Caricatura tirada daqui
Tem-me deixado fora de mim, de forma proporcional à minha impotência e à impunidade da pessoa em questão, toda esta confusão entre Igreja Católica e Estado português. Aquando da visita do papa, para onde quer que se sintonizasse a TV, era padralhada por tudo quanto é sítio, saias até aos pés, cruzes ao peito e cintos púrpura, terços e ladainhas, e o Presidente de Portugal, eleito por maioria (da qual, t’a livra!, não faço parte), mais a D. Maria, com ar de beata voluntariosa e decidida, que acompanharam todos os momentos da visita do tótó.
Causou-me uma profunda repugnância todo este circo, que me lembrou os tristes tempos da ditadura em que Salazar e Cerejeira andavam de braço dado e vendiam ao povo português que o sofrimento na terra era necessário e solidário com o de Cristo e recompensado com o Paraíso após a morte. Gente atrasada, reaccionária, hipócrita e preconceituosa. Malfeitores do lado do Estado Novo e da Igreja. Como uma vez disse a minha avó a uma freira que nos foi pedir esmola para os pobres: “Pobres, minha senhora, são estas crianças que têm o pai preso pelo crime de pensar! E cúmplice é a igreja que vergonhosamente apoia quem os prende e tortura!”.
Indignação causou-me ainda o facto de ter sido Cavaco a convidar o papa, que só nos veio causar despesas e incómodos ainda por cima numa altura de crise tão grave, e ainda mais o facto de, na despedida deste, ter falado em nome de todos os portugueses para agradecer a dita visita! Que eu saiba, segundo o Censo da ICAR, em Portugal há 2 milhões de católicos em 10 milhões de pessoas, ou seja, representam apenas 20% da população. Que direito tem Cavaco de falar em nome dos 80% que não são católicos? Quem lhe passou procuração para tal e se não a tem, como ousa abusar da sua posição e transformar a maioria da população de um Estado laico em seguidores da ICAR?
Temo que toda esta abusiva atitude de Cavaco esteja relacionada, não só com o seu desmedido desejo de ser reeleito presidente, mas também com a possibilidade de ele vetar esta noite o diploma que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo em Portugal. Hoje, dia Mundial contra a Homofobia, veremos se assim é ou se poderemos finalmente considerar que em Portugal "casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida". Ámen!
Ao ler este post soou-me na mente a campainha da evidência porque o texto da Vieira do Mar resume bem as minhas experiências pessoais no mundo da corte heterossexual (sim, também lá andei, ainda hoje me pergunto a fazer o quê).
Normalmente resisto a generalizar, ou a normativizar, o-homem-sexual-da-minha-geração (e de outras também...), mas se existe alguma coisa parecida com factos empíricos, então estamos perante um. E, turns out, não sou só eu que o digo.
Mais especificamente, este Cro-magnon.
Ide ler, vejam como ainda lhe falta algo de sapiens e como são notórias as saudades de uma boa caverna.
... enquanto penso no jantar, afianço-vos que a Visão desta semana revela que a canção preferida de John Mc Cain é Dancing Queen dos Abba e que tanto ele como Barack Obama são canhotos.
Hã, nem a Sarah Palin consegue ser antropologicamente tão interessante!
PS - A Visão também aconselha que se vá descobrir o pompoarismo ao IV Salão Internacional Erótico de Lisboa. Eu como tenho amigas in high places que já me tinham instruido sobre isso, não vou.
Fala-se muito em química a nível de pele, de sexo e do amor. Diz-se que tem de haver química entre duas pessoas senão a relação não resulta ou pelo menos não é inteiramente satisfatória.
Este tema é muito frequentemente abordado nos dias de hoje e multiplicam-se os estudos sobre estas reacções poderosas e fascinantes. O Murcon refere aqui um deles.
Mas vejamos de que química se trata, na verdade.
Segundo afirma a Dr. Cindy Hazan Cindy Hazan da Universidade Cornell de NY, depois de ter estudado 5000 pessoas de 37 culturas diferentes, os neurotransmissores de maior responsabilidade pelos sentimentos de paixão, desejo e amor são a feniletilamina, dopamina, endorfina, e oxitocina.
Suspeita-se que a produção no cérebro da feniletilamina, neurotransmissor associado à paixão e desejo sexual e responsável pelas sensações e alterações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados, possa ser originada por actos tão simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos.
A produção de dopamina, que promove aparentemente a sensação de prazer e de motivação, pode ser responsável, entre outros efeitos, por estarmos inquietos e agitados, pela falta de apetite, euforia, insónia e o pensamento obsessivo de quem ama. Supõe-se também que o desejo sexual seja incentivado por esta substância, pois a sua quantidade no cérebro é proporcional à intensidade da paixão que se sente.
A endorfina, pelo seu lado estará associada ao prazer, seja ele sexual ou de uma emoção amorosa, e ainda à sensação de se estar a viver um sonho, da saudade da pessoa amada, mesmo quando esta está presente. Apesar de o cérebro não conseguir produzir a endorfina correspondente à paixão e ao desejo durante muito tempo, verificou-se que a sua concentração no cérebro aumenta exponencialmente quando se atinge o orgasmo.
A oxitocina é uma hormona associada, a vários aspectos da vida sexual e afectiva, que se pensa ser responsável pela preferência sexual, pela formação de laços afectivos, pela diminuição de agressividade e aumento do comportamento de responsabilização e protecção, pela entrega e partilha, característicos da relação monogâmica.
As pesquisas da Dra. Helen Fisher, antropologista da Universidade Rutgers, demonstram também que podemos relacionar as diversas étapas de um relacionamento e as respectivas manifestações físicas e emocionais com as substâncias que as originam. Segundo ela o desejo ardente de ter sexo, deve-se a altos níveis de testosterona. Já a fase de atracção (enamoramento, envolvimento emocional e romance) se deve principalmente a altos níveis de dopamina e a baixos níveis de serotonina (que é inversamente proporcional ao aumento das hormonas sexuais). Por último, a fase final de ligação emocional, onde a atracção e toda a loucura é substituída por uma relação segura, monogâmica e duradoura de amor e compromisso, é devida principalmente à oxitocina (esta associada ao aumento de desejo sexual, orgasmo e bem estar em geral).
Recentemente, os cientistas da Universidade de Pavia em Itália concluiram também que a neurotrofina (NGF), uma proteína identificada pela prémio Nobel italiana Rita Levy Montalcino, seria a proteína da paixão e do desejo, estando o aumento dos seus níveis relacionado com os primeiros impulsos do amor romântico e o turbilhão de sentimentos de euforia e dependência que surgem no começo de um relacionamento amoroso e pelas alterações fisiológicas inerentes, tais como a ansiedade e expectativa, o bater descompassado do coração, o suor nas mãos e borboletas na barriga. A produção e níveis de neurotrofina no organismo seriam inversamente proporcionais ao tempo de duração da relação.
No entanto, todos os cientistas são unânimes ao concluir que, embora todas estas substâncias sejam comuns ao organismo dos seres humanos, apenas nas fases iniciais da paixão são encontrados juntos, pois com o tempo o organismo alvo destas substâncias, vai ficando resistente aos efeitos destas, como acontece em geral com qualquer tipo de droga. Em consequência desta habituação, toda a loucura inicial vai desaparecendo gradualmente com o passar do tempo, sendo por isso que a fase ardente da atracção inicial ou paixão não dura para sempre, tem uma duração limitada no tempo, que é, em média de 18 a 30 meses. Após este período o casal ou se separa ou se habitua a manifestações mais calmas de amor, partilhando companheirismo, afecto, tolerância e estabelecendo um compromisso duradouro juntos.
Ou seja, a neurotrofina traz o estado de graça embora de curta duração. Já a oxitocina consolida o estado sem graça, que pode ser eterno, até que a morte nos separe (Tânis Fusco).
Resumindo: a química, ao contrário do que parece ser comum pensar-se, não desaparece com o tempo. Só que há químicas e químicas...
A propósito deste post, deste outro e ainda deste, do qual gostei particularmente, e de muitos outros publicados na blogosfera, achei importante falar a sério da sexualidade feminina, tentando desmistificar alguns dos mitos que sobre ela existem.
Em todas as sociedades há imaginários que são projecções sobre as coisas que as pessoas mais almejam ter ou ser, bem como as frustrações ou medos inerentes. A partir daí constroem-se mitos que nada têm a ver com a realidade. No caso da sexualidade feminina, o estereotipo da mulher ideal corresponde a uma mulher magra, bonita, de cabeleira farta, bem feita, com peito e pernas perfeitas, sedutora, cativante, que tem 20 orgasmos múltiplos numa noite só e que faz o seu parceiro sexual tê-los também. Além disso faz amor ou sexo todos os dias, a qualquer hora e em qualquer sítio ou posição.
Não correspondendo nada disto à realidade (bom, pode ser que haja alguma excepção!), as outras mulheres, quando se comparam com este modelo artificialmente criado, sentem-se obviamente diminuídas e “anormais”, esquecendo-se, como já aqui referi, que a “normalidade” não é mais do que uma estatística representada em curvas de Gauss. E, para não o serem, socialmente e na intimidade, recorrem a todo o tipo de subterfúgios: mentem, fazem sacrifícios insanos, remetem-se ao silêncio sobre si próprias, fingem, etc.
As disfunções sexuais femininas afectam o desejo sexual das mulheres e/ou alteram as respostas psicológicas e fisiológicas do corpo perante estímulos sexuais, causando sofrimento e insatisfação não só na própria mulher, como também no seu parceiro sexual. Há uma série de disfunções sexuais femininas que importa referir. São elas:
Transtornos do desejo sexual:
Transtornos da excitação sexual:
Transtornos do orgasmo:
Transtornos sexuais dolorosos:
Disfunção sexual devida a uma condição médica geral: presença de disfunção sexual clinicamente significativa, considerada exclusivamente decorrente de efeitos orgânicos.
Disfunção sexual induzida por substância: disfunção sexual clinicamente significativa que tem como resultado um acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal, plenamente explicada pelos efeitos fisiológicos directos de uma substância (drogas, medicamentos ou exposição a toxinas).
Disfunção sexual sem outra especificação: disfunções sexuais que não satisfazem os critérios para qualquer disfunção sexual específica.
Num estudo feito pela Sociedade Portuguesa de Andrologia em conjunto com os laboratórios farmacêuticos Pfizer e divulgado em 2006, pode ver-se que mais de metade das mulheres portuguesas (56%) tem algum tipo de disfunção sexual. Dessas, 19% apontavam mesmo problemas graves. Das quatro principais disfunções sexuais femininas identificadas nesse estudo, 35% têm a ver com falta de desejo sexual, 31,6% com dificuldade em atingir o orgasmo ou com a diminuição da excitação ou da lubrificação e 34% com dor ou desconforto durante a relação sexual.
Naquele que Nuno Monteiro Pereira, presidente da SPA, considera ser "o primeiro grande estudo sobre a prevalência de disfunções sexuais femininas", foram analisados dados referentes a 1250 homens e outras tantas mulheres, com idades entre os 18 e 75 anos, o que inclui as pré e as pós-menopáusicas, que se encontram numa fase da vida em que alterações hormonais levam inevitavelmente a algum tipo de disfunção, como a falta de lubrificação vaginal.
Apenas 44% das mulheres portuguesas inquiridas com mais de 18 anos referiram não sofrer de qualquer tipo de disfunção sexual. O Prof. Dr. Nuno Monteiro Pereira explica que “A mulher precisa de contextualizar e de muito mais ingredientes do que o homem. O desejo masculino está dependente de factores físicos e o da mulher depende de muitos mais factores”. "Os números parecem assustadores, uma epidemia de disfunções sexuais, mas a sexualidade feminina é mais complexa que a masculina" e que os valores têm de ser lidos "com cautela".
"As diferenças entre homens e mulheres sempre existiram, temos é de procurar maneiras de as atenuar, para que não se tornem disfunções", diz Monteiro Pereira.
"A sexualidade da mulher está sobretudo na cabeça. É 80% mental", considera a ginecologista Maria do Céu Santo, que fez parte da equipa coordenadora do estudo. É por isso que grande parte da solução passa pela educação sexual - física e psicológica. Isto é aprender a conhecer e a tratar o corpo e aprender a lidar com as fantasias sexuais. Combater a rotina e manter a arte da sedução no casal são os truques aconselhados por esta especialista.
Este estudo põe ainda a nu a diferença que existe entre a realidade da sexualidade feminina e aquilo que os homens pensam sobre ela. Exemplo típico: 32% das mulheres têm dificuldades no orgasmo mas os homens apenas detectam 24% - ou seja, há pelo menos 8% de orgasmos fingidos, de que os homens nem desconfiam. Outro exemplo: na opinião dos homens a prevalência da dor ou desconforto durante a relação sexual é de 23% (quando na verdade é de 34%). O que prova que, antes de mais, estamos perante um problema de comunicação no casal. Isto apesar de 59% das mulheres conversarem sobre esta questão com o seu parceiro e só 55% procurarem um profissional de saúde. Números que podem dar que pensar, dado a maioria dos problemas serem patológicos - físicos ou não -, comentou o psiquiatra Freitas Gomes. "A educação a esse nível ainda é muito restrita em Portugal e o assunto continua a ser tabu em muitos extractos sociais e culturais".
E o que fazem as mulheres para minorar estes problemas? 55% das mulheres consultam um profissional de saúde mas 39% afirmam não fazer nada. O tabu sobre a sexualidade feminina permanece. Quando se lhes pergunta porque é que não consultam um médico, 59% das mulheres dizem acreditar que o problema "vai melhorar por si" e 58% não o consideram relevante para o seu bem estar.
"As mulheres ainda atribuem uma certa normalidade a um mal-estar que não é normal, é patológico", acredita o psiquiatra, em cujo consultório já ouviu muitos desabafos sobre sexualidades falhadas. Mais de mulheres do que de homens, garante. Fugir a falar do assunto, diz Freitas Gomes, é resultado da educação da nossa sociedade. O treino "deveria começar na escola". Somam-se "medo, infelicidade" e uma boa dose de formatação mediática das mentalidades "A informação que passa da relação humana é má, vive da exploração da mulher".
A informação é, de resto, uma das maiores causas a que este especialista liga a disfunção sexual. Antes de mais, quando toca a perceber que a sexualidade para a mulher é diferente daquilo que é para o homem, contrapondo o conceito feminino de afectividade ao masculino de atracção pelo visual. "Fala-se erradamente como se fôssemos iguais. É preciso ensinar a diferença". Acoplada à falta de informação - até para perceber que se está perante uma patologia - surge justamente, segundo o psiquiatra, a falha na comunicação no casal. Quanto às mulheres que se dizem bem como estão, "é fugir à realidade", afirma Freitas Gomes.
Dito tudo isto, penso que nós mulheres, sobretudo as que são homossexuais ou bissexuais, temos obrigação moral e ética de não encarar “o estar na cama” da mesma forma que a encaram certos homens e, pelos vistos, certas mulheres também. Como muito bem comentou a Duca neste post, “Ora, uma das frases da Ela é "E acredita que esta opinião não é só minha…" referindo-se à qualidade, como amante, da mulher com quem tinha estado. Possivelmente, até já teria uma opinião formada antes do encontro sexual. Ora, se em vez de estar a observar, ao detalhe, a performance da outra, com a qual estava demasiado preocupada, porque razão Ela não fez algo para ajudar a outra a dar-lhe prazer? É que a outra, bem ou mal, esforçou-se. Ela, manteve-se na expectativa a observar com um sentido crítico, nada de acordo com o momento, onde a outra errava e sem a ajudar. Resumindo, quem não deve ser grande coisa sexualmente é Ela que se esqueceu que, de facto, it takes two to tango".
Fontes:
www.abcdasaude.com.br; www.cscarnaxide.min-saude.pt; www.diariodigital.sapo.pt; www.dn.sapo.pt; www.hcnet.usp.br; www.ibrasexo.com.br; www.jnsapo.pt; www.destak.pt; www.medicosdeportugal.iol.pt; www.terapiadosexo.com.br; www.ultimahora.publico.clix.pt.
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