Muita gente "bem pensante" detesta o Carnaval. Por simples pedantismo ou trauma efectivo, as máscaras e as palhaçadas afiguram-se-lhes parvas, ridículas e até perigosas.
Pois bem, eu já fui uma dessas pessoas. E, de facto, há que admitir, existe uma quota-parte de patetice em alguém se vestir com trajes que nunca, em circunstâncias normais, usaria em dias de vida e ir desfilar para a rua, sujeitando-se a agressões como sejam ovos, bombinhas de Carnaval, tomates, faltas de educação e outros abusos.
Mas, como em (quase) tudo, o justo acaba por pagar pelo pecador e aquilo que o Carnaval tem de bom é ensombrado pelo que ele tem de nocivo. A crítica social desafiante e mordaz que abana as convenções e os regimes estabelecidos, como aconteceu no episódio de Torres Vedras, é desacreditada como política de intervenção, própria do Entrudo. E a diversão que pode advir de uma noite diferente, criativa e, no entanto, extremamente civilizada, como é o caso da Noite das Matrafonas (ou Matronas, ou Marafonas), também em Torres, é menosprezada.
É pena. Porque nem todas as formas de celebrar o Carnaval em Portugal são suspeitas.
Desde que experimentei, há dois anos, o Carnaval de Torres à sexta-feira à noite, tive - e fi-lo com prazer - de dar a mão à palmatória. O Carnaval não é só uma coisa parva. É também uma excelente oportunidade de nos despirmos de preconceitos e darmos largas à imaginação. E, porventura mais importante que tudo o resto nos tempos que correm, de nos divertirmos a sério e de testarmos se o nosso sentido de humor é abrangente ou apenas presunçoso.
A confirmar-se o que se adianta aqui, ou seja, que a próxima Lesboa está prevista para a noite de Ano Novo, parece-me uma excelente ideia.
Em honra do futuro chumbo parlamentar do próximo dia 10 de Outubro, uma possível leitura política para dress-code branco é haver muita gente que se quer casar e não pode, embora a cor da virgindade ali, seja simbólica, mesmo SÓ simbólica...
Por mim espero que a festa se cubra de todo o espectro de tonalidades e brilho porque a Lesboa está, mais uma vez, de parabéns!
É já na próxima 6ª feira, no belíssimo Pavilhão de Exposições do ISA.
(imagem roubada aqui)
Os bares dos amigos são, à partida, melhores que os outros nem que seja só porque lá toda a gente sabe o nosso nome, como ilustrava aquela velhinha série televisiva.
A Cátia e a Rita não são nossas amigas íntimas. Mas a Cátia e a Rita (e a Mónica e o Lino) recebem-nos no seu bar com um sorriso aberto e um contentamento genuíno e, sim, tratam-nos pelo nosso nome. E sendo assim, porque não falar em amizade?!
Estes quatro cavaleiros de noites apocalípticas embarcaram na aventura de (man)ter um bar no Bairro Alto que não seja só mais um investimento comercial, e que seja, em vez disso, um compromisso pessoal e um projecto de vida. Especulo, claro, em relação às suas apostas e aspirações, mas arrisco fazê-lo por sentir que não ando muito longe da verdade.
Mas fingindo que não os conheço mesmo e que me são indiferentes o calor e o sorriso com que nos recebem, e aplicando toda a objectividade na crítica, assumo que o entusiasmo me invadiu assim que entrei e me apercebi que é permitido fumar no interior. E nem se nota, vos garanto, graças a um eficiente sistema de extracção de fumos.
A ampla porta aberta ajuda, claro, mas, mais do que isso, ela é a metáfora perfeita da noção de que se é bem-vindo e do acolhimento como estandarte de um espaço de convívio.
A decoração é bem conseguida: de um lado, dois grandes nichos rectangulares, harmoniosamente iluminados rasgam a parede branca com linhas elegantes e alojam os fluídos engarrafados que aguçam o apetite da nossa ebriedade.
Do outro, uma combinação de espaços estilizados: um canto molemente sentado para maior recato, uma parede feérica de pele vermelha, a saída discreta para os lavabos.
Ao fundo, uma pequena pista de dança termina numa parede padronizada com figuras heráldicas. Ao meio, no lugar de honra, estende-se o balcão e as cadeiras altas e tudo isto é coroado pelos arcos de pedra da casa original, que foram mantidos.
Dentro do Salto Alto, a principal sensação com que se fica é de que é fácil a circulação e prazeirosa a permanência. O alto pé-direito consubstancia uma atmosfera respirável e uma impressão de amplitude num espaço que, bem vistas as coisas, não é propriamente enorme. Um paradoxo feliz, portanto.
A música é excelente! O critério na escolha não é de sofisticação nem vanguardismo e, felizmente, também não é dado a new waves nem budhas! Creio que é simplemente um critério de familiaridade, de identificação pessoal, de saudosismo talvez, mas o resultado musical é entusiasmante como, de resto, convém a qualquer bar.
E então, vemo-nos por lá um dia destes?
Salto Alto - Rua da Rosa, 159 - Bairro Alto - Lisboa
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