt; www.dn.sapo.pt; www.hcnet.usp.br; www.ibrasexo.com.br; www.jnsapo.pt; www.destak.pt;  www.medicosdeportugal.iol.pt; www.terapiadosexo.com.br; www.ultimahora.publico.clix.pt.

 

Buraco tapado por Cosmopolita às 18:18
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Terça-feira, 11 de Dezembro de 2007

Guião para um show inesquecível

Em conversa com a Garamond, esta desafia:

"Oh Cosmo, da próxima vez que formos ao karaoke tens de vir cantar comigo! E a Viz também. São as únicas em que aposto para fazermos um show."

"Oh Garamond, nem penses! A minha família, que me adora, NÃO me deixa cantar!!!! Eu desafino que é um caso sério!!!"

"Mauuu Cosmo! Quer dizer, só eu é que vou pó enxovalho, não? Danças, fazes o que quiseres, mas vais lá cantar."

"G, eu faço play back! Pode ser play back?"

"Não Cosmo! Escolhes uma música e ensaias. Tens pelo menos que fazer coro e dar à anquinha!"

"G, e posso marinhar por um varão acima? Empurras-me?"

"Empurro, mas quando desceres desces sozinha."

"Mas olha que assim posso fazer feridas entre as pernas com a fricção..."

"Não, a Viz segura-te, aproveitamos os metros dela."

"Ah pois, nós ao pé dela vamos parecer anãzinhas de circo, G !!!!!"

"É o galheteiro Cosmo. Fufas anãs, mas adeptas do fufalizar. Ela é grande, mas submissa. Não te rales, mulheri!"

"Ai é? A Viz?"

"Oh pá Cosmo, ela é a gigante submissa. Pensa nisso! Acho que até gostava de umas chibatadas nas nádegas."

 
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Buraco tapado por Cosmopolita às 14:07
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Quarta-feira, 26 de Setembro de 2007

"This is fun"

Apesar de estar absolutamente solidária com o Vasco quando ele diz que isto de almoçar com colegas é a maior estucha das rotinas estabelecidas pelos tempos modernos (ele não diz bem isto, mas acho que é isto que quer dizer), e de entender que se tente desesperadamente tornar esses eventos mais interessantes a qualquer custo, nomeadamente à custa de lançar temas politicamente incorrectos e/ou pouco ou nada consensuais, mas  - devo admitir, até porque eu própria utilizo bastante a provocação como reacção ao tédio - quase sempre muitíssimo divertidos, apesar disso, dizia eu, felizmente não é verdade que não haja grandes matemáticos entre as mulheres.
Ada Byron, Condessa de Lovelace, filha de Lord Byron, reconhecida como a primeira programadora de computadores, desenvolveu o algoritmo que permitiu a uma máquina calcular números de Bernoulli.

(info sacada da cunhadinha expatriada na Alemanha, e revista e aumentada pela cunhadinha R. de cá, ora aqui fica um beijinho para as duas).

Fontes, para quem quiser: 1, 2
 
Buraco tapado por Citadina às 15:06
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