Automático. Sem os malditos pontos de embraiagem que me obrigaram um dia, quando a luz de um semáforo ficou verde, com o carro detrás quase encostado ao meu pára-choques e toda a gente a buzinar desalmadamente, a sair do lugar do condutor, e desesperada pedir à perplexa Citadina "Conduz tu, por favor!"
Leio regularmente o blogue do Eduardo. Não só porque sou amiga dele há muitos anos, mas também porque, independentemente da divergência de opiniões que possa haver por vezes entre nós, o acho interessante, factual, equilibrado e muito agradável. Eu, que sou viciada em transportes públicos, por razões económicas, sociais, de logística, de saúde, de ordem ambiental e outras, achei as questões que coloca neste seu post fundamentais.
Qual será o futuro das grandes urbes quando uma boa parte da população decidir, e tiver meios para isso, preterir os transportes públicos e optar por automóvel próprio? Qual será o impacto a nível ambiental através da emissão de CO2 e outros gases, a nível da possibilidade, eficácia e rapidez de circulação de pessoas e bens, de reflexo na saúde pública por aumento da poluição e dos níveis de stress e agressividade das pessoas, na economia a nível do consumo de combustíveis e necessidade de permanente construção de estradas, pontes, parques de estacionamento, silos de automóveis, etc.?
Há muito que acho que os países, os governos, as autarquias, as polícias e todas as entidades relacionadas com o trânsito, a nível mundial, se deveriam reunir e encontrar soluções comuns e eficazes para a solução desta "dor de cabeça", como dizem num certo país africano, onde eu, a pé, fazia em 15 minutos o mesmo percurso que um automóvel levava 50 minutos a fazer.
Ganhávamos todos em todo o mundo. É só olhar à nossa volta e fazer as contas.
O nazi e a mulata: nitidamente enamorados, chamam a atenção por serem os dois muito bonitos, mas sobretudo por formarem um par historicamente inverosímil. É certo que esses tempos já não são, felizmente, mas os estereótipos fixam-se na memória como carraças.
Lá vão eles, na mesma carruagem que eu, todos os fins de tarde. Ele alto e magro, chocantemente mal-educado. Quando se senta - sempre antes dela - esparrama as pernas longas pelo espaço das pernas dos outros sem pudor, licença ou incómodo. Antes com visível desprezo no olhar, quase ameaçador. Ela fica de pé, a fazer-lhe festinhas na cabeça, à espera do próximo assento vago. Ele abandona-se a esse carinho e mergulha numa espécie de torpor de onde emerge de vez em quando para a vigiar, especialmente quando se apercebe que ela está a mexer no telemóvel. Aproveita e distribui um olhar assassino por quem está à volta.
Fisicamente ele é o Ralph Fiennes no seu mais belo, só que ainda mais belo. Os mesmos olhos terríveis e gélidos da Lista de Schindler. Iguais, juro, se os vissem, reconheciam-nos logo.
Ela é doce e quente e tem a tristeza (ou será cansaço?) estampada no olhar.
Quanto se poderá aferir da personalidade de alguém só de a observar?
É sempre bom quando alguém se oferece para acabar com a nossa miséria, neste caso concreto, a nossa falta de tempo em geral e inspiração em particular.
Foi nesse contexto que o Azinhaga da Cidade convidou o seu estimado leitor e assíduo comentador que se assina como Pirata Vermelho a escrever um post e o resultado é este: (palminhas!)
Quanto custa esta linha azul, para Alfa-pendular,
com a via completamente nova
a permitir velocidades superiores a 200kmh?
Muita gente pensa que o lançamento de uma linha Faro-Valença do Minho é inviável por ser muito cara, mas uma linha nova para comboios Alfa-Pendular, de Faro a Valença, importaria em cerca de 650 Milhões de Euros. Então, vejamos,
1
se o TGV é tanto mais rentável quanto maior for a distância e quanto menor for o número de paragens, percebe-se assim e desde já que o TGV seria dificilmente rentável na curta e muito segmentada viagem Lisboa-Porto;
2
sendo Portugal um país pequeno, estreito e curto, onde nada garante uma taxa de ocupação padrão de 80% para troços menores ou iguais a 300km, também por isso a rentabilidade se apresenta duvidosa.
Portanto, sabendo que o custo estimado (fora as derrapagens habituais a que ninguem se opõe mas que eu ajudo a pagar) do projecto TGV é de 3800 M € tudo indica que se deveria lançar uma linha Alfa-Pendular, Faro-Valença do Minho, em vez do exótico e muito caro TGV Lisboa-Porto, uma vez que
1
o custo de lançamento de uma linha nova para pendular é de 1Milhão €uros/km, o que importa em cerca de 650M €,
2
a CP tem mais de dez comboios pendulares que, ao valor actual de cerca de 18M€ cada, permitiria duplicar o numero de composições por um custo de 180M€,
3
o que SOMA - linha nova e vinte e tal comboios pendulares em operação - 830 Milhões de Euros.
Acrescentando 15% para desvios de estimativa, ficaria tudo em menos de 1050M €
ie.
cerca de 3 a 4 vezes menos que o descabido TGV e garantindo velocidades de mais de 200 Kms/h, o que, nas "distâncias portuguesas", seria suficiente para as típicas deslocações profissionais ou de outra natureza.
TGV?
Sim, sim.
Se for o prolongamento de uma das longas linhas europeias de Madrid até cá...
nós contribuimos com faixa de território e parte dos custos entre Elvas e Lisboa.
Se podemos viajar neste óptimo comboio entre Faro e Braga
(neste óptimo ambiente):
porque haveriamos de usar isto para ir de Lisboa ao Porto?
(ganhando apenas 20-30% de tempo e em cabines destas):
Com um custo 3 a 4 vezes menor é possível estender uma linha nova de Faro a Valença do Minho e com o dobro do número de composições agora existentes, de modo a garantir horários e a aumentar a frequência.
JÁ EXISTE LINHA ENTRE FARO E BRAGA
mas
uma linha para Alfa-Pendular completamente nova, entre Faro e Valença do Minho e mais dez comboios Alfa de última geração, a juntar aos já existentes, custa três a quatro vezes menos que o desmesurado 'Projecto TGV' Lisboa-Porto que, além de muito caro, é de rentabilidade incerta devido ao elevado número de paragens, à imprevisível taxa de ocupação e ao traçado crítico da via.
Uma proletária urbana, sentada à minha frente, não gostou de um dos meus acessos de expontaneidade infantil e, perdendo a paciência, interpelou-me da seguinte forma:
"Ouça lá, mas de é que se está para aí a rir?!"
"Não posso dizer."
"Ai, ai, se a parvoíce pagasse imposto!..."
"Ouça, não vale a pena insultar porque eu não me estou a rir de si, OK?"
"Ah não, então está-se a rir de quê?!"
"Só porque eu não tenho razões aparentes para estar morta de riso, isso não implica que o motivo da piada seja a senhora. Já lhe ocorreu que eu posso ser simplesmente maluca?"
"Ai isso é de certeza!"
"Pronto, e os malucos riem-se sozinhos, não é?"
"Parva!" [entredentes]
Conclusão: é muito mal visto, nos dias de hoje, rir sozinha dentro de uma carruagem de Metro (e cantar em voz alta sem estar a pedir trocos deve cair na mesma categoria).
É certo que ser maluca sempre foi mal visto, embora eu ache que a loucura está muito subvalorizada. Mas rir?...
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